O presidente da Associação Paulista de Medicina, José Luiz Gomes do Amaral, participou na última segunda-feira, 10 de abril, da aula magna deste semestre da graduação de Tecnologia em Gestão Hospitalar do Instituto de Ensino Superior da Associação Paulista de Medicina. Ao lado de um time de especialistas, ele agradeceu a oportunidade e deu as boas-vindas aos alunos.
“É uma satisfação dar início a mais um ano letivo no IESAPM e agradeço a presença de todos vocês. A APM é a casa dos médicos em São Paulo e gostaria de acrescentar que, para ter uma Medicina de qualidade, não basta ter boa vontade apenas, é preciso ter ao lado a Ciência e a ética, além de muitas outras ferramentas”, destacou Amaral.
Quem também esteve presente e agradeceu a participação dos alunos, professores e palestrantes foi o diretor Acadêmico do IESAPM, João Luiz de Souza Lima. “Quero agradecer aos palestrantes por terem aceito o nosso convite”, complementou.
O curso superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar do Instituto visa formar tecnólogos em Gestão Hospitalar para, assim, inseri-los no mercado de trabalho com todas as capacidades necessárias para lidar com os diferentes desafios deste setor.
Compromisso com a Qualidade Hospitalar
Na primeira apresentação, o coordenador do Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar, Milton Osaki, falou de um modo geral sobre a iniciativa da APM. Contou como ele surgiu e citou a Joint Commission que, segundo ele, normatizou as rotinas para uma boa qualidade do atendimento no ambiente hospitalar, que reverberou nos Estados Unidos na década de 1980.
Anos depois, entre 1989 e 1990, a Vigilância Sanitária, a Associação Paulista de Medicina e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo iniciaram as discussões sobre o CQH que, na época, chamava Controle da Qualidade Hospitalar, tendo o projeto-piloto sido iniciado em 1991.
Quase 32 anos depois, o programa mudou para Compromisso com a Qualidade Hospitalar, com o objetivo de auxiliar os hospitais, bem como contribuir para melhorar a qualidade em Saúde em função de uma metodologia específica. “Hoje, o CQH tem hospitais na Guatemala e em Moçambique, além dos do Brasil.”
Entre os produtos do programa estão modelo de gestão, cursos, banco de dados, Revista de Administração em Saúde, grupos de benchmarking, projetos de apoio, selo de conformidade e avaliação assistida. “É uma honra estar aqui hoje e agradeço muito a APM pela oportunidade”, disse Osaki.
Liderança em Saúde
O “Papel do Líder” foi tema da segunda palestra da noite, ministrada pelo presidente da Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (Abrampas), Antônio Eduardo Fernandes D’Aguiar. A história da Administração em Saúde foi o primeiro item abordado por ele que, brevemente, citou o surgimento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), precursor da organização da área de Saúde no País, na década de 1970.
Acrescentou, ainda, a criação do Fundo de Apoio do Desenvolvimento Social para financiar a expansão de unidades do setor social, com ênfase na Saúde. D’Aguiar falou também da Lei 6.229/1975, com a criação do Sistema Nacional de Saúde para ordenar as atividades dos diversos ministérios e órgãos regionais relacionados à Saúde.
Em 1983, surgiram os cursos para dirigentes, professores, pesquisadores e profissionais no campo da administração hospitalar. Cinco anos mais tarde, em 1988, ocorre a nova constituição e a estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com o presidente da Abrampas, entender o sistema de Saúde brasileiro – público, privado e terceiro setor –, assim como as agências reguladoras, conhecer a estrutura e os programas de qualidade hospitalar e compreender os determinantes sociais em Saúde estão entre as competências de um líder.
“Sou médico e estou muito feliz de poder participar e conversar com os alunos e professores do IESAPM. Espero, sinceramente, que possamos nos encontrar daqui a alguns anos. Parabéns pela escolha do curso e aproveitem ao máximo”, salientou.
Pós-pandemia de Covid-19
A administradora Teresinha Covas Lisboa fez a última apresentação, sobre o tema “Tendências da Gestão Hospitalar Pós-pandemia de Covid-19”. Na ocasião, ela compartilhou experiências durante a crise sanitária e citou as equipes que tiveram o equilíbrio emocional ameaçado, por conta de perderem pacientes, assim como colegas de profissão.
“Muitas vezes, tendo que lidar com estresse elevado, afastamentos e extensas jornadas de trabalho. Casos com necessidade de retaguarda psicológica e educacional, em busca de enfrentar a crise”, relembrou.
Pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2021, mostrou que as alterações mais comuns citadas pelos profissionais de Saúde foram perturbação do sono (15,8%), irritabilidade, choro frequente e distúrbios em geral (13,6%), incapacidade de relaxar e estresse (11,7%), dificuldade de concentração ou pensamento lento (9,2%), perda de satisfação na carreira ou na vida, tristeza e apatia (9,1%), sensação negativa do futuro, pensamento negativo e suicida (8,3%) e alteração no apetite e do peso (8,1%).
Já no pós-pandemia, Teresinha também dividiu importantes contribuições, entre elas ênfase na educação permanente, revisão dos processos (fluxo do paciente), auditorias e indicadores, atendimento humanizado, Telemedicina, revisão dos planos de contingência e Gestão de Riscos e avaliação.
“Agradeço muito o convite em poder dividir um pouco do meu conhecimento com vocês. Desejo muito sucesso a todos”, finalizou.
Fotos: Reprodução do evento