Nesta terça-feira, 1º de outubro, a Associação Paulista de Medicina (APM) promoveu, de forma híbrida, encontro entre representantes da Saúde dos candidatos à Prefeitura de São Paulo e médicos para discutir propostas de melhorias para o sistema de Saúde da cidade nos próximos quatro anos.
Estiveram presentes Gonzalo Vecina, representante do candidato Guilherme Boulos (PSOL); Luiz Carlos Zamarco, atual secretário da Saúde e representante do candidato Ricardo Nunes (MDB); Milton Steinman, representante da candidata Marina Helena (NOVO); e Paulo Saldiva, representante da candidata Tabata Amaral (PSB). Os representantes de José Luiz Datena e de Pablo Marçal, respectivamente David Uip e Francisco Cardoso, também foram convidados, mas não compareceram devido a compromissos assumidos anteriormente.
O presidente da APM, Antonio José Gonçalves, agradeceu a presença dos representantes dos candidatos e da imprensa, destacando a importância do evento, que foi moderado por Fernando Tallo, diretor de Eventos da APM.
Gonçalves apresentou os médicos que compuseram a mesa dos entrevistadores, incluindo Renato Azevedo Júnior, diretor adjunto de Comunicações da APM, e Akira Ishida, diretor Administrativo da Associação Médica Brasileira. “Hoje, estamos reunidos com os representantes dos candidatos dos partidos com maior representatividade e com melhor desempenho nas pesquisas. Em nome dos médicos paulistas, agradeço a presença dos colegas”, afirmou.
No início do evento, os representantes dos candidatos apresentaram estratégias e prioridades dos planos de Governo, abordando as questões mais urgentes e estruturais do sistema de Saúde da cidade.
Gonzalo Vecina – representante de Guilherme Boulos (PSOL)
“Nosso programa de Saúde é matricial, pois a Saúde é intersetorial. Queremos reduzir as filas, garantir mais médicos especialistas, ampliar o papel da atenção primária e da Saúde digital, além de reforçar a fiscalização dos contratos de Saúde e as parcerias público-privadas. É necessário reconstruir a rede de Saúde mental – este é um aspecto fundamental para a Saúde pública. As articulações matriciais são essenciais com Educação, Cultura, Esporte, lazer, meio ambiente, segurança pública e juventude. Também precisamos atuar nas questões da população em situação de rua e cracolândia, entre outras.”
Luiz Carlos Zamarco – representante de Ricardo Nunes (MDB)
“Já estamos no Governo há algum tempo, e São Paulo é uma cidade que oferecia pouco acesso à Saúde. Na gestão atual, aumentamos as unidades básicas de saúde, passando de 451 para 475, e terminaremos o ano com 479. Teremos mais 25 unidades na próxima gestão. Também investimos na urgência e emergência, criando Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Passamos de 3 para 31 UPAs e, até o fim do ano, teremos 33 unidades. Até o próximo Governo, teremos mais 12 UPAs. A Saúde mental também é prioridade, pois recebemos a cidade com 83 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e hoje temos 103.”
Milton Steinman – representante de Marina Helena (NOVO)
“Temos problemas nas duas principais portas de entrada do sistema de Saúde: a atenção primária e o SAMU. O tempo de resposta do SAMU é de 20 minutos, o que é insuficiente. Precisamos aumentar o número de ambulâncias para reduzir esse tempo. Na atenção primária, é fundamental garantir a qualidade dos médicos, verificando se todos são especialistas e bem formados. Outra questão importante é expandir a Telemedicina ao máximo em toda a cidade, para melhorar o acesso a especialistas. Quanto às filas de exames, nossa proposta é buscar parcerias com a rede privada para reduzir o tempo de espera.”
Paulo Saldiva – representante de Tabata Amaral (PSB)
“O suicídio tem aumentado muito e nós precisamos cuidar da Saúde mental das pessoas, porque é um grande problema. Também nos atentar para mudanças demográficas e preparar para melhorar a assistência do idoso. A obesidade é outro problema, e um estudo realizado nos últimos 20 anos mostrou que o maior número de mortes por diabetes é na faixa etária entre 30 e 39 anos, refletindo talvez a doença da infância. Precisamos preparar o sistema de vigilância, porque certamente virá uma nova pandemia e, principalmente agora, com a realidade climática. Acredito que a cidade de SP será – não só por resolver os seus problemas, mas pela qualidade dos dados que os funcionários da Prefeitura têm – exemplo em outras cidades do Brasil de como lidar com questões de clima e inundações. Melhorou muito, mas ainda vimos recentes episódios.”
Questões prioritárias
A maioria dos representantes dos candidatos destacou a necessidade de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, com a ampliação da cobertura das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), a utilização da Telemedicina para acelerar os atendimentos e reduzir o tempo de espera, e a ampliação dos serviços de saúde mental, principalmente diante do aumento dos casos de suicídio. Também foi abordada a importância da prevenção de futuras pandemias, buscando antecipar crises de Saúde e evitar problemas como os enfrentados durante a pandemia de Covid-19.
Além disso, responderam perguntas sobre temas como cracolândia, filas de espera nos sistemas de Saúde, vacinação, meio ambiente e assuntos relacionados às políticas públicas que afetam a classe médica, como a qualidade do ensino e a abertura desenfreada de novas escolas de Medicina.
O encontro evidenciou que os médicos que assessoram os candidatos reconhecem os desafios do sistema de Saúde municipal e, de modo geral, enfatizam a necessidade de torná-lo mais eficiente e acessível para a população.
Nas considerações finais, o presidente da APM agradeceu novamente a presença dos assessores dos candidatos. “Somos partidários da boa Medicina, da boa prática médica e da assistência de qualidade à população. Estamos à disposição para que possamos, em conjunto, melhorar a condição de Saúde da sociedade e dos nossos médicos”, finalizou Gonçalves.
Para quem não conseguiu assistir ao vivo, é possível conferir no canal oficial da entidade no YouTube.
Texto: Alessandra Sales
Fotos: Alexandre Diniz