Dispositivos para detecção de arritmias são apresentados em Webinar da APM

Desta vez, o encontro foi em parceria com a Regional de São José do Rio Preto

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Na última quarta-feira, 8 de novembro, a Associação Paulista de Medicina realizou mais uma edição de seus webinars. Desta vez, o encontro foi em parceria com a Regional de São José do Rio Preto para tratar sobre o tema “Dispositivos para detecção de arritmias na prevenção de morte”.

O evento foi apresentado pelo presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral; e moderado por Leandro Freitas Colturato e Eduardo Palmegiani, presidente e diretor Científico da Regional, respectivamente. Para conduzir o tema, foi convidado o arritmologista Adalberto Menezes Lorga Filho.

O palestrante iniciou afirmando que o tema que seria tratado é ambíguo, visto que, para os grandes centros urbanos, a facilidade para encontrar métodos para detecção de arritmias tem crescido muito rápido, enquanto em outras regiões do Brasil poucas pessoas têm acesso, chegando a desconhecer até mesmo um eletrocardiograma. Para ele, esta ainda é uma barreira a ser ultrapassada.

Riscos de morte súbita

Adalberto Lorga considerou importante pontuar como ocorrem as evoluções de arritmias cardíacas e mortes súbitas ao longo do ciclo de vida. “Quando lidamos com a população adolescente, que é uma população grande, temos um baixo risco de morte súbita. Mas cada morte que ocorre é muito traumática, pois são pessoas saudáveis e que eventualmente não possuem diagnóstico”, destacou.

De acordo com ele, a cardiomiopatia hipertrófica, a miocardite, as doenças congênitas, as doenças geneticamente determinadas e até a fibrilação ventricular homeopática são algumas das comorbidades que mais atingem este público.

Segundo o especialista, conforme o indivíduo envelhece, mais patologias começam a aparecer. Como pontuou, as doenças isquêmicas são agravantes no quadro de mortes súbitas, especialmente após os 40 anos, mas nesta idade não é tão comum uma pessoa sofrer com isso. Nessas circunstâncias, o número de infartos fulminantes é maior.

“Quando lidamos com pacientes que já têm cardiopatia estrutural diagnosticada, principalmente insuficiência cardíaca avançada, doença coronariana avançada, esse risco pode chegar a níveis de 10, 20, 30% de risco anual de morte súbita na população em idade avançada. No Brasil, atualmente estima-se que tenhamos cerca de 300 mil mortes súbitas todos os anos”, disse.

Adalberto Menezes

Reversão do quadro

O socorro rápido, equipamentos disponíveis e pessoas habilitadas para conduzir esses equipamentos são pontos cruciais para o sucesso na reversão de mortes arrítmicas, conforme afirmou o palestrante. No entanto, nem sempre tais recursos estão disponíveis. “Fazemos campanhas para que tenhamos desfibriladores automáticos externos em todos os locais públicos para que possamos usar, mas é necessário termos pessoas que saibam lidar com eles e sejam rápidas, pois a vida de pacientes arrítmicos depende dessa agilidade”, alertou.

Conforme Lorga, existem pessoas que possuem riscos maiores de sofrerem com doenças cardíacas, como aqueles que já tiveram uma arritmia grave detectada. Ele diz que, nessas pessoas, provavelmente um desfibrilador já tenha sido implantado, mas isso não descarta a possibilidade de ocorrer novamente.

“Nós temos ainda a prevenção primária da morte súbita, ou seja, aquelas pessoas que nunca tiveram uma parada cardíaca abortada, nunca tiveram uma arritmia ventricular que tenha levado a um quadro sincopal, ou até a uma morte súbita abortada; mas são populações de pessoas doentes que estão expostas a um risco muito grande de desenvolver uma arritmia, como aquela população de pessoas com insuficiência cardíaca e disfunção ventricular muito importante. Nesses indivíduos, hoje já temos parâmetros de guideline para que implantemos um desfibrilador; uma vez instalado, esse equipamento faz uma prevenção efetiva da morte súbita dando as descargas elétricas e prevenindo o paciente”, explicou o profissional.

Detecção de arritmia

Conforme Adalberto Lorga, cada vez mais são desenvolvidos dispositivos diferentes com a finalidade de detectar arritmias, sendo que os smartwatches são os mais conhecidos, e são capazes de detectar ritmo irregular, ou até de registro de eletros. Porém, da mesma maneira que ele consegue apresentar um traçado de ótima qualidade para o médico, o algoritmo pode interpretar um ritmo irregular como se fosse fibrilação atrial.

Isso gera um problema muito grande porque o médico não está 24 horas com o paciente, e essas arritmias detectadas e mal diagnosticadas criam transtornos. “Para detecção de irregularidades, temos também os PETs (tomografia por emissão de pósitrons), em que são colocados registros de eletros, facilitando a utilização, normalmente indicado para pessoas que necessitam de um monitoramento constante. Há ainda aplicativos que permitem uma avaliação mais cuidadosa do ritmo; e dispositivos implantáveis que utilizamos na prática clínica e em algumas patologias”, citou o arritmologista.

Por último, ele mencionou que os desfibriladores, os marca-passos e os sincronizadores são equipamentos que além de cumprirem bem as suas funções de estimular o coração e ressincronizá-lo, têm um serviço de deteção e memória muito eficientes. “Por mais simples que sejam, conseguem apenas com o cabo avaliar o que está acontecendo com o ritmo do coração e guardar data e horário na memória”, finalizou.

Imagens: Reprodução Webinar APM