Na última quarta-feira, 4 de outubro, a Associação Paulista de Medicina realizou mais uma edição de seus webinars. O tema abordado durante o encontro foi a “Avaliação do candidato com mobilidade reduzida para motorista” e contou com apresentação do presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral.
Amaral iniciou o evento anunciando e agradecendo o moderador e os palestrantes convidados. Tanto o moderador, Flávio Emir Adura, quanto os palestrantes, Dirceu Diniz e Aquilla Couto, são especialistas em Medicina do Tráfego e membros da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), como explicou ele.
Orientações e conceitos
Dirceu Diniz iniciou a palestra definindo o que seria a deficiência física motora e salientando a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) em relação à inserção dessa parcela da população, objetivando equidade e igualdade. O estatuto diz: “toda e qualquer pessoa que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”
De acordo com o especialista, o profissional de Medicina do Tráfego deve conhecer as legislações e protocolos para orientar pessoas com deficiência na condução de um veículo. Ele citou como exemplos, para estudo e orientação, o respaldo técnico da NBR 14970-1 – documento da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que norteia os especialistas no âmbito da acessibilidade em veículos automotores.
Na dinâmica, foram apresentadas as três etapas de avaliação clínica, que são: a avaliação clínica inicial, a avaliação clínica da Junta Médica Especial e a avaliação clínica durante a prova prática de direção veicular.
Aquilla Couto, por sua vez, forneceu explicações acerca das avaliações clínicas. Segundo ele, a classificação é subdividida, sendo que o primeiro é a deficiência classificada como leve, e o segundo grupo, moderada ou grave. Na primeira, não há comprometimento das funções dos segmentos corpóreos envolvidos na segurança da direção veicular, ao contrário da deficiência moderada ou grave, em que há esse comprometimento.
“Para facilitar o entendimento, vale dizer que a deficiência física leve se limita à amputação de até duas falanges dos dedos, amputação de todos os artelhos, limitação da amplitude de articulação de até dois dedos de cada mão, lesão nos nervos de motricidade, sensibilidade preservada e sequelas de fraturas sem perda de função”, esclareceu.
Por outro lado, o palestrante disse que o outro tipo de deficiência, que deve ser encaminhado para a Junta Médica Especial, tem como exemplos amputação de segmentos de membros corpóreos, perda de amplitude articular, alteração de massa, sequela neurológica, alteração de motricidade sensibilidade, instabilidade articular e doenças progressivas.
Adaptação
Ao abordar a questão da adaptação dos veículos para pessoas com paraplegia ou sem algum dos membros superiores, Diniz salientou que o uso de veículos com transmissão automática é obrigatório. Além disso, é indispensável o uso de empunhadura/pomo no volante, veículo com direção hidráulica, adaptação dos comandos do painel ao volante e utilização de acelerador e freio manual.
“Já a pessoa que tem uma das mãos amputadas não irá conseguir equilibrar uma motocicleta com segurança, por exemplo, e nem conduzir este veículo, pois é necessário o uso das duas mãos sempre. Muitas pessoas, às vezes, querem usar uma prótese, mas isso não é permitido e nem seguro, e é de altíssimo risco”, argumentou o médico do tráfego.
Concluindo o raciocínio, o profissional expôs alguns meios e ajustes necessários para que as pessoas com deficiência em um dos membros inferiores possam ficar habilitadas a conduzir uma moto. “Para pessoas com comprometimento nos membros inferiores, temos opções, como a motocicleta com carro lateral ou triciclo; e até veículos com automação de troca de marchas.”
Fotos: Reprodução Webinar APM