No dia 19 de julho, a Associação Paulista de Medicina lançou a exposição “Os Médicos e a Revolução Constitucionalista de 1932” – uma noite memorável que contou com a presença ilustre da diretoria da APM e de renomados convidados.
Entre eles, Roberto Rodrigues Junior, representando o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Angelo Vattimo; João Tomas do Amaral, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; Lisindo Roberto Coppoli, Antônia Aparecida Quintão e Cristiane Carbone, vice-presidentes do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; Fábio Mikhail Abou Rejaili Siqueira, diretor Fiscal do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; Luiz Roberto Ramos, membro titular da Academia de Medicina de São Paulo e neto de Jairo Ramos, um dos médicos homenageados na exposição; e José D’Amico Bauab, chefe do Centro de Memória Eleitoral.
A diretora Cultural da APM, Cleusa Cascaes Dias, deu início à inauguração da exposição agradecendo a participação de todos, especialmente o empenho dos envolvidos que fizeram a diferença neste projeto. Também lembrou a ausência de Guido Arturo Palomba, diretor Cultural da APM, que não conseguiu comparecer. Na sequência, passou a palavra para o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, que trouxe em seu discurso a celebração dos 92 anos da Revolução de 32, enfatizando a participação de profissionais da Saúde no movimento revolucionário.
“É uma satisfação muito grande estar aqui hoje. Gostaria de agradecer a presença de vocês e dos colaboradores que organizaram este evento. A Revolução Constitucionalista de 32 marca a história do estado de São Paulo. No dia 9 deste mês, celebramos os 92 anos deste notável fato, que foi composto pela participação de célebres profissionais da Saúde – participando do movimento de forma ativa e intensa contra o governo autocrático do então presidente do Brasil, Getúlio Vargas. A Revolução de 32 surge no contexto dos antecedentes políticos pelos quais o País vinha enfrentando. Após a Revolução de 1930, que alçou Vargas à presidência, se iniciou o Governo Provisório, derrubando a Constituição de 1891, vigente até aquele momento. Deste modo, Getúlio visava derrubar as oligarquias, centralizando o poder em suas mãos e reduzindo a autonomia dos estados.”
Gonçalves continuou dizendo que São Paulo foi o estado mais prejudicado diante das novas determinações, já que perdeu o poder político que possuía. “Assim, as insatisfações dos paulistas foram se ampliando, principalmente pelo fato de Getúlio Vargas não atender às reivindicações, dentre elas, a promulgação de uma nova Constituição.”
A Revolução recebeu apoio maciço da população e milhares de cidadãos ao redor do estado se voluntariaram para integrar as forças armadas que estariam na linha de frente do combate na luta por São Paulo. Dentre eles, os médicos Adhemar Pereira de Barros, Carlota Pereira de Queiroz, Darcy Villela Itiberê, Jairo de Almeida Ramos, Jorge Michalany e o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek – este, no entanto, atuando pelas tropas mineiras, do lado oposto ao estado de São Paulo.
“A Revolução Constitucionalista de 1932 e a Associação Paulista de Medicina estão diretamente relacionadas, já que Jairo de Almeida Ramos, um dos médicos combatentes do movimento, foi um dos fundadores da APM, se destacando pela sua ilustre carreira na Medicina e Educação. Além dele, Darcy Itiberê e Jorge Michalany também foram membros de nossa Diretoria. Michalany, por sua vez, foi o fundador do Museu de História da Medicina da APM e esteve presente no movimento como cabo enfermeiro quando tinha apenas 15 anos de idade. Ele é o responsável pela doação da maior parte da memorabília da Revolução, exposta no Museu.”
A mostra conta com itens originais da época e que fazem parte do acervo do Museu de História da Medicina da APM, incluindo fotos, equipamentos e utensílios, além de painéis que explicam a história de alguns dos médicos que atuaram no movimento.
José Luiz Gomes do Amaral, 2º vice-presidente da APM, falou do momento feliz de reunir pessoas tão queridas, entre elas, o seu colega de turma da faculdade, Luiz Roberto Ramos. “Ao falar da Revolução de 32, o que festejar se o estado de São Paulo não saiu vitorioso? No entanto, a resposta é que nós celebramos os ideais que nos reuniam naquele momento e os que nos reúnem até hoje, de forma que eles não se percam. Por isso, precisamos celebrar todos os anos o Dia 9 de julho.”
Luiz Roberto Ramos também falou da emoção de participar do lançamento da exposição que homenageia o seu avô. “Foi muito comovente não apenas pela homenagem ao meu avô, mas por me reunir a colegas como o ex-presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, com quem tive o prazer e a honra de dividir desde o primeiro dia da Medicina. Estou bem emocionado, fotografando e enviando fotos da exposição para o meu único tio vivo, filho do Jairo. Certamente, ele ficará muito feliz em saber que o pai dele foi mais uma vez homenageado.”
A exposição “Os Médicos e a Revolução Constitucionalista de 1932”ficará disponível para visitação gratuita do público de 22 de julho a 20 de setembro de 2024, das 9h às 18h, no Museu de História da Medicina da APM (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 – 5º andar – Bela Vista, São Paulo/SP).
Sobre a Revolução de 1932
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um levante de São Paulo contra o governo autocrático de Getúlio Vargas, com o objetivo de derrubar seu Governo Provisório e convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para promulgar uma nova Constituição. A revolta começou, oficialmente, em 9 de julho de 1932 – considerada a data cívica mais importante do estado de São Paulo. Porém, as forças constitucionalistas foram esmagadas militarmente em 2 de outubro de 1932.
Apesar da derrota militar, algumas das principais reivindicações do movimento foram atendidas por Vargas, posteriormente, como a nomeação de um Governador de Estado não militar, a eleição de uma Assembleia Constituinte e, finalmente, a promulgação de uma nova Constituição em 1934. No entanto, a nova Constituição teve vida curta – em 1937, Vargas fechou o Congresso Nacional e promulgou outra Carta Magna, que estabeleceu o chamado Estado Novo após um golpe de Estado.
Médicos que participaram do movimento
- Juscelino Kubitschek (1902-1976)
- Carlota Pereira de Queiroz (1892-1982)
- Adhemar Pereira de Barros (1901–1969)
- Jairo de Almeida Ramos (1900-1972)
- Jorge Michalany (1916-2012)
- Darcy Villela Itiberê (1906-2008)
Fotos: Alexandre Diniz