A Academia de Medicina de São Paulo (AMSP) realizou, na noite da última terça-feira, 13 de dezembro, a cerimônia de posse de seus novos membros. A solenidade aconteceu no auditório da Associação Paulista de Medicina (APM) e foi conduzida por José Luiz Gomes do Amaral, presidente de ambas as instituições.
Além de Amaral, a mesa de honra foi composta por Marilene Rezende Melo, 1ª tesoureira da AMSP e diretora de Assuntos Científicos da Associação Brasileira de Mulheres Médicas (ABMM); por Akira Ishida, 3º vice-presidente da APM e 1º tesoureiro da Associação Médica Brasileira (AMB); por Paulo Manuel Pêgo Fernandes, secretário geral da AMSP e diretor Científico da APM; e por Antônio José Gonçalves, 2º vice-presidente da APM e secretário geral da AMB.
“Depois de dois anos afastados e nos vendo por telas, é um imenso prazer estar próximo de vocês novamente. Após este longo período de afastamento trágico, em que tivemos que deixar colegas e nos deparamos com inúmeras dificuldades, hoje nos reencontramos, felizes em vermos nossos amigos. O reencontro é uma razão a mais à felicidade que já teríamos em empossar os novos acadêmicos da nossa Academia”, disse o presidente da AMSP e da APM.
Os recipiendários da solenidade foram César Eduardo Fernandes, Cláudio Santili, Eloísa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, José Maria Soares Junior, Magda Maria Sales Carneiro Sampaio, Osmar Monte e Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho – cada um saudado por diferentes acadêmicos. Todos manifestaram a satisfação por poderem adentrar à AMSP em seus discursos e realizaram o juramento de posse da Academia.
“Celebramos hoje a renovação do quadro da Academia de Medicina de São Paulo e a memória daqueles que precedem os não menos ilustres novéis acadêmicos. Agora, escreveremos as novas páginas que cabem à instituição, na história do futuro da Medicina. A vossa eleição a este sodalício representa o quão reconhecidos são os seus méritos, suas qualidades humanas, éticas e científicas. Ser membro da AMSP vai muito além, é mais do que merecida a homenagem aos que estão agraciados, é o início de uma outra fase de relevância ainda maior”, complementou Amaral.
César Eduardo Fernandes
Cadeira nº 120 (patrono Reynaldo Kuntz Busch e antecessora Lygia Busch Iversson)
O acadêmico Florisval Meinão foi responsável por saudar o mais novo membro, que é o atual presidente da Associação Médica Brasileira. Meinão relembrou os grandes feitos de Fernandes, salientando a sua forte atuação acadêmica e, principalmente, associativa, destacando que foi graças à gestão dele que a AMB pôde ser reformulada – recuperando-se financeiramente, modernizando a administração, fortalecendo laços com o Congresso Nacional e contribuindo para restaurar a credibilidade da classe, principalmente no período de pandemia.
De acordo com o novo acadêmico, ao adentrar à AMSP, é fundamental manter em mente os princípios básicos da instituição – que se dividem entre imortalidade, cadeira, patronato, vitaliciedade e critérios democráticos -, relembrando dos nomes marcantes da Medicina paulista que contribuíram para fazer parte da sua história. “A palavra para expressar o meu melhor sentimento neste momento é gratidão. O movimento associativo, sem sombra de dúvidas, me tornou uma pessoa e um médico melhor. Não me falta a consciência da responsabilidade que a partir de agora paira sobre os meus ombros, de empreender todos os esforços para dignificar cada vez mais esta magnífica instituição.”
Cláudio Santili
Cadeira nº 9 (patrono Marcelo Pio da Silva e antecessores Celso Carlos de Campos Guerra e José Vicente Barbosa Corrêa
Em seguida, Walter Manna Albertoni foi chamado ao palco para apresentar o colega de especialidade. O ortopedista, que desenvolveu toda a sua carreira universitária e profissional na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, já foi homenageado diversas vezes por alunos da instituição, além de ter recebido uma série de prêmios e honrarias. Sua relevância científica é inegável, com uma série de publicações científicas em veículos nacionais e internacionais, também tendo ocupado diversos cargos na Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e sendo um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica.
Durante o discurso de posse, Santili homenageou o hematologista Marcelo Pio Silva, seu patrono na Academia, e relembrou os demais ocupantes da cadeira de número 9, destacando a relevância deles para a Medicina nacional. “A importância dessa cadeira é muito grande, tanto no ensino quanto na condução das especialidades e daqueles que a ocuparam. Quem diria que eu, nascido e criado em um pequeno sítio de colonos imigrantes italianos, estaria aqui? Nesta noite eu sou recebido e acolhido por essa entidade médico-cultural de primeira grandeza. Este momento é de muita honra e de muito orgulho para mim”, disse.
Eloísa Silva Dutra de Oliveira Bonfá
Cadeira nº 49 (patrono Raphael Penteado de Barros e antecessor Álvaro Eduardo de Almeida Magalhães)
A saudação da nova acadêmica foi realizada por Marilene Rezende Melo, que rememorou a trajetória de pioneirismo da colega de profissão, destacando a atuação de liderança da reumatologista frente aos atendimentos durante a pandemia de Covid-19, o que lhe rendeu muitos prêmios, como Personalidade do Ano na Área da Saúde. Em setembro deste ano, Eloísa atingiu um novo patamar na carreira, sendo nomeada a primeira diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, após 110 anos de história da instituição.
Ela recordou que a AMSP foi responsável pela criação da FMUSP e que, por coincidência do destino, após mais de 100 anos de história, a colocou como acadêmica no mesmo ano em que foi eleita diretora. “Nesta solenidade, assumo a missão de honrar a cadeira de número 49. Estamos em um momento bastante preocupante com relação às universidades públicas, em que a retenção de talentos está sendo muito comprometida com a falta de atratividade financeira e de infraestrutura. Temos uma janela de oportunidade para tentar reverter esses processos, e eu acredito que a Academia poderá ter um protagonismo importante em fazer a diferença nesses problemas.”
Magda Maria Sales Carneiro Sampaio
Cadeira nº 30 (patrono Antonio Frederico Branco Lefèvre e antecessor Aron Judka Diament)
Linamara Rizzo Battistella foi quem realizou a apresentação da acadêmica empossada. A pediatra, que é natural da capital pernambucana, Recife, construiu em São Paulo uma brilhante carreira, focada em inovação. Dentre suas diversas conquistas, destacam-se a inauguração do Programa de Humanização como disciplina do Departamento de Pediatria da FMUSP; estudo sobre como o leite materno pode evitar doenças alérgicas; e a incorporação da disciplina de Adolescência na grade da graduação; além de ter livros traduzidos para uma série de idiomas, sendo reconhecida como um dos principais pilares do conhecimento em Pediatria no Brasil e na Europa.
Em seu discurso de posse, Magda realçou a importância de ocupar a cadeira de número 30 da Academia, que tem Antonio Frederico Branco Lefèvre como patrono e Aron Judka Diament como antecessor, ambos pioneiros na Neuropediatria e que construíram suas carreiras em parceria. “É uma alegria ser acolhida nesta instituição centenária, que tanto orgulha o estado de São Paulo, local que escolhi para desenvolver minha carreira médica e científica. É uma honra suceder dois grandes mestres da linhagem pediátrica da FMUSP e que deixaram um legado para a Medicina paulista, brasileira e mundial.”
José Maria Soares Junior
Cadeira nº 19 (patrono José Bonifácio Medina e antecessor Carlos Alberto Salvatore)
O acadêmico Edmund Chada Baracat foi quem saudou o mais novo integrante da AMSP. Baracat contou que sempre teve uma relação de proximidade com Soares, devido ao fato de ter acompanhado de perto uma de suas pesquisas durante a pós-graduação. Salientou também que a ocupação da cadeira de número 19 simboliza uma grande conquista para a área da Ginecologia, uma vez que conta com José Bonifácio Medina como patrono, professor da FMUSP e um dos responsáveis pela fundação da Escola Paulista de Medicina.
“Meu patrono e meu antecessor, Carlos Alberto Salvatore, foram professores titulares de Ginecologia na FMUSP, nobre instituição da nossa sociedade, por isso, saúdo a memória deles. O destino permitiu que eu pudesse estar nesta instituição honrada, que é o templo em que se congregam diversos expoentes do conhecimento e do saber em Medicina. Com o coração repleto de esperanças, sou discípulo das minhas responsabilidades e estou sempre tentando solidificar a minha carreira como professor e pesquisador para honrar meus antecessores e ser digno de participar desta ilustre casa. O sentimento de felicidade e gratidão estão muito firmes em minha alma na data de hoje, e é com extrema reverência que ingresso na Academia de Medicina de São Paulo”, manifestou Soares.
Osmar Monte
Cadeira nº 22 (patrono Adolpho Carlos Lindenberg e antecessor Nelson Guimarães Proença)
O novel acadêmico foi saudado por Sônia Maria Rolim Rosa Lima, que destacou a atuação do médico junto à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, mais especificamente na especialidade da Endocrinologia, área à qual dedicou toda a sua carreira médica e acadêmica. Chefiou o departamento de Endocrinologia Pediátrica da instituição, sendo responsável por formar diversos especialistas ao redor do Brasil; reformulou uma série de disciplinas da faculdade; e criou laboratórios, além de ter participado ativamente de campanhas de prevenção e controle do HIV/Aids, principalmente no âmbito do sistema prisional, ao lado da Secretaria de Saúde do Estado.
“Ocupo a cadeira de número 22, que tem como patrono o digníssimo Adolpho Carlos Lindenberg e que foi ocupada por Nelson Guimarães Proença anteriormente. Minha responsabilidade é enorme, tendo em vista elevar e honrar os excelentíssimos membros que me antecederam. Ser um acadêmico significa assumir grande responsabilidade de cumprir com o estatuto e o regimento da Academia, colaborando com o seu crescimento científico e ético. Por coincidência, a cadeira à qual fui designado sempre foi ocupada por médicos do corpo clínico da Santa Casa, e dou sequência a essa tradição. Sou médico por vocação, professor por opção e ser acadêmico é uma grande honra”, relatou.
Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho
Cadeira nº 33 (patrono Antonio Barros de Ulhôa Cintra e antecessor Geraldo Antonio de Medeiros Neto)
Finalizando as posses, Akira Ishida foi quem saudou o recipiendário da cadeira 33, dando destaque à sua atuação médica e acadêmica junto à FMUSP, reconhecida internacionalmente. Barros foi diretor da FMUSP e atuou como presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, além de ter criado o Centro de Atendimento ao Traumatismo Raquimedular, contando com o apoio do governo do estado de São Paulo.
“Essa cadeira tem como patrono Antonio Barros de Ulhôa Cintra e o antecessor Geraldo Antonio de Medeiros Neto, ambos com carreiras brilhantes. É um momento especial, que une o presente e o passado, então todos esses fatores só aumentam o prestígio que eu sinto e a responsabilidade ao tomar posse. Quero dedicar este momento aos meus familiares, pilares fundamentais em minha vida”, disse.
Fotos: Alexandre Diniz/AMSP