Representação na Academia Nacional de Medicina

Eloisá Bonfá e Jorge Kalil foram eleitos membros titulares da entidade em novembro passado

Entrevistas

Fundada em 30 de junho de 1829, a Academia Nacional de Medicina (ANM) é uma das mais importantes instituições para a Medicina e Ciência brasileira, reunindo os maiores nomes da classe em todo o País. Diversos médicos paulistas ou que firmaram suas carreiras no estado já estão entre os titulares, e em novembro de 2022, também foram eleitos Eloisá Silva Dutra de Oliveira Bonfá e Jorge Elias Kalil Filho.

Primeira mulher a dirigir a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e recém-empossada como titular da Academia de Medicina de São Paulo, Eloísa Bonfá ocupará a cadeira nº 11 da ANM, que tem como patrono Antonio Austregésilo Rodrigues Lima e membro antecessor José Rodrigues Coura.

Nascido em Porto Alegre, Jorge Kalil tem contribuído com a Medicina paulista há muitos anos. É professor da FMUSP e tem notável atuação no Instituto do Coração, onde foi presidente, bem como do Instituto Butantan. Na ANM, passou a ocupar, em 24 de março, a cadeira nº 89 (patrono João Moniz Barreto de Aragão e antecessor Roberto Soares de Moura).

O que a eleição para a Academia Nacional de Medicina significa?
ELOÍSA BONFÁ
: A oportunidade de adentrar a Academia Nacional de Medicina representa uma grande honra e uma enorme responsabilidade, ao passo que estarei em um âmbito de representação da Medicina Brasileira.
JORGE KALIL
: Ser parte da Academia Nacional de Medicina significa, sem dúvida alguma, o ápice da carreira. Nós vamos encontrar lá um número reduzido, mas muito seleto, de médicos que tenham contribuído muito para a Medicina nacional. Será um fórum de discussão, amadurecimento, também para pensar no futuro e como é que podemos contribuir. Para mim, é uma honra muito grande ter sido selecionado e tenho sido muito bem recebido pelos membros acadêmicos.

De que maneira esperam atuar junto à ANM e agregar ao legado da instituição?
ELOÍSA BONFÁ
: Espero contribuir com a missão de que a Academia se aperfeiçoe cada vez mais na divulgação da Ciência, compartilhando experiências que possam melhorar a Saúde ao redor de todo o País.
JORGE KALIL: Eu espero atuar na Academia principalmente na área em que tenho mais afinidade, que é a científica, contribuindo em como podemos melhorar, como o Brasil pode ser mais competitivo internacionalmente em termos de conhecimento médico, de desenvolvimento de novas drogas, vacinas, novos tratamentos e como podemos adaptar o conhecimento mundial à Medicina brasileira.

Como surgiu a oportunidade e como foi o processo para se tornarem acadêmicos?
ELOÍSA BONFÁ:
Fui convidada para participar. A honra e o reconhecimento de receber este convite são muito grandes. Todo o processo envolve uma série de visitas aos acadêmicos, o que se define como uma experiência muito enriquecedora de aprendizado e troca de experiências.
JORGE KALIL: Há muitos anos, vários acadêmicos me convidavam para participar e eu achava que ainda não era o momento, estava muito ocupado nas minhas funções e não tinha tempo de cumprir o ritual, que é muito rico, em que visitamos todos os acadêmicos. Os últimos presidentes me convidaram e foi através desses convites e do incentivo deles que eu realmente me inscrevi. A oportunidade real surgiu quando Roberto Soares de Moura se tornou acadêmico emérito e abriu uma vaga na seção de Ciências Aplicadas da Medicina. Me candidatei e tive um número de votos muito expressivo, o que me deixou muito feliz.

Na sua opinião, qual é o papel da ANM e o que ela representa para a classe médica?
ELOÍSA BONFÁ:
A Academia tem na sua essência o respeito pela Medicina e pela Ciência. Desta forma, tem um papel de protagonismo muito importante na divulgação de conhecimento, bem como de contribuição para que as políticas possam aprimorar a qualidade da Saúde em todo o Brasil.
JORGE KALIL: A Academia Nacional de Medicina representa uma seleção de profissionais que tiveram sucesso na sua carreira e que se dispõem a se encontrar e discutir temas relevantes para a Medicina em um nível bastante elevado. Acredito que ela é percebida pela comunidade médica nacional desta forma, são pessoas muito respeitadas que pertencem à ANM, que emitem suas opiniões e discutem assuntos relevantes para a nossa classe. Ela poderá também se posicionar frente a questões relevantes da Medicina e, inclusive, opinar sobre políticas públicas de Saúde.

De que forma a história da Academia contribuiu para consolidar a Medicina brasileira?
ELOÍSA BONFÁ:
A história da Academia está refletida em seus patronos e no Imperador Dom Pedro II, ou seja, em suas raízes. Ele frequentou por 50 anos as sessões da instituição, demonstrando assim a relevância de se ouvir a Ciência para o direcionamento das políticas de Saúde no País.
JORGE KALIL: A Academia é um lugar em que frequentemente representamos o Brasil em fóruns internacionais, ou seja, em outras academias e reuniões, levando a experiência brasileira, que é de excelente qualidade. Acredito que nós temos que buscar constantemente uma forma de levar a boa Medicina a todas as camadas da população brasileira, consolidando o SUS, que é tão importante. A história da Academia é um marco em termos de manter uma linha de atuação sempre bastante coerente e sempre em prol da Medicina.

Qual a importância de representar a Medicina de São Paulo em uma entidade de nível nacional?
ELOÍSA BONFÁ:
A importância desta representação envolve poder ter um protagonismo na divulgação da Ciência e contribuir em questões relacionadas à promoção da saúde pública e da educação médica.
JORGE KALIL: Representar São Paulo, que tem uma Medicina reconhecida nacional e internacionalmente, em uma entidade deste porte, é algo muito importante. Somos polo de formação para médicos de excelência para todo o Brasil e muito me honra estar entre os profissionais do estado. Há muito a ser feito, e a Academia é uma boa forma de expansão deste tipo de conhecimento.

Publicada na edição 736 – Março/Abril de 2023 da Revista da APM
Fotos: Academia Nacional de Medicina | André Seiti