Transmissão da dengue, chikungunya e zika por transfusão de sangue

Estamos bastante incomodados e preocupados porque quatro arboviroses vigoram, concomitantemente, aqui no Brasil.

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São doenças conduzidas por artrópodes e o transmissor de todas é o Aedes Aegypti. Ele encontrou condição extremamente favorável para sobreviver, procriando amplamente.

Eis as quatro: febre amarela, dengue, chikungunya e zika. A primeira tem características diferentes, existindo presentemente como doença silvestre. Já foi urbana e debelada. Em cidades, depende da atividade do Aedes e de fato tememos que o agente etiológico chegue a setores propícios para instalar-se. A enfermidade é gravíssima. Há emprego de vacina eficaz, valorizando o perigo de acordo com a realidade agora.

As demais têm vínculo com aparências clínicas semelhantes na fase aguda, mas detalhes fazem distinções. A dengue já é nossa velha conhecida. A parceria com o Aedes, mosquito valente e dotado de perspicácia, muito pouco vem sofrendo com pelejas de combate. Não são imbatíveis e sabemos disso, desde que enfrentados constantemente e de forma certa. Da virose, certos agravamentos desassossegam mais: o choque e hemorragias.

A chikungunya e a zika provieram há pouco. Imitando a dengue, por vezes quanto aos acometimentos são pouco expressivas, motivando, respectivamente, dano articular que pode evoluir para cronificação, e lesões no sistema nervoso central, traduzidas pela microcefalia e síndrome de Guillain-Barré, entre outras.

Solução básica, efetiva, urgente e permanente é o embate contra o Aedes, infelizmente dominado por comodismo e complacência, a despeito da presença de enormes circunstâncias aliadas ao grande responsável pela difusão dessas epidemias.

Transmissão por transfusão

Acreditamos que a introdução simples facilite a aventada passagem dos arbovírus por transfusão de sangue. No contexto das três infecções consideradas, começaram a despontar novidades, parecendo peripécias, se lembrado o que é ineditismo: transmissões por relacionamento sexual e hemoterapia.

Começamos com o ensino de que qualquer agente infeccioso existente no sangue, transitória ou permanentemente, sustenta o risco de contaminação por transfusão. Impõe-se que talvez venha a ser necessária prevenção. Então, gestores de saúde pública, a vigilância epidemiológica e pesquisadores devem possuir condições para fornecer esclarecimentos e, quiçá, elaborar normas.

É imperioso determinar o tipo de doador a exigir triagem, definir prioridades se for conveniente, escolher a prova para utilizar, a preferência para escolher apenas os que estão em fase aguda, incluir ou não o decidido na lei do sangue e instituir penalidades caso ocorra mau cumprimento do estabelecido.

Informam que bem depressa produzirão testes de rápida execução capaz de abranger a trinca de arbovírus.

Boa notícia. Aguardamos o sucesso. Perigosíssimo é o doador em fase aguda dos incômodos. Muito provavelmente não comparecerão e o diagnóstico depende de técnica molecular, pouco viável ou disponível na ocasião. Ele abrigam grandes quantidades de vírus.

Testes realizados com soros ajudam bastante, epidemiologicamente, onde existem as viroses e são citados alguns com disponibilidade escassa para prestar assistência médica, imprescindível e habitual, para pessoas provavelmente acometidas, inexistindo, em geral, satisfatórios esclarecimentos sobre interpretação.

Convém verificar se a positividade sorológica confirma grave inconveniente e vale comparação com o que se faz na profilaxia com outras infecções. Será indesculpável formular conduta sem conhecer suficientemente os dados basilares que sustentarão casual deliberação. O tema é novo e demanda cautela.

Para boa hemoterapia, estão respeitadas premissas preventivas adequadas e bem respaldadas por alicerces. A adição de recém-chegados transtornos precisa também de ação criteriosa. Finalizamos com presságio de tom grotesco: a rigorosa identificação de doadores perigosos defende receptores; estes, porém, no ambiente encontrar-se-ão com o Aedes.

Vicente Amato Neto e Jacyr Pasternak, professores universitários com especialização em clínica de doenças infecciosas e parasitárias

Por: Vicente Amato Neto e Jacyr Pasternak