MARÇO, MÊS DA MULHER, momento de comemorar e refletir. O Dia da Mulher muitas vezes tem sido utilizado como um momento de homenagear as mulheres mas, mais do que isso, deve ser uma oportunidade de reconhecer as vitórias pela igualdade de gênero e pela conquista de espaço na sociedade.
Com muita luta, dedicação e força para encarar conceitos ultrapassados e preconceitos, tem-se diminuído as diferenças de gênero. Do direito ao voto, em 1932, conquistamos visibilidade no universo público, reconhecimento no campo privado e voz nas universidades.
Há batalhas cujas vitórias ainda são incipientes, como a luta contra a violência doméstica. Por outro lado, nosso crescimento nos campos político e administrativo é evidente. O reconhecimento à nossa competência tem crescido a cada dia, porém, são enormes os desafios que nos restam para um dia podermos falar que, de fato, chegamos à igualdade de oportunidades.
Dados do Ministério do Trabalho, com base em 2016, apontam que, em funções semelhantes, as brasileiras recebem 84% do salário dos homens. É importante dizer que a desigualdade de gênero não é exclusiva de nosso País ou de nossa profissão, tanto que esse é um dos itens apontados dentre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030.
O quinto objetivo refere-se a “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Neste sentido, o caminho ainda é longo. Se a cada dia temos mais mulheres em posição de comando, ainda podemos considerar que em número percentuais ocupamos uma parcela muito pequena destes postos.
Na Medicina, desde 2009, o número de registros de mulheres nos Conselhos tem sido maior do que os dos homens médicos. Na minha especialidade, Obstetrícia e Ginecologia, há tempos somos em maior número, assim como em outras áreas de suma relevância aos cuidados do ser humano.
Como primeira mulher a assumir a presidência da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, a Sogesp, acredito ser importante esta reflexão. A alma e a sensibilidade femininas, assim como a competência que temos demonstrado, nos permite ter certeza que podemos contribuir para a construção de um mundo melhor para todos, no qual exista a igualdade de oportunidades para homens e mulheres.
Parabéns a todas as mulheres médicas!
Rossana Pulcineli Vieira Francisco é presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp)
Artigo publicado na Revista da APM 697 – março 2018
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