Resiliência, inventividade e sobrevivência – qualidades muitas vezes atribuídas a grandes médicos – refletem qualidades que emanam primeiro daqueles que lutam contra as doenças e só então espelham aqueles que as tratam.”
– Siddhartha Mukherjee
Era uma vez, um índice de ações conhecido como S&P 500, abreviação de Standard & Poor’s 500, composto pelas quinhentas maiores e mais líquidas ações cotadas nas bolsas americanas. Este índice vinha desde 2016 surpreendendo positivamente os analistas. As empresas americanas experimentaram uma vigorosa valorização. Na mesma forma, a treasury yield, a taxa de juros efetiva que o governo americano paga nas suas obrigações, estava em equilíbrio. E o mundo florescia.
Então, o inimaginável aconteceu. Algo que nem mesmo Hollywood ousou a vislumbrar. Um vírus contagioso e letal, fez com que o mundo parasse. Uma crise sanitária global levou governos e empresas a enfrentarem desafios épicos.
Buscando salvar o paciente, paramos o coração da economia. Induzimos as atividades produtivas à hipotermia profunda. Reduzimos a resposta metabólica econômica, esfriamos as cadeias produtivas, restringimos circulação de pessoas e bens durante todo o período isquêmico da parada circulatória global.
Não tínhamos dimensão do que encontraríamos ou enfrentaríamos durante o procedimento, queríamos ter evitado as diversas alterações orgânicas e inicialmente esperávamos um processo mais célere, mas ondas sucessivas de mutações do Vírus, exigiram dos governos, das empresas e das pessoas um esforço ainda maior.
Porém, era preciso restabelecer a reperfusão. Foram injetadas somas astronômicas de recursos na economia, taxas de juros foram reduzidas, programas de auxílio implementados globalmente. Buscava a todo custo evitar danos aos organismos. Mas, ao contrário da cirurgia cardíaca onde quanto menor a temperatura, maior o tempo que é possível ficar em parada circulatória com segurança, em termos econômicos isto não se verifica.
O capitalismo necessita do oxigênio da produção e das trocas comerciais. As restrições a circulação de pessoas e mercadorias impactaram de forma profunda o tênue equilíbrio global. Era necessário reaquecer o paciente. Mas os agentes econômicos, não conheciam ou não tinham, como avaliar os desfechos de um reaquecimento agressivo. A economia reagiu e com as cadeias produtivas desorganizadas veio a inflação.
O mundo ainda não tinha enfrentado uma saída de circulação extracorpórea desta magnitude. Acreditavam ser um fenômeno transitório, porém ela se comprovou um efeito adverso real. Assim,
os governos, através dos seus bancos centrais, lançam mão de políticas monetárias e fiscais para tentar minimizar a inflação.
O remédio amargo para este mal, são juros mais altos no mundo todo e um aumento geral da volatilidade. Tal qual um paciente que se recupera de algo traumático, haverá dias difíceis e dias melhores. A recuperação será longa, trabalhosa e possivelmente dolorosa, mas o prognóstico é favorável.
Durante este curso haverá oportunidades e nos sobreviveremos a mais este desafio. Tenha ao seu lado um corpo clínico adequado.
Vem ser Nobel, aqui falamos sua língua!
Roberta Figueira tem 28 anos de carreira, com passagens por grandes bancos do mercado, como CCF, HSBC, Merril Lynch, UBS e Safra. Tem experiência em Gestão de Operações, Valores Imobiliários, Gestão de Ativos e Fundo de Fundos. É planejadora financeira com certificação internacional CFP®, aderindo assim ao código de ética e conduta da profissão com padrão internacional. Em 2022, conquistou o exclusivo selo de Assessoria Private Wealth Planning pela XP Investimentos.