Palavra do Presidente – 90 anos de APM

O legado deixado pelos tantos e tão bons predecessores que tivemos nos traz a obrigação de seguir adiante. Temos, por eles, o caminho iluminado e o exemplo edificante. Em 2020, as dificuldades que nos cercam têm sido imensas. Sim, mas imensas também são as oportunidades de desenvolvimento.

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O legado deixado pelos tantos e tão bons predecessores que tivemos nos traz a obrigação de seguir adiante. Temos, por eles, o caminho iluminado e o exemplo edificante. Em 2020, as dificuldades que nos cercam têm sido imensas. Sim, mas imensas também são as oportunidades de desenvolvimento.

No alvorecer dos 90 anos da nossa Associação Paulista de Medicina, nos vemos atingidos por uma pandemia que, a essa altura, a continuar neste trágico passo, nos terá ceifado em um ano, no mundo, cerca de 1,5 milhão de vidas. No Brasil, vamos em direção de duas centenas de milhares, 50.000 delas em nosso estado de São Paulo.

O ônus socioeconômico associado ao desastre sanitário é estimado em 14,1 milhões de desempregados. No terceiro trimestre de 2020, a taxa de desemprego alcançava 14,6% e há projeções para 2021 apontando 17%.

O sistema de saúde encontra-se hoje esgotado e sem perspectivas de financiamento. Nesse cenário de sombras, porém, é possível entrever esperança na determinação e resiliência de nossa sociedade. Ainda que exaustos física e emocionalmente, os médicos não dão sinal de que possam vir a abandonar suas posições. Pelo contrário, têm sido grandes os avanços no campo da ciência e da assistência.

Tem-se a nítida consciência do quanto resta a conhecer da Covid-19, mas as informações certamente virão, à medida em que as pesquisas se multipliquem em volume e qualidade. Temos aprendido muito, seja com os acertos, seja com os erros. Vacinas que nos custavam anos a desenvolver, hoje são rápida e adequadamente testadas. Enquanto o ritmo das pesquisas anima quanto à possibilidade de tratamento específico, as alternativas de cuidado e manutenção da vida vêm a mitigar o impacto da doença entre os afetados.

Ainda melhor, novas alternativas e formas de enfrentamento desta doença se incorporam à prática clínica e serão certamente estendidas aos vários campos da atenção médica, fazendo-nos muito melhores.

Tanto esforço não será em vão. Da tragédia nascerá o progresso. Devemos isso aos que perdemos. Não foram sacrificados em vão. Cabe-nos superar as dificuldades do momento, e nós o faremos. Como nos mostraram possível fazê-lo, os tantos que nos prepararam para tal.

Se hoje, as obrigatórias medidas de afastamento social nos impedem de reunirmo-nos, mostrando no sorriso aberto a felicidade dos encontros, estaremos abraçados no centenário, a celebrar termos vencido os desafios do presente.

Ao futuro!

José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina