Mulheres médicas na liderança

Por Diana Lara Pinto de Santana, neurocirurgiã e diretora de Serviços aos Associados da APM

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Minha trajetória na Medicina reflete a realidade de muitas mulheres médicas brasileiras, que equilibram família e carreira enfrentando desafios diários. Após seis anos de graduação em Medicina, passei por cinco anos de residência em Neurocirurgia, seguidos de um Doutorado e agora me dedicando ao pós-doutorado.

Como neurocirurgiã, mãe de gêmeos, mulher negra e diretora de Serviços aos Associados na APM, entendo na prática que conciliar vida pessoal e carreira intensa é um desafio constante. Não é fácil, mas é possível com rede de apoio e determinação. Minha história, assim como a de tantas outras, mostra que podemos ocupar espaços de liderança na Medicina e conciliar esses papéis.

A trajetória das mulheres no mercado de trabalho e na Medicina é marcada por avanços significativos, mas ainda há desafios importantes. No início do século XX, a participação feminina era limitada, com as mulheres ocupando, em sua maioria, posições de baixa remuneração e prestígio. Com o tempo, especialmente após as Guerras Mundiais, essa realidade começou a mudar, e mais mulheres ingressaram no mercado, assumindo o papel de chefes de família e provedoras.

Na Medicina, essa evolução foi semelhante. Na década de 1970, as mulheres representavam apenas 10% a 15% dos médicos no Brasil. Hoje, esse número subiu para 50%, e entre as novas gerações de profissionais, as mulheres já são maioria. No entanto, ainda existem lacunas: as áreas cirúrgicas e os cargos de liderança e de chefia permanecem dominados por homens, e a diferença salarial entre os gêneros persiste.

A participação feminina no associativismo médico é essencial para promover mudanças significativas. Quando mais mulheres ocupam posições de liderança, mais discutimos equidade de gênero, qualidade de vida no trabalho e valorização profissional. O associativismo fortalece nossa voz, constrói redes de apoio, abre possibilidades de novas conexões e nos permite avançar em representatividade.

O novo perfil da mulher na Medicina vai além do cuidado clínico. Ele envolve um espírito colaborativo e a busca constante por transformar realidades. Como cirurgiãs, mães e líderes, seguimos construindo um futuro mais justo e inclusivo para as próximas gerações. Convido todas as mulheres a se juntarem a essa jornada, participando ativamente do associativismo, pois juntas podemos alcançar muito mais.

Foto: Arquivo pessoal

Publicado na edição 746 da Revista da APM – set/out 2024