Hipertensão na gestação: Desafio para os médicos

A Hipertensão Arterial pode atingir as mulheres em qualquer fase da vida, inclusive durante a gestação, sendo a principal causa de morte materna tanto no Brasil quanto no mundo. Para o andamento tranquilo de uma gravidez, um dos pontos indispensáveis é o pré-natal desde o início, com um bom controle da pressão arterial.

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A Hipertensão Arterial pode atingir as mulheres em qualquer fase da vida, inclusive durante a gestação, sendo a principal causa de morte materna tanto no Brasil quanto no mundo. Para o andamento tranquilo de uma gravidez, um dos pontos indispensáveis é o pré-natal desde o início, com um bom controle da pressão arterial.

É essencial ainda que a futura mãe receba orientações médicas de quais hábitos saudáveis deve adotar como forma de prevenção para a ocorrência de hipertensão.

É importante destacar que a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia podem acometer também mães que não eram hipertensas antes da gestação, principalmente mulheres obesas, diabéticas e com antecedentes de hipertensão na família. As complicações da hipertensão na gestação são responsáveis por 15% das mortes maternas no País, algo equivalente a uma morte materna por dia.

Estima-se que, em nações desenvolvidas, entre 2% a 8% das gestações sejam impactadas com a doença e suas complicações. No Brasil, a incidência pode chegar a 10%. O diagnóstico precoce e correto deve ser feito pelo obstetra, e os cuidados necessários para um bom controle da pressão têm de ser iniciados imediatamente. Ao menor sinal de alerta, é indicado o encaminhamento para uma unidade especializada.

Uma hipertensão não controlada pode levar a complicações e prejuízos para o feto, como seu desenvolvimento inadequado, levando inclusive o bebê a nascer abaixo do peso ideal e prematuro.

Contudo, mesmo diante de todas essas eventuais dificuldades, é possível ter uma gestação sem intercorrências, desde que seguidas as recomendações médicas. Com a pressão da mãe bem controlada, a criança poderá nascer saudável, no tempo certo e sem sequelas.

Além dos cuidados durante a gestação, as mulheres que apresentem préeclâmpsia ou eclâmpsia, ou mesmo aquelas já hipertensas desde o início ou antes da gestação, devem receber acompanhamento especial após o nascimento do bebê.

Há várias evidências atualmente de que elas têm maior probabilidade de infarto, de acidente vascular cerebral no futuro e até de complicações da hipertensão. Outro detalhe relevante é que os bebês de gestações de mulheres hipertensas também têm maior possiblidade de se tornarem hipertensos.

Tendo esses fatores em vista, a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) realizará, entre 26 de abril e 17 de maio, a campanha Meça sua Pressão, que em 2019 recebe o slogan “Menos Pressão nas Mulheres”.

É um dever de todos os médicos e de suas entidades representativas participar efetivamente de toda e qualquer ação direcionada à promoção e à prevenção da saúde. Só assim inverteremos as prioridades das políticas de assistência no Brasil, focando a atenção primária e reduzindo a incidência de males absolutamente previsíveis e evitáveis.

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Luiz Bortolotto é cardiologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão 

Artigo publicado na edição 709 da Revista da APM – abr/2019