A IGUALDADE DE GÊNERO, com investimento em serviços e infraestrutura que atendam às necessidades de mulheres e meninas, é essencial para um mundo em que todas as mulheres alcancem os mais altos padrões de saúde física, mental, reprodutiva e sexual ao longo de suas vidas.
Observe o caso da contracepção. Ainda é amplamente vista como uma responsabilidade da mulher na maioria dos países. O desfecho de uma gestação não planejada recai na maior parte das vezes sobre elas.
Quando falamos de educação como uma ferramenta para a igualdade, precisamos considerar que tipo de educação será garantida caso uma adolescente de 14 anos gestar, e como será o futuro dela. Lembro-me de quando era residente e achava que a gravidez na adolescência seria coisa do passado em um futuro próximo. Infelizmente é realidade, um problema do presente.
Uma garota precisa ter formação e conscientização, então ela terá um futuro melhor para si mesma. Considero que a qualidade ou falta da educação é o nosso principal problema no Brasil. Deveria ser uma prioridade em todas as pequenas ou grandes cidades e em áreas rurais do País.
Temos um quadro particular no Brasil – o acesso a serviços públicos pode ser amplamente limitado dependendo da região -, e nossa diferença é econômica, mais do que de gênero. Na verdade, em geral, as mulheres procuram a saúde básica e a Medicina preventiva com mais frequên- cia do que os homens. Infelizmente, nossos recursos financeiros são limitados e ainda há um número de mulheres e homens que não estão alcançando facilmente o atendimento público primário, secundário e terciário.
A Febrasgo realizou recentemente grande pesquisa com o Instituto Datafolha sobre a satisfação das mulheres com o médico gineco-obstetra. Mais de mil mulheres foram entrevistadas em mais de 120 cidades. 78% disseram ter visitado um especialista no ano anterior. Estamos muito orgulhosos porque, mesmo no sistema público, 80% estavam satisfeitas ou muito satisfeitas com os cuidados do médico gineco-obstetra.
Mas esses resultados também mostram que ainda há muitas mulheres brasileiras que não têm acesso à saúde pública: 30%, principalmente em áreas rurais, tiveram dificuldade em chegar a um especialista.
Por isso, a Febrasgo está envolvida em campanhas voltadas especialmente para as faixas socialmente vulneráveis, juntamente com o trabalho de melhoria do acesso aos serviços públicos de saúde, para influenciar positivamente essa situação.
Nosso objetivo é alcançar a Cobertura Universal de Saúde. Todas as meninas ou mulheres do País devem ter acesso aos cuidados primários: contracepção, prevenção de câncer, assistência pré-natal e partos em ambientes de atendimento respeitosos e de alta qualidade.
Maria Celeste Osorio Wender é vice-presidente da Febrasgo – Região Sul
Publicado na edição 708 da Revista da APM – março/2019