A Organização Mundial da Saúde só considerou o sedentarismo um fator de risco em 1992, ou seja, faz pouco tempo que essa causa foi assumida como uma questão social pela principal agência do mundo. Naquela mesma década, a situação também foi reconhecida em São Paulo, quando cerca de 70% dos paulistas eram sedentários.
É claro que colesterol alto, diabetes, obesidade e hipertensão matam, mas o sedentarismo mata mais. Além da grande prevalência, a segunda causa de morte no mundo é o mais custoso de todos os fatores de risco. No entanto, não há sensibilização significativa.
Isso ocorre porque muitas pessoas não sabem que a atividade física tem um impacto geral em todo nosso corpo. Um pouco de exercício diário reduz em 34% o risco de infarto do miocárdio. Se feito regularmente, reduz em 54% o risco de infarto.
Quanto mais corre ou anda, menos pneumonia tem, menor a quantidade de doenças respiratórias… Não é só para a saúde física. Estudos apontam que apenas a caminhada reduz em 41% o quadro de Alzheimer.
E qual é a mensagem do Agita São Paulo, lançado em 1996 com o objetivo de combater o sedentarismo no estado paulista? Temos uma pílula mágica chamada atividade física, com apenas uma conduta médica, uma posologia. Ao pedir isso para o seu paciente, ele vai reduzir o quadro de diabetes, hipertensão, infarto, colesterol, osteoporose, etc.
Pelo menos 30 minutos de atividade física, se possível todos os dias, de forma moderada e de maneira contínua ou acumulada, pois afinal: todo passo conta! Se for obeso, crianças e adolescentes, recomenda- se 60 minutos de prática; para aqueles que gostam de fazer atividade física intensa, 75 minutos.
Trabalhamos com profissionais de núcleos do esporte, da educação, da saúde, do planejamento urbano, do turismo, do meio ambiente, de habitação e do transporte que são todos os grandes intérpretes sociais que envolvem o comportamento. Temos 530 parceiros, inclusive a Associação Paulista de Medicina, uma das primeiras apoiadoras do programa.
Entre um paciente e outro, até o médico pode andar 5 minutos, e ao final do dia já terá se movimentado bastante. É isso que o Agita faz: não queremos levar ninguém à academia ou coisa assim; queremos, simplesmente, que as pessoas se convençam que vida ativa é mais feliz, é mais saudável. É esse o nosso propósito.
Temos uma pílula mágica chamada atividade física, com apenas uma conduta médica, uma posologia
Victor Matsudo é coordenador geral do Programa Agita São Paulo, consultor do Grupo Internacional de Atividade Física para Saúde da OMS e vice-presidente e diretor para a América Latina do Conselho Internacional de Ciências do Esporte e Educação Física (ICSSPE/CIEPSS), órgão da Unesco.