Com apoio da APM, AMB lança Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19

Em coletiva de imprensa virtual realizada na manhã desta segunda-feira (15), a Associação Médica Brasileira lançou o Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM), que visa acompanhar permanentemente a pandemia em todo o território nacional, bem com as ações dos órgãos responsáveis pela saúde pública. A iniciativa é apoiada pelas 54 Sociedades de Especialidades e 27 Federadas AMB, entre as quais a Associação Paulista de Medicina (APM).

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Em coletiva de imprensa virtual realizada na manhã desta segunda-feira (15), a Associação Médica Brasileira lançou o Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM), que visa acompanhar permanentemente a pandemia em todo o território nacional, bem com as ações dos órgãos responsáveis pela saúde pública. A iniciativa é apoiada pelas 54 Sociedades de Especialidades e 27 Federadas AMB, entre as quais a Associação Paulista de Medicina (APM).

“Neste momento, não podíamos deixar de nos posicionar com absoluta clareza frente ao cenário mundial, extremamente frágil, para dizer qual é o nosso papel. Lembrando que a gestão das políticas de Saúde não está em nossas mãos, portanto, queremos ser críticos e ao mesmo tempo propositivos, tanto para informar a população como para alimentar os gestores de Saúde”, explicou o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, abrindo a coletiva.

Na sequência, ele fez uma breve exposição cronológica da pandemia desde o surgimento do primeiro caso de infecção pelo vírus Sars-Cov-2 no Brasil, em fevereiro de 2020. Em dezembro do ano passado, já se somavam cerca de 200 mil mortes pela pandemia.

Diante do cenário alarmante no Amazonas, um dos estados mais críticos em proporção de infecções, somadas a falta de balões de oxigênio e ao anúncio de uma nova variante do vírus, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial do uso das vacinas Coronavac e de Oxford, em janeiro deste ano.

“Em fevereiro, nós da AMB, preocupados com essa questão, construímos uma força-tarefa e enviamos 32 médicos a Manaus para apoiar o atendimento à população frente à dramaticidade e à exaustão do sistema médico hospitalar físico e emocional. Já se prenunciava também o colapso em Rondônia, Acre e Roraima. E chegamos a 250 mil mortes pela Covid-19 no Brasil”, acrescentou Fernandes.

Como alertou o presidente da AMB, os números continuam subindo e em 25 das 27 capitais brasileiras, 80% dos leitos estão ocupados, um alerta crítico às autoridades públicas.  “Apesar de todos os apelos feitos ultimamente na maioria dos estados brasileiros, com alguns tomando medidas bem severas para isolamento social, dados de 12 de março mostram apenas 32,7% de isolamento social. Precisamos conscientizar a população para que voltemos a ter patamares maiores do que hoje estamos.”

Fernandes acrescentou, ainda, que a aplicação das doses de vacina caminha lentamente, com apenas 4,6% da população imunizada com a primeira dose e 1,67% com a segunda dose.

“Qual é o nosso prognóstico? O que nós médicos podemos fazer? Se pudéssemos prescrever, diríamos sobre a importância da vacinação em massa para todas as populações. É a medida ideal para controlarmos a velocidade da propagação do vírus. É possível afirmar, ainda, que neste momento ocorre a falta de uniformidade de informações, o balanço médico e o que as autoridades de Saúde nos passam. Diante desse quadro, só nos resta prevalecer com as medidas de proteção individual de cada um de nós brasileiros”, completou

Em seguida, o diretor Científico da Associação, José Eduardo Lutaif Dolci, leu a “Carta dos médicos do Brasil à nação”, publicada pela instituição nesta segunda-feira e assinada também pelas Sociedades de Especialidades e pelas Federadas AMB.

O Comitê
O CEM funcionará em regime permanente, enquanto durar a crise sanitária. Terá um núcleo executivo formado por médicos com legítima autoridade no campo da prevenção e da atenção aos pacientes acometidos pela doença.

Além do monitoramento da pandemia, transmitirá orientações periódicas de conduta para cuidados e prevenção aos cidadãos e aos profissionais da Medicina. “O momento torna necessárias comunicações recorrentes com esclarecimentos e orientações à saúde, por mais simples que pareçam. São elas a vacina, o combate às fake news e a conscientização individual e coletiva para as medidas gerais de prevenção”, destaca o manifesto.

Durante a coletiva, o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) e membro do CEM, José Luiz Gomes do Amaral, reforçou a necessidade de o País adquirir doses para vacinar os quase 213 milhões de brasileiros. “Isso é o que precisamos, porque hoje o Brasil supera duas mil mortes em 24 horas, é absolutamente inaceitável. Se olharmos os melhores números das vacinações anteriores, temos um excelente programa de vacinação. Já chegamos a vacinar 1 milhão de brasileiros por dia.”

Além de solicitar o aceleramento do programa de vacinação, Gomes do Amaral reiterou a defesa das medidas protetivas como o uso de máscara e o isolamento social. “O lockdown (confinamento total) é absolutamente emergencial. Se não o fizermos isso, teremos mais superações de mortes. Basicamente, temos países como Inglaterra e Portugal que fizeram lockdown há dois meses, e o município paulista de Araraquara, com ótimos resultados”, concluiu.

Fazem parte do Núcleo Executivo – CEM COVID_AMB
– Antonio Carlos Lopes, Sociedade Brasileira de Clínica Médica
– Bruno de Lima Naves, Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
– Carlos André Uehara, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
– César Eduardo Fernandes, Associação Médica Brasileira
– Clóvis Arns da Cunha, Sociedade Brasileira de Infectologia
– Dante Mário Langhi Júnior, Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
– Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
– Hélio Penna Guimarães, Associação Brasileira de Medicina de Emergência
– Irma de Godoy, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
– José Eduardo Lutaif Dolci, Associação Médica Brasileira
– José Luiz Gomes do Amaral, Associação Paulista de Medicina
– Suzana Margareth Ajeje Lobo, Associação de Medicina Intensiva Brasileira
– Zeliete Linhares Leite Zambon, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade

Coletiva
Confira o que alguns integrantes do Comitê falaram durante apresentação à imprensa.

“Quero agradecer a oportunidade, principalmente, da imprensa que tem nos escutado. Desejo firmemente que vocês divulguem nossas ideias. Basicamente, falamos de prevenção o tempo todo, que precisa de atitude, simples assim. Tratamento, quando necessário, entre as partes será decidido o melhor. O texto deste documento é muito claro no que diz respeito à prevenção com atitude. Espero que essa carta seja divulgada pelo Brasil inteiro.”
Bruno de Lima Naves, Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

“É um importante esse movimento associativo, que consigamos ter voz, com pessoas assistindo com a presença maciça da imprensa. Precisamos defender as medidas não farmacológicas. Infelizmente, ainda não existe tratamento farmacológico que seja efetivo na prevenção da Covid-19. Existem algumas medidas que podem ser usadas, precisamente em ambientes de UTI, mas não para a população como um todo. E a defesa do SUS tem garantido a assistência a toda população, se não o tivéssemos, com certeza a tragédia teria sido maior.”
Carlos André Uehara, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

“Nesta tragédia dolorosa anunciada, cabe a nós médicos lutar cada vez mais pela proteção do Sistema Único de Saúde. Lutar para que cada vez mais [pela efetividade do] Programa Nacional de Imunizações que é um dos melhores do mundo, mas que hoje falta insumos. Mas temos uma capacidade técnica que foi construída ao longo dos anos. Ressalto ainda que existe uma mudança de perfil já apontada no horizonte de que os jovens estão sendo acometidos e aí vem a nossa preocupação com os pacientes com imunodeficiências primárias diagnosticadas e não diagnosticadas que poderão morrer com a Covid-19 e com as doenças virais como surtos de influenza que são comuns nesta época do ano. Resta a cada um de nós e a população ter uma atitude civilizatória, humanística e científica. É necessário o isolamento social e que haja a perspectiva de vacinar todo mundo. Esse comitê contribui nesse sentindo e agradeço a participação.”
Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

“Gostaria de quase implorar para que todas as pessoas realmente considerem que cada contato seu é como um possível transmissor da doença; usem as medidas de prevenção em todos os momentos. E que os jornalistas façam a campanha da vacina sim, do uso de máscara constante e das medidas de distanciamento físico. Esse é um momento muito importante para a Medicina brasileira reafirmar que estamos juntos para cuidar dos pacientes.”
Irma de Godoy, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

“Em nome da AMB, quero agradecer os presidentes das sociedades de especialidades e aos presidentes das Federadas pela incrível ajuda na elaboração desse documento que tem o caráter de apoiar e sensibilizar a população a aderir as medidas, aqui elencadas, como indispensáveis para que possamos caminhar para uma luz no fim do túnel.”
José Eduardo Lutaif Dolci, Associação Médica Brasileira

“Gostaria apenas de amanhã acordar e ouvir um ministro apresentando o firme propósito de trazer as vacinas que precisamos e de implorar a todo brasileiro que respeite as medidas de isolamento. Eu gostaria sim de amanhã acordar e ouvir todos os brasileiros dizendo a mesma coisa: ‘onde estão as minhas vacinas?’. Estou em casa confinado fazendo a minha parte, façam a vossa parte.”
José Luiz Gomes do Amaral, Associação Paulista de Medicina

“Eu acredito firmemente que com a vacinação dos mais idosos e de toda a população, aderindo fortemente o uso de máscara e o distanciamento social, que em pouco tempo teremos uma tranquilidade para trabalhar nos hospitais. Mas depende de todo mundo, obviamente que a agora, em uma situação de colapso e das necessidades de leitos de UTI, cada região seja realmente efetiva. Não podemos esquecer também dessa população mais vulnerável que necessita de um auxílio emergencial e que possam efetivamente cumprir as restrições que são necessárias.”
Suzana Margareth Ajeje Lobo, Associação de Medicina Intensiva Brasileira

“Quero agradecer essa união, o quanto estamos nos esforçando. É para as pessoas continuarem buscando tratamentos das doenças crônica. Todos os problemas crônicos que vocês tiverem procurem ajuda, apesar de não termos leitos o bastante. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade lançou uma carta falando sobre o lockdown em cidades e regiões metropolitanas onde há situação de 80% a 90% de ocupação dos leitos.”
Zeliete Linhares Leite Zambon, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade