Na última quinta-feira (17), o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), da Associação Paulista de Medicina (APM), realizou o primeiro encontro dos hospitais selados de 2022. A palestrante convidada foi Eleni Oliveira Evangelista Trindade, enfermeira da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto, que falou sobre aplicação do PDCA no evento sentinela.
Antes das discussões, Eduardo D’Aguiar, presidente da Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (Abrampas), lamentou que o avanço da pandemia ainda mantenha a programação a distância, mas comemorou o início dos encontros neste novo ano. “Juntos, conseguimos pensar melhor para seguir em frente.”
O moderador do evento também afirmou que o tema do debate é muito relevante para as instituições de Saúde. “Para discutir um evento sentinela, precisamos ter primeiro um amadurecimento na gestão da organização. Nem todo mundo aceita errar, embora não exista hospital sem erros. Assumi-los é importante para promover melhorias.”
Uso do PDCA
Em sua palestra, Eleni ressaltou que a utilização do PDCA é muito grande dentro dos serviços de qualidade, por ser um método que auxilia as instituições a atingirem suas metas, controlando todos os processos e proporcionando melhorias contínuas e eficientes.
Como explicou, a metodologia é composta de quatro ciclos: Planejamento, Execução (Do, em inglês), Verificar (Check) e Agir. A especialista também conceituou o evento sentinela, que é quando há uma ocorrência grave e indesejável em hospital selado, resultando em comprometimento do atendimento ao paciente internado ou em ambulatório ou a seus acompanhantes, com ou sem sequelas.
“Como utilizarmos o PDCA? A ocorrência já existiu, então temos que planejar. É preciso analisar a causa do problema e entender onde foi a falha. Depois disso, é preciso reunir os envolvidos e entender todo o processo. Com essas informações em mãos, a gente passa para o plano de ação”, disse a convidada, pós-graduada em Auditoria em Serviços de Saúde.
Depois disso, é a hora de executar, ou seja, colocar em prática o que foi alinhado no plano de ação. A etapa de verificação pressupõe que tudo seja checado para entender se há ou não eficácia em relação ao que foi imaginado. “Estamos no caminho certo para alcançar a meta desejada ou precisamos reelaborar o plano? Temos que verificar isso.”
A última etapa, segundo Eleni, é a da ação. Neste momento, os responsáveis analisam realmente se todo esse ciclo de trabalho conseguiu atingir o objetivo e eliminar a chance de aquele problema ou evento ocorrer novamente dentro da mesma instituição.
Experiência em Rio Preto
Na Santa Casa da cidade, assim que é identificada uma ocorrência, ela é encaminhada ao Serviço de Qualidade, onde é iniciada a primeira etapa do PDCA. “Assim, fazemos o planejamento, levantando as causas do problema e apurando junto aos envolvidos.”
Posteriormente, detalha a enfermeira, os fatos são levados à alta administração do hospital e um comunicado é encaminhado ao CQH, que analisa o problema. A partir daí, as equipes vão para as três etapas a seguir: fazer, verificar e agir.
“Também encaminhamos o resultado ao CQH. Caso o programa veja necessidade de solicitar alguma nova informação, o Serviço de Qualidade encaminha. Caso estejam satisfeitos, encaminham parecer positivo”, afirma Eleni.
Questionada pelo moderador sobre quais os canais que a instituição mantém para a comunicação do evento sentinela, a enfermeira diz que há alertas recorrentes sobre a necessidade de comunicar qualquer problema ao setor de Serviço de Qualidade. “Todos foram sensibilizados e acabam enviando. Não é tão difícil. Sempre que há reunião de nosso setor, enviamos o ramal para que todos tenham acesso e essa comunicação exista.”