Alterações oftalmológicas e meio ambiente e Medicina no último webinar do ano

Finalizando a série de 2021 de encontros virtuais para debate de temas relevantes e atuais da Medicina, a Associação Paulista de Medicina realizou webinar sobre “Alterações oftalmológicas na Síndrome Pós-Covid-19 e O Meio Ambiente e a Medicina”, na noite da última quarta-feira, 15 de dezembro. Apresentado por João Sobreira de Moura Neto, 1º vice-presidente da APM, o encontro foi moderado por Roberto de Mello, presidente da APM Assis, e Jorge Carlos Machado Curi, diretor de Responsabilidade Social da APM Estadual.

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Finalizando a série de 2021 de encontros virtuais para debate de temas relevantes e atuais da Medicina, a Associação Paulista de Medicina realizou webinar sobre “Alterações oftalmológicas na Síndrome Pós-Covid-19 e O Meio Ambiente e a Medicina”, na noite da última quarta-feira, 15 de dezembro. Apresentado por João Sobreira de Moura Neto, 1º vice-presidente da APM, o encontro foi moderado por Roberto de Mello, presidente da APM Assis, e Jorge Carlos Machado Curi, diretor de Responsabilidade Social da APM Estadual.

“Quero fazer um agradecimento especial a todos os colegas e colaboradores da APM que participaram, que deram força e estrutura para os webinars realizados pela entidade durante todo o ano”, agradeceu Sobreira.

“É uma enorme honra estarmos participando de um evento de magnitude como este que a APM proporciona para todo o estado de São Paulo. Em especial, quero agradecer à Diretoria da instituição, que tem nos dado todo apoio e estrutura para a realização destas aulas”, destacou Mello.

Achados oculares na Covid-19

Convidado pela Regional de Assis, o primeiro palestrante da noite foi Maurício Maia, especialista em Oftalmologia pela Universidade Federal do Paraná, diretor Hospital de Olhos do Oeste Paulista, do Instituto Brasileiro de Combate à Cegueira (INBRACE) e do Serviço de Retina do Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia – IPEPO/São Paulo.

De acordo com estudos, os olhos são uma das principais portas de entrada para a Covid-19, que pode causar conjuntivite e atacar a retina. “Sua forma folicular pode ser a única apresentação clínica na doença, e o quadro ocular pode surgir até 14 dias do início da infecção. Nos relatos de casos da literatura médica, notamos no segmento anterior dos pacientes que não são internados casos de conjuntivite, episclerite e esclerite relatados.”

De forma geral, a conjuntivite é uma manifestação simples e cerca de apenas 3% dos pacientes vão precisar de intervenção cirúrgica devido às hemorragias retinianas. “Em especial para questões de retina, temos mais perguntas do que respostas, mas podemos destacar que a doença se manifesta no olho de formas vasculares retinianas”, destacou Maia.

“Pacientes que se recuperaram da Covid-19 apresentavam sinais de anormalidade da microvasculatura, sendo que cerca de 20% tiveram achados na retina e 3% perda visual. Quanto mais sinais de isquemia no fundo do olho, maior a gravidade e severidade sistêmica desta doença. Entretanto, a retina pode nos ajudar no prognóstico desses pacientes, e precisamos entender melhor esses processos para atuar de forma mais intensa, minimizando os fenômenos tromboembólicos. Em relação aos achados retinianos, as pesquisas apresentaram ausência de gravidade do quadro sistêmico com oclusões vasculares da retina”, complementou o especialista.

Ainda segundo o oftalmologista, nas manifestações neuro-oftalmológicas, os pacientes muitas vezes apresentam papiloflebite, neurite óptica, av’s occipitais e miastenia graves após a infecção e/ou vacinação, podendo desenvolver essas reações mais intensas e desencadeando doenças autoimunes. “A análise do prognóstico sistêmico relacionado às anormalidades oculares, de fato, é o que podemos auxiliar os nossos colegas para tratamentos dos pacientes do ponto de vista sistêmico”, finalizou.

Meio Ambiente

A segunda palestra ficou a cargo do médico e ex-vereador de São Paulo Gilberto Natalini, que também já atuou como presidente do Conselho Nacional de Saúde de Secretários Municipais de Saúde. “Quando me formei, em 1975, me lembro que falávamos muito sobre as patologias fundamentalmente de causas endógenas, e começamos a ter uma discussão sobre doenças causadas por hábitos de vida, entre elas cigarro, sedentarismo e questões ambientais. O que mais se discutia na época era que as doenças infectocontagiosas eram pouco relacionadas com as questões ambientais, trazendo real destaque para o doente e a doença em si”, iniciou.

Natalini conta que, além de um marco político, econômico e social, as Olimpíadas no Rio, em 1982, foram um marco para o crescimento da pauta ambiental. “No desenvolvimento econômico e tecnológico, nós, humanos, atravessamos o sinal de uma maneira pouco planejada. A vontade de movimentar o mercado financeiro, produzir e consumir foi o ponto de partida para avançarmos fronteiras de maneira apressada e agressiva.”

De acordo com ele, na Medicina “aos poucos foi caindo a ficha que precisávamos estudar a relação entre doenças, patologias, condições de saúde e as alterações ambientais, algo que temos presenciado frequentemente em nosso dia a dia durante as últimas décadas”.

Trazendo para o ponto de vista do cenário atual, o palestrante explica que as cinco últimas grandes epidemias que atingiram a humanidade – entre elas AIDS, febre amarela, gripe suína, gripe aviária e Covid-19 – estão diretamente relacionadas à invasão da fronteira entre o ser humano e a natureza, de forma indevida. “Todas essas epidemias tiveram total relação com a presença do homem em locais ainda não explorados, de forma despreparada, o que liberou microrganismos para infectar a humanidade como um todo.”

Outros dois fatores negativos citados pelo especialista foram os agentes químicos que formam substâncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo, e agentes físicos, definidos pelas diversas formas de energia (radiações, ruídos, calor, pressão e umidade). “A poluição, que hoje atinge mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, também está relacionada com a etiologia de tumores, entre os mais frequentes os de mama e próstata.”

Natalini ainda citou os perigos das mudanças climáticas para o ser humano. ”Os últimos tornados nos Estados Unidos mataram cerca de 70 pessoas e centenas ficaram feridos. Nas queimadas do Pantanal, a maior parte da população apresentou intoxicação por fumaça, fora as ondas de calor, estiagens violentas e crise híbrida. Parte disso é coisa da natureza, e outra, irresponsabilidade humana.”

Por fim, chamou a atenção de todos para as questões ambientais como um agravo à saúde da população. “Algo atual, que está presente em nosso dia a dia há algum tempo e, diante disso, precisamos nos defender e, de alguma forma, ter uma atitude proativa. É preciso colocar em prática no cotidiano de casa, consultório ou clínica as questões ambientais como uma ameaça extremamente séria à saúde humana.”

Ao final dos debates, Curi parabenizou os palestrantes e relembrou que ainda estamos vivendo tempos de pandemia e que o caminho ainda é muito longo. “Tenho a sensação clara de que nós temos um enorme desafio pela frente em relação às mudanças do clima. Uma nova influenza surgiu, e desejo que tenhamos forças para enfrentar os desafios da Saúde em nosso País no próximo ano.”

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