Acidente ofídico ou ofidismo se trata de um quadro clínico decorrente de envenenamento causado pela mordedura de serpentes, ou comumente conhecida como cobras no Brasil. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apontam que em 2020, o País notificou um total de 251.919 de acidentes por animais peçonhentos. Destes, 31.422 (12,47%) foram ocasionados por serpentes.
Os números correspondem também ao segundo grupo de maior notificação. Em relação aos óbitos, foram notificadas 121 mortes por envenenamento causado pela inoculação da peçonha de serpentes. Os dados foram divulgados em Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Pará, com 5.4757 casos, seguido dos estados de Minas Gerais, com 3.481, e Bahia, com 2.880, foram estados que mais se sobressaíram com notificações. “A Região Norte, apesar de possuir cerca de 9% da população brasileira, notificou cerca de um terço dos acidentes ofídicos em 2020”, destaca o documento.
A Região Norte também apresentou a maior taxa de incidência brasileira, com 56,26 acidentes por 100 mil habitantes, cerca de 3,8 vezes maior que a taxa nacional, que é de 14,84 por 100 mil habitantes. No entanto, a Região Centro-Oeste se destacou com a maior taxa de letalidade, de 0,52%.
O boletim epidemiológico explica ainda que os acidentes por serpentes são divididos em quatro grupos de interesse de saúde pública: “acidentes botrópicos, causados pelas jararacas; acidentes crotálicos, causados por cascavéis; acidentes laquéticos, cuja serpente causadora é a surucucupico-de-jaca; e o acidente elapídico, causado pelas cobras corais verdadeiras”.
Áreas e perfis dos acidentados
O estudo aponta que os acidentes ofídicos ocorrem majoritariamente em zonas rurais, com 80,26% dos casos notificados, sendo que a taxa de letalidade é de 0,44%, dada a dificuldade de acessos aos serviços de Saúde.
Os casos ocorrem com maior frequência em pessoas do sexo masculino, com 76,21% de registros e 73,55% de mortes, por conta da predominância de homens em atividades agrícolas. “Mas a taxa de letalidade foi maior em mulheres (0,44%) do que em homens (0,38%). A chance de mulheres irem a óbito foi maior 15% em relação a homens”, informa o boletim.
Em relação à raça/cor, as pessoas que se declararam como pardas foram as mais acometidas pelos acidentes por animais peçonhentos, com uma taxa de 62,62%. Por outro lado, pessoas que se declararam indígenas (0,99%) tiveram os maiores registros de letalidade.
A respeito da faixa etária, as pessoas de 20 a 64 anos foram as mais acometidas, representado 68,33% dos casos notificados. A maior taxa de letalidade foi observada no grupo com mais de 65 anos, com 1,60%.
A parte do corpo mais acometida por mordeduras de serpentes em 2020 foi a dos pés. De acordo com o boletim, o começo do ano é mais propenso ao acometimento de casos, dado o período de maior pluviosidade e o aumento de atividades agrícolas.
O Ministério da Saúde informa ainda que muitos acidentes podem ser evitados através de medidas preventivas com equipamentos de proteção individual (EPIs), como o uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos e uso de luvas de aparas de couro.
Evitar o acúmulo de lixo, entulhos ou mato alto em torno das residências são outras medidas que devem ser levadas em consideração. O MS também reforça que em casos de acidentes, é preciso procurar imediatamente atendimento médico.