CQH promove XXI Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços da Saúde

Nesta quinta-feira, 23 de setembro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), mantido pela Associação Paulista de Medicina (APM), realiza o XXI Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços da Saúde e IV Congresso Brasileiro de Medicina Preventiva e Administração em Saúde.

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Nesta quinta-feira, 23 de setembro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), mantido pela Associação Paulista de Medicina (APM), realiza o XXI Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços da Saúde e IV Congresso Brasileiro de Medicina Preventiva e Administração em Saúde.

O eixo principal dos eventos foi o impacto da pandemia de Covid-19 na gestão dos hospitais, com foco no aprendizado organizacional e na inovação. Jayme Malek Junior, diretor da Sociedade Paulista de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (Sompas), foi o responsável por abrir o encontro, realizado totalmente on-line.

Ao lado dele esteve José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, que disse se sentir privilegiado de representar os médicos de São Paulo neste congresso. O trabalho da Associação em parceria com CQH, disse ele, tem sido gratificante, uma vez que, ao longo de 30 anos de história, o programa foi responsável por apresentar e consolidar a cultura da qualidade, identificando oportunidades e apontando soluções para o aprimoramento contínuo.

“Mais do que nunca, dadas as dificuldades que atravessamos, se faz necessário preservar o bom rumo. Nos ensina a história que os peregrinos, ao se encontrarem na jornada para Santiago de Compostela, se incentivavam com o termo ultreia, que significa ‘avante’. E eram respondidos com a expressão et suseia, que significa ‘vamos para cima’. Para cima, nesse caso, no sentido da evolução humana. Com essas palavras, ultreia et suseia, desejo a todos um ótimo congresso”, disse o presidente da Associação.

Tecnologia e inovação
Um dos temas mais relevantes foi debatido no eixo “Tecnologia e inovação na formação de equipe multiprofissional de Saúde: quais competências no pós-pandemia?”, cuja moderação ficou a cargo de Junji Miller Fukuyama, membro da Comissão Especial de Residência Médica da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo (CERMSES/SP) e diretor da divisão médica do Hospital Geral de Vila Penteado.

O primeiro dos debatedores abordou o advento do e-learning, inclusive conceituando o termo. “Trata-se de educação on-line, uma modalidade de ensino e aprendizagem a distância, com uso de computadores e internet. Ocorre através de plataformas técnicas que permitem o acesso e a gestão dos conteúdos formativos”, explicou Luiz Koiti Kimura, coordenador administrativo da Comissão de Residência Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Coreme/FMUSP).

“Houve um grande crescimento do e-learning na pandemia, em que fomos obrigados a nos encerrarmos em casa, enquanto a necessidade de formação e comunicação persistiu. Vimos, então, muitas instituições de ensino recorrendo ao ensino a distância. Em 2018, esse tipo de comunicação era incipiente. Desde 2020, a evolução foi grande”, detalhou o especialista.

Se antes eram poucas ferramentas disponíveis para o ensino a distância, como Skype, o Google Meet e o Bluejeans, atualmente o cenário é outro. Como mostrou Kimura, a Microsoft evoluiu do Skype para o Microsoft Teams. O Google Meet evoluiu com o Google Educational. Também surgiram outras ferramentas como o Zoom, o Streamyard, a Webex Cisco etc.

“A pandemia teve efeito causador, provocando a utilização em massa desse tipo de ferramenta. Houve, então, uma quebra de paradigma tanto de alunos, quanto de professores, para utilizarem esses novos formatos de ensino e aprendizagem. Isso afetou tudo, tendo efeito direto, inclusive, na formação das equipes de Saúde”, completou o especialista da FMUSP.

Telemedicina
Na sequência, Guilherme Spina, também da FMUSP, onde é professor colaborador, abordou a Telemedicina neste novo contexto pós-pandemia. “Essa modalidade forçou a gente a modificar o atendimento ao paciente, afetando a propedêutica a que estamos acostumados. Felizmente, a pandemia coincidiu com o início de tecnologias bastante interessantes de monitoramento remoto, com tecnologias acessíveis.”

O médico, que é doutor em Cardiologia, apresentou uma dessas tecnologias, batizada de Aktiia, uma espécie de bracelete que mede a pressão arterial a partir das ondas de pulso periférico. Trata-se de um equipamento que pode auxiliar no monitoramento de um paciente com insuficiência cardíaca.

Spina apresentou, ainda, o Kardia, um pequeno aparelho que permite que sejam realizados eletrocardiogramas em domicílio. Basta o paciente colocar os dados em uma chapa e o celular lê os dados, que podem ser compartilhados com os médicos. Todas essas informações podem complementar as consultas on-line e, segundo o palestrante, é necessário que os médicos tenham competência para utilizá-las.

“A população pode ter acesso a isso? Aí está a beleza da tecnologia que, em geral, é deflacionária. As coisas tendem a baratear. Hoje, cada vez mais esses equipamentos são desenvolvidos e a pandemia trouxe um processo de massificação, com produtos ficando amplamente mais baratos. Há relógios que medem oximetria, eletrocardiograma e pressão arterial disponíveis, atualmente, por cerca de R$ 150”, disse.

Equipes multiprofissionais
O terceiro palestrante do eixo foi Sérgio Makabe, diretor geral de cursos de Medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Ele acredita que o momento atual talvez represente a primeira vez, na era moderna, em que observamos vários atores das equipes de saúde se destacando de forma conjunta, com papeis e competências bem definidas e clareza que as soluções devem ser tomadas em equipe.

Nesse sentido, há um destaque que vai além dos médicos, abrangendo enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e farmacêuticos. “Houve uma valorização, após a pandemia, dos profissionais das equipes multiprofissionais. Lembrando que, de acordo com diretrizes curriculares desde o advento do Sistema Único de Saúde, isso é imperativo. Ou seja, não é novo. Mas a pandemia nos trouxe a necessidade de estabelecer e tornar real esse trabalho. O que vinha ocorrendo de forma lenta e gradual, então, foi acelerado.”

Para Makebe, as competências mais buscadas nesse mundo pós-pandêmico são: trabalhar em equipe; liderar e ser liderado; equilíbrio entre fala e escuta; liderança sem imposição; interesses voltados exclusivamente ao paciente; e adoção de Medicina baseada em evidências.

“Devemos levar isso em conta na formação de equipes multiprofissionais, discutindo muito a formação de cada profissional. Do ponto de vista educacional, já existem eixos curriculares comuns em cursos da Saúde, realizado em faculdades com metodologias ativas de ensino. É uma oportunidade de trabalharmos as semelhanças dos conteúdos da área, vencendo uma grande barreira, e formando em contextos reais de interdisciplinaridade”, completou o palestrante.

Programa
Além das discussões sobre tecnologia, o evento focou em diversos temas durante o dia. Foram debatidos, na parte da manhã, “Novas formas de metodologias de aprendizagem na Saúde”, “Novo roteiro de avaliação do Programa CQH” e “Matrizes de competência das residências médicas de Medicina Preventiva e Social e Administração em Saúde”.

No turno da tarde, as discussões giraram em torno da “Gestão integrada de equipe multiprofissional na pandemia e as lições aprendidas”, “Aplicação de metodologia ágil nos processos administrativos e assistenciais” e “Mudanças nos métodos terapêuticos após um ano e meio de pandemia”.

O programa CQH – de responsabilidade social da APM – é um projeto de adesão voluntária, cujo objetivo é contribuir para a melhoria contínua da qualidade hospitalar. Isso é feito através do estímulo da participação e da autoavaliação, além do incentivo à mudança de atitudes e comportamentos. O CQH incentiva, ainda, o trabalho coletivo, sobretudo entre grupos multidisciplinares, para o aprimoramento dos processos de atendimento.