No dia 2 de setembro, o Grupo de Benchmarking Estrutura Hospitalar, do Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), realizou webinar para debater o tema “Prevenção de incêndio em estabelecimentos assistenciais de Saúde”.
Moderado por Fumio Araki, engenheiro e coordenador do grupo de benchmarking, o palestrante convidado do evento foi Marcos Kahn, engenheiro eletricista com pós-graduação em segurança do trabalho e especialista em engenharia de segurança contra incêndios.
Ao iniciar sua apresentação, Kahn trouxe dados sobre incêndios em hospitais da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), entidade que tem como objetivo contribuir para a contínua evolução brasileira no campo da Edificação Hospitalar, os quais apresentaram as ocorrências de incêndios nos anos de 2019, 2020 e 2021.
No ano de 2019, houve 47 ocorrências, 6 pessoas feridas e 26 óbitos; já em 2020, os números deram um enorme salto, para 80 ocorrências, 5 feridos e 20 óbitos. Neste ano, até o início de agosto, foram registradas 73 ocorrências, 4 feridos e 6 pessoas foram a óbito.
“Acredito que, infelizmente, iremos bater o número de 2020. Por sorte, os óbitos estão diminuindo, não é algo expressivo, mas são vidas perdidas nessas ocasiões. É muito importante falar sobre esse tema, porque o número de ocorrências vem aumentando, precisamos reverter essa curva o quanto antes”, resumiu.
Debate
Quando questionado pelo moderador sobre o porquê do aumento de incêndios nos estabelecimentos assistenciais à saúde, o especialista respondeu que as ocorrências estão ligadas à pandemia.
“Com o número crescente de internações, falta de leitos e profissionais sobrecarregados, o hospital fica mais em evidência. Acredito que existe um determinado desvio nos números. Normalmente os incidentes não eram noticiados, mas hoje, como todo assunto relacionado a hospitais efetivamente é importante por conta da pandemia, a imprensa acaba noticiando qualquer tipo de ocorrência, independentemente de ser incêndio ou não”, detalha.
Segundo o palestrante, há outras razões para este aumento: “Acredito que seja uma mistura perigosa, que envolve hospitais sobrecarregados. Essa sobrecarga se dá no atendimento assistencial e nos equipamentos, rede elétrica e equipes de manutenção”.
De acordo com ele, as estruturas dos hospitais ainda não realizam rotinas de manutenção preventiva com a frequência necessária. Ressalta também a importância da presença de uma equipe de bombeiros em unidades de saúde, “para dar assistência e alertar quando as coisas não estão sendo feitas como deveriam, não só chamar por emergência depois do incêndio, quando já é tarde”.
Prevenção
Sobre as ações a serem realizadas para minimizar os riscos de incêndio e como fazer uma elaboração de projeto contra incêndio em instituições antigas, o especialista ressaltou que é preciso ter ações de prevenção, treinamento e simulados de situações de combate.
“Temos diversas frentes para atuar. Acredito que um bom sistema de gestão de segurança, em que possamos conseguir determinar ações assertivas, trabalhando na prevenção e mantendo as infraestruturas e sistemas de combate confiáveis em funcionamento, é fundamental”, acrescenta.
Marcos Kahn ainda afirmou que, em instituições antigas, o primeiro passo é fazer o diagnóstico, que na verdade é uma análise de riscos específicos em relação à segurança contra incêndio. Se analisarmos os maiores fatores de início de deflagração do incêndio no Brasil, percebemos que tudo está ligado a causas elétricas.
O palestrante ainda respondeu questionamentos sobre riscos de segurança para pacientes e profissionais da Saúde, apoio do corpo de bombeiros aos hospitais e unidades de saúde e uso do elevador de segurança.
“Essa palestra vem ao encontro das ideias do Programa CQH. Nestes dois anos, devido à pandemia, nos debruçamos em fazer os hospitais terem um pouco mais de apoio de nosso programa de qualidade”, concluiu Milton Osaki, coordenador do Programa CQH e presidente da Sociedade Paulista de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (Sompas).