No período entre 2014 e 2019, seis surtos de doenças ou agravos com suspeita inicial de veiculação hídrica foram identificados nos municípios de Gouveia (Minas Gerais), São Marcos e Santa Maria (Rio Grande do Sul), Brasília (Distrito Federal), Cascavel (Paraná) e Vila Velha (Espírito Santo). As informações são de Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
De acordo com a investigação das equipes do EpiSUS, no município de Gouveia (MG), a ocorrência de surto de toxoplasmose, em 2015, pode ter relação com o consumo de água não tratada de um manancial. No total, 50 casos foram registrados, com predominância de infecção em homens entre 20 e 49 anos.
Naquele mesmo ano, em São Marcos (RS), a ocorrência também foi de um surto de toxoplasmose: “A água não foi associada como fonte de infecção para esse surto a partir do estudo epidemiológico realizado, mas sim a ingestão de carne bovina malpassada”, aponta relatório. Foram notificados 130 casos, sendo pessoas do sexo masculino entre 20 e 39 anos mais acometidas com o agravo.
Em 2017, na cidade de Brasília (DF), de acordo com o respectivo relatório do EpiSUS, ocorreu um surto de doença diarreica aguda, acometendo 56 pessoas, sendo o sexo feminino predominante entre 15 e 17 anos, durante o evento de massa “Jogos Escolares da Juventude”. Os alimentos associados como fonte de infecção foram a água e outros itens do jantar, como peixe, salpicão e carne moída, todos contaminados por E. coli.
Já em Santa Maria (RS), em 2018, foram notificadas 87 afecções associadas ao surto de toxoplasmose. O consumo de água contaminada foi identificado como fonte dos casos que atingiu, sobretudo, mulheres entre 20 e 59 anos.
No município de Cascavel (PR), em 2019, foi identificada a contaminação da rede de distribuição de água do município pelo protozoário Cryptosporidium spp e outros parasitas não patogênicos, como Endolimax nana e Entamoeba coli. O surto de doença diarreica aguda acometeu 149 pessoas de ambos os sexos, entre 21 e 39 anos.
Também naquele mesmo ano, em Vila Velha (ES), foi confirmada a ocorrência de um surto de gastroenterite aguda com evolução para síndrome hemolítica urêmica em uma creche particular. Ao todo, 34 crianças, menores de 5 anos, foram infectadas. “Foi identificada a contaminação da água pela bactéria E. coli entero-hemorrágica proveniente de torneiras e de brinquedo aquático do estabelecimento”, aponta documento.
A sistematização das ações de monitoramento realizadas pela Vigilância em Saúde Ambiental dos municípios analisados, “além de permitir a avaliação da qualidade do serviço prestado pelos responsáveis do abastecimento de água, pode contribuir para a verificação de riscos à saúde e prevenção de doenças e agravos relacionados ao abastecimento de água para consumo humano”, considera o Boletim Epidemiológico.