Premiações marcam a abertura do 24º Congresso Brasileiro de História da Medicina

A cerimônia de abertura do XXIV Congresso Brasileiro de História da Medicina e I Encontro das Academias de Medicina de São Paulo e do Rio Grande do Sul foi realizada na última sexta-feira, 25 de outubro, na sede da Associação Paulista de Medicina (APM)

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A cerimônia de abertura do XXIV Congresso Brasileiro de História da Medicina e I Encontro das Academias de Medicina de São Paulo e do Rio Grande do Sul foi realizada na última sexta-feira, 25 de outubro, na sede da Associação Paulista de Medicina (APM). A solenidade também teve a entrega do Prêmio “Carlos da Silva Lacaz” e das Medalhas “José Correia Picanço” e “Ivolino de Vasconcellos”.

Em seu discurso, o presidente da APM e da Academia de Medicina de São Paulo, José Luiz Gomes do Amaral, rememorou a história do plátano sob o qual Hipócrates ministrava aulas na Ilha de Cós, na Grécia, há 2.500 anos – e que teve uma muda plantada na sede da Associação Paulista de Medicina na tarde do dia 25, como uma das atividades do evento: “O primeiro plantio ocorreu na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e se seguiu em outras escolas médicas do estado. Hipócrates é nosso primeiro modelo na Medicina e esta árvore reforça que somos todos ramos de uma mesma origem e devemos permanecer unidos”.

Além de agradecer os presentes e todos os responsáveis pela organização do evento, o presidente do Congresso e da Sociedade Brasileira de História da Medicina (SBHM), Lybio Martire Junior, fez a leitura de uma poesia de sua autoria para reforçar a importância do tema:

História da Medicina, a razão de conhecer
“Da História da Medicina, o grande aprendizado não está na sequência de nomes e datas que possa ser conhecida.

Mas na experiência, no exemplo e no legado que nos deixaram aqueles que nosso caminho desbravaram e que permitem melhor compreender a realidade hoje vivida.
Ela nos ensina que não há, nem nunca houve, um único tratamento para toda e qualquer enfermidade.
Mas que todo e qualquer tratamento tem sua eficácia aumentada com uma boa dose de paciência, de amor e de humanidade.
Que não se dê por esquecido nem se menospreze o quanto realizaram os pajés, os xamãs, os sacerdotes, os antigos médicos egípcios, os do Oriente, os médicos gregos e os romanos, porque eles também foram úteis ao paciente em seu tempo, quando abnegaram e cuidaram.
Pois do contrário, a Medicina teria desaparecido. E é deles que nos originamos.
Possa a História da Medicina fazer compreender sempre que há algo mais entre o médico e o paciente, capaz de amenizar o sofrimento e de influenciar na cura.
Que está além da anamnese, da Ciência e do medicamento, está na alma, na emoção e no sentido.
Caminha cegamente pelo presente o médico que não conhece o passado.
Pros avanços tecnológicos, muito empolgado, sentindo-se orgulhoso e onipotente, não percebe que apenas e simplesmente vai tateando o caminho à sua frente, usando a tecnologia como cajado.”

O presidente da Academia Panamericana de História da Medicina, Ricardo Jorge Losardo (Argentina), afirmou ser uma honra e um prazer estar no Congresso, e desejando fazer um evento conjunto entre as instituições em um futuro próximo. Da mesma forma, o representante da Academia de Medicina do Mato Grosso Vicente Herculano da Silva agradeceu o convite e a participação de todos no encontro.

O representante da Academia Paranaense de Medicina, Jurandir Marcondes Ribas Filho, saudou a todos, agradeceu o honroso convite em nome da instituição e parabenizou a comissão organizadora pelo brilhantismo do conteúdo programático. Por sua vez, o representante da Academia Nacional de Medicina Carlos Alberto Basílio de Oliveira ressaltou a grande satisfação em participar do evento e a finalidade da ANM, que congrega todos os médicos do Brasil, de todas as especialidades. “A Academia Nacional de Medicina, que já sediou uma das edições do Congresso de História da Medicina, está aberta para que o evento se multiplique. Esta coleção de médicos aqui presentes representa muito para a Medicina porque representa a sua história.”

O presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, Carlos Henrique Menke, afirmou saber pouco da SBHM antes da concepção do evento, mas que já estava maravilhado com a diversidade e a qualidade das apresentações que havia assistido no decorrer do dia. “A ideia de realizar o I Encontro das Academias de Medicina de São Paulo e do Rio Grande do Sul dentro deste Congresso também foi muito feliz e já antecipo que no próximo ano iremos celebrar 30 anos da nossa instituição e o II Encontro já está entre os eventos previstos.”

Participaram ainda da mesa o secretário geral da APM, Antônio José Gonçalves, e o fundador do Movimento Hipocrático, Nicolas Kastanos Hatzinicolis (Grécia).

Prêmios e homenagens
O Prêmio “Carlos da Silva Lacaz”, para estudantes de Medicina que concorrem com trabalhos na área de História da Medicina em nível nacional, faz menção ao primeiro presidente e fundador da Sociedade Brasileira de História da Medicina. Este ano, foi concedido aos acadêmicos Cristina Espíndola Sedlmaier, do Centro Universitário Serra dos Órgãos (1º lugar); Mateus Machado (2º lugar), Joana poleneso e Cristian Pigato (3º lugar), da Universidade de Caxias do Sul.

Já a Medalha “José Correia Picanço”, para expoentes do ensino médico no estado em que se realiza o Congresso, foi lançada em 2008 – quando o Brasil comemorou 200 anos de ensino médico – e homenageia o mentor da área no País, que estimulou D. João VI a abrir a primeira faculdade, na Bahia. A honraria foi entregue a José Carlos Prattes e José Luiz Gomes do Amaral, da Escola Paulista de Medicina/Unifesp; a Ulysses Garzella Meneghelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP; e a Eduardo Storopoli, reitor da Universidade Nove de Julho.

A Medalha “Ivolino de Vasconcellos”, por sua vez, é concedida para aqueles que lançarem livros de História de Medicina no ano em que ocorre o Congresso e que nele estiverem inscritos. Homenageia o idealizador do evento e um dos fundadores do Instituto Brasileiro de História da Medicina. Em 2019, foi concedida a Maria Helena Itaqui Lopes, autora do livro “Curiosidades da História da Medicina”; e a Marcos de Jesus Nogueira, autor do livro “História da Psiquiatria – Século XIX, Parte II – A Psiquiatria Biológica e o Positivismo”.

Texto: Giovanna Rodrigues 
Fotos: Marina Bustos