Cesare Lombroso, idealizador da Antropologia criminal, é rememorado em Congresso de História da Medicina

O psiquiatra forense, antropólogo e filósofo Cesare Lombroso foi o grande idealizador da Antropologia criminal

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O psiquiatra forense, antropólogo e filósofo Cesare Lombroso foi o grande idealizador da Antropologia criminal. Contemporâneo e admirador de Charles Darwin, insere-se na Escola Positivista do Direito Penal e Evolucionista.

“Ele está sendo recuperado pela humanidade; porém, se ainda hoje falarmos em uma sala jurídica ou em um tribunal seu nome, é capaz de as pessoas atirarem papéis. Embora seja um grande mestre, foi absolutamente banido do meio universitário”, destacou o diretor Cultural da Academia de Medicina de São Paulo e da Associação Paulista de Medicina, Guido Arturo Palomba, em palestra realizada no XXIV Congresso Brasileiro de História da Medicina, no dia 25 de outubro, na sede da APM.

Lombroso foi o primeiro estudioso a classificar os criminosos em cinco tipos característicos, dentre a gama de possíveis delitos: ímpeto (age por impulso/fúria), ocasional (eventualmente comete crimes), habitual (reincidente na ação criminosa, faz do crime sua profissão), mental (loucura) e fronteiriço (entre a lucidez e a loucura). “Ele acreditava que essa zona fronteiriça entre a loucura e a normalidade mental fazia esses indivíduos serem criminosos natos”, explica Palomba.

Como seus estudos criminalistas eram baseados na teoria evolutiva de Darwin, acreditava que estigmas físicos em degeneração eram capazes de transformar uma pessoa em criminosa. “Ele media cada parte do rosto, do crânio e da ossatura para defender suas ideias”, acrescenta o acadêmico.

O padre Agostino Gemelli, crítico assíduo de Lombroso, passa a questionar os métodos de pesquisa abordados pelo psiquiatra. “Gemelli foi o criador e primeiro reitor da Universidade Católica Sacro, com a aprovação do Papa Bento 15. Ele tinha púlpito e penetração extraordinária na sociedade. Por não aceitar as teorias darwinistas, digladiou a vida inteira com Lombroso. Segundo ele, assim como muitos religiosos daquele tempo, o homem nasce puro e quem o estraga é o meio social.”

Em 1909, Lombroso faleceu e Gemelli escreveu a obra “A morte funeral de um criminologista e de uma doutrina”, como forma de enterrar seus estudos e conceitos sobre a criminalidade.

“Gemelli morreu 50 anos depois. Durante todo esse tempo, as obras de Cesare Lombroso foram perseguidas. Recentemente, algumas universidades, de modo especial da Itália e da Espanha, estão revistando seus estudos para dar o devido crédito e valor”, conclui Palomba.

Texto: Keli Rocha
Fotos: Marina Bustos