Após a abertura do XXXIII Congresso Brasileiro de Cefaleia e XIV Congresso de Dor Orofacial, o presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), Elder Machado Sarmento, presidiu a sessão denominada “Tribunal: Telemedicina em cefaleia”. Esta foi uma atividade lúdica, em que dois especialistas se dividiram entre os papeis de promotor e de advogado de defesa para abordar os distintos lados deste tema tão em voga.
Thais Villa, presidente do Congresso, assumiu o papel de promotora. “Essa atividade serve para que possamos discutir o assunto, trazendo luz e conversando sobre os pacientes com cefaleias. A pergunta central é: ‘Telemedicina em cefaleia, para quem e para quê?’. Precisamos saber onde usaremos”, antecipou.
Na sequência, a neurologista explicou que há situações em que é amplamente favorável ao recurso. Uma delas, explicou, é o ensino a distância por meio da internet. Além disso, na troca de experiências entre os médicos, seja na consulta com profissionais nas duas pontas, ou um especialista passando conhecimentos específicos a um grupo de médicos.
Posteriormente, Thais argumentou que não atenderia um paciente pela primeira vez por Telemedicina e listou alguns impeditivos. “Na cefaleia, o diagnóstico é clínico. Muitas vezes não há imagem. Então dependemos muito da anamnese – se não há consulta presencial, isso pode ser bastante complicado. E o diagnóstico diferencial de cefaleias secundárias? Para faze-lo é precisa examinar, ver o fundo de olho, etc. Repito: não sou contrária à Telemedicina, só reitero que temos que ver para que e para quem iremos utiliza-la.”
Por outro lado, Renan Barros Domingues, doutor em Neurologia pela Universidade do Alabama (Estados Unidos), fez o papel de advogado de defesa. E começou conceituando: “Telemedicina é uma forma de fornecer acesso aos serviços de Saúde quando a distância é um fator crítico. Evidentemente, não substitui uma consulta presencial. É apenas uma alternativa para quem não tem nenhuma outra. E ela se insere no sistema de saúde como parte da cadeia de cuidados”.
Na sequência, completou dizendo que a Telemedicina não é a resposta para tudo. “A cefaleia é um ramo específico? Ok, vamos ver os resultados dos estudos, buscar a Medicina baseada em evidências. A Telemedicina também tem seus parâmetros, regras e conhecimentos. É, para se ter noção, uma disciplina de 80 horas na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – ou seja, é um ramo do conhecimento e pode ser melhor compreendida”, argumentou Domingues.
Outras atividades
Pela manhã, o Congresso no Centro de Convenções Rebouças já tinha realizado duas atualizações (uma básica e uma avançada) sobre cefaleia, além de um workshop teórico-científico. Além disso, houve a solenidade de abertura do evento.
Ao mesmo tempo em que se debatia Telemedicina, outra sala era dedicada à Dor Orofacial, com presidência de Jorge Von Zuben. Os palestrantes foram Ricardo Tanus Valle (“Desordens do disco articular”), Liete Zwir (“Qual a conduta para os pacientes refratários ao tratamento conservador nas artralgias da ATM?”), Helen Rose Valente (“Como diagnosticar as DTMs musculares?”), Eduardo Grossmann (“Artrocentese ou viscossuplementação nos deslocamentos do disco?”) e Antônio de Brito (“Astrocopia da ATM é realidade ou promessa?”).
Mais tarde, houve ainda o simpósio-satélite da Novartis, cujo tema foi “Anticorpos monoclonais na profilaxia da enxaqueca: quando e para quem?”. Quem abriu a sessão foi Carlos Alberto Bordini. Ele foi seguido pela especialista italiana Cristina Tassorelli, que tratou dos “padrões de resposta ao Erenumabe de acordo com o perfil do paciente”. Completou a programação: Abouch Krymchantowski – falando de “Enxaqueca crônica”.
Na sexta e no sábado, o evento continua abordando temas como “Cefaleia na infância”, “DTM muscular”, “Cefaleia na mulher”, “Dores orofaciais”, “Sono”, “Cefaleias secundárias”, “Multidisciplinaridade em cefaleia” e “Fisioterapia”, entre outros.