II Jornada de Dor na Mulher atrai grande público à APM

No mês em que se celebra as conquistas históricas e sociais das mulheres, a Associação Paulista de Medicina realizou a II Jornada de Dor na Mulher, em 10 de março

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No mês em que se celebra as conquistas históricas e sociais das mulheres, a Associação Paulista de Medicina realizou a II Jornada de Dor na Mulher, em 10 de março. Com aulas de grandes expoentes da área científica, cerca de 150 pessoas participaram do evento.

A presidente do Comitê Científico de Dor da APM, Telma Zakka, idealizadora da atividade, deu boas-vindas aos participantes e ressaltou o crescimento gradual de interessados ao longo dos últimos encontros. “Em 2016, iniciamos a discussão com um simpósio. No ano passado, precisamos de uma sala maior para comportar os inscritos na I Jornada. E hoje, em um espaço ainda maior, temos vocês – como grupo presencial- e uma parte que está nos assistindo via webtransmissão”, comemora.

Segundo o coordenador científico do Comitê, Rogério Adas Ayres de Oliveira, a área científica da APM sempre teve como propósito abordar de forma aprofundada e dinâmica o assunto de dor na mulher, cujo interesse é alto na comunidade médica. “É um assunto muito atrativo na Medicina”, reforça.

Percepção da dor

O palestrante Hazem Adel Ashmawi, supervisor da Equipe de Controle de Dor da Divisão de Anestesia do Hospital das Clínicas da FMUSP, falou sobre o tema “Sexo e gênero: diferenças na percepção da dor”, conceituando os termos sexo – relacionado à identidade cromossômica, geneticamente determinado – e gênero, como o indivíduo se enxerga socialmente, para esclarecer o quanto ambos influenciam na sensação da dor.

“A dor aguda é uma experiência no mundo animal, necessária para a sobrevivência da espécie, com uma lógica de aumentar a chance de reprodução. Em nossos antepassados, por exemplo, na caça aos alimentos, poucos sobreviveriam se parassem para cuidar das feridas/dores, e havia uma seleção natural para aqueles que tinham maior resistência a dor. Por isso, sob aspecto biológico temos a influência do ambiente, sociocultural, afetiva, de expectativa, de fatores cognitivos e de idade, além das dores específicas de gênero”, explica.

No aspecto da dor crônica – doença debilitante com consequências lesivas para a condição física, psicológica e comportamental, de acordo com estudos apresentados por Ashmawi, mais de 40% das mulheres sofrem com esse trauma no mundo, que acomete apenas 30% dos homens.

“As diferenças da dor entre homens e mulheres se tornam frequentes na puberdade. As mulheres relatam dores mais fortes e frequentes em mais regiões corporais. Isso faz com que as elas visitem médicos de forma constante, façam mais uso de analgésicos ou prescritos por conta própria, levando à tendência de desenvolver a dor crônica”, alerta o especialista.

Atividade física e outros temas

Com a abordagem “Atividade física, plasticidade cerebral e saúde da mulher”, o palestrante Diego Toledo Reis, médico colaborador do Centro de Dor do Hospital das Clínicas da USP, esclarece que “plasticidade cerebral se refere à capacidade de mudança, não só durante o desenvolvimento do sistema nervoso, mas também é uma resposta à lesão, doença e terapia, podendo ser vista como adaptativa quando está associada a um ganho ou não adaptativa, relacionada à perda ou ao fenômeno de dor. A plasticidade acontece em toda a vida”.

O especialista ainda afirma que a atividade física contribui para a diminuição da dor. “O exercício é um fator protetivo, é uma função biológica que temos que estimular para melhorar as funções cerebrais. Precisamos do cérebro para fazer atividade física, ou seja, é um feedback contínuo.” Dentre os benefícios da prática estão a melhora na cognição, habilidade motora, habilidade e concentração e nas áreas do cérebro vinculadas à dor.

O evento ainda contou com as aulas “Cefaleia e o ciclo hormonal”, ministrada por Caio Simioni; “Endocrinopatias e dor”, por Malebranche Berardo Carneiro da Cunha Neto; “Sono e dor”, por Andrea Toscanini; “Endometriose: aspectos atuais”, por Lidia Myung; “Dor pélvica crônica não visceral”, por Telma Zakka; “Slow medicine e dor na mulher”, por José Carlos Campos Velho; e “Mindfulness e dor”, por Simone de Melo Maudonnet.