Novembro Azul: Webinar da APM debate Saúde masculina

Especialistas abordaram temas como câncer de próstata, disfunção sexual e prevenção

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No dia 13 de novembro, a Associação Paulista de Medicina promoveu um webinar voltado à Saúde masculina, em apoio à campanha Novembro Azul. O evento contou com apresentação do vice-presidente da entidade, João Sobreira de Moura Neto, moderação do diretor adjunto de Eventos, Geovanne Furtado, e palestras dos urologistas Cristiano Gomes e Miguel Srougi.

“Nosso objetivo é conscientizar sobre a importância do Novembro Azul, incentivando os homens a superarem estigmas relacionados à Saúde e adotarem o autocuidado. Durante o webinar, especialistas discutirão temas essenciais, como a falta de acompanhamento médico regular, os mitos sobre o câncer de próstata e a relevância dos exames preventivos”, explicou Sobreira na abertura do evento.

Câncer de próstata

Durante o debate, Geovanne Furtado questionou Miguel Srougi sobre a relevância do Novembro Azul para o bem-estar dos homens. Segundo o especialista, a campanha é crucial, especialmente para desmistificar o câncer de próstata, que ainda carrega um estigma significativo na sociedade. “Este tumor acomete um a cada oito homens, o que representa um número expressivo. Por isso, precisamos discutir amplamente essa questão”, ressaltou.

Srougi destacou que, quando detectado precocemente, o câncer de próstata possui uma alta taxa de cura. “Em média, conseguimos tratar de 80% a 90% dos casos detectados no início”, afirmou, acrescentando que os resultados podem variar conforme a complexidade do quadro. Ele enfatizou ainda que a doença é altamente curável quando identificada enquanto está confinada à próstata.

No entanto, o especialista alertou sobre os riscos da detecção tardia, causada por negligência ou falta de acesso ao sistema de Saúde – um reflexo das desigualdades sociais no Brasil. Quando o câncer não é diagnosticado a tempo, o tratamento se torna mais complexo e as chances de cura diminuem, segundo ele.

Srougi também explicou que as campanhas de prevenção frequentemente identificam tumores indolentes, que podem levar de 15 a 20 anos para se espalhar. “Entre 20% e 25% dos casos detectados em campanhas não exigem tratamento imediato. Nestes casos, optamos pela vigilância ativa, com exames regulares a cada seis meses ou um ano, incluindo ressonâncias e, quando necessário, biópsias. Cerca de metade desses pacientes envelhece sem complicações causadas pelo câncer”, explicou.

Já em casos mais agressivos, que representam cerca de 15%, é necessário combinar tratamentos como radioterapia e hormonioterapia, por exemplo.

Saúde do homem

Cristiano Gomes destacou a importância de abordar a Saúde masculina de forma abrangente, indo além do câncer de próstata. “Os homens precisam entender que Saúde não é apenas a ausência de doenças, mas também qualidade de vida, autonomia e bem-estar em todas as fases da vida”, disse. Ele ressaltou a influência do estilo de vida no envelhecimento saudável, apontando que a prática regular de exercícios e uma alimentação equilibrada são essenciais para prevenir doenças.

O especialista também chamou a atenção para os desafios culturais e sociais que impactam a Saúde dos homens. “Ainda enfrentamos barreiras comportamentais. Muitos homens só buscam ajuda médica em estágios avançados de uma doença, o que pode ser fatal em casos de câncer de próstata e outras condições crônicas”, alertou.

Outro tema abordado foi a disfunção sexual, que ainda é um tabu para muitos homens. Gomes revelou que cerca de 40% dos homens apresentam algum grau de disfunção sexual, mas poucos procuram tratamento. “A vergonha de discutir o problema impede muitos de buscarem soluções que poderiam melhorar significativamente sua qualidade de vida”, comentou.

O especialista explicou que, antigamente, a disfunção sexual era tratada de forma limitada, geralmente com reposição de testosterona. Hoje, os avanços na Medicina permitem diagnósticos mais precisos e tratamentos eficazes, que incluem terapias combinadas, como medicamentos específicos e psicoterapia.

Por fim, Geovanne Furtado reforçou a importância da disseminação de informações para promover uma mudança cultural: “Precisamos desmistificar a ida ao médico e incentivar a realização de exames preventivos. Quanto mais conhecimento compartilharmos, maiores as chances de salvar vidas e melhorar a qualidade da Saúde dos homens”, concluiu.

Fotos: Reprodução/Webinar