Apneia do sono é tema de mais uma edição do Sleep Talks da APM

Em continuidade aos Sleep Talks, série de lives sobre Medicina do Sono que a Associação Paulista de Medicina promove em seu Instagram, os especialistas Erika Treptow e Maurício Bagnato discutiram a identificação das causas e a apresentação clínica da apneia obstrutiva do sono (AOS)

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Em continuidade aos Sleep Talks, série de lives sobre Medicina do Sono que a Associação Paulista de Medicina promove em seu Instagram, os especialistas Erika Treptow e Maurício Bagnato discutiram a identificação das causas e a apresentação clínica da apneia obstrutiva do sono (AOS), um distúrbio cuja prevalência aumenta a cada década em todo o mundo.

“Atualmente, acredita-se que 25 milhões de pessoas no Brasil são portadoras de apneia do sono em formas moderadas e graves. É um tema muito importante e vamos começar falando sobre a definição do que é a apneia”, introduziu Treptow.

Como explicou Bagnato, a AOS tem de ser vista como um espectro, que começa com o roncador leve e que se intensifica até a obstrução total, passando pelos indivíduos com resistência aumentada de vias áreas ou hipopneia (condição em que a redução do fluxo de ar é de cerca de 30%, enquanto na apneia pode ser de cerca de 90%).

E por que a apneia ocorre? Segundo o especialista, que também é pneumologista, quando há um desequilíbrio entre pressão crítica de abertura da faringe e a pressão inspiratória. Ele também lembrou que essas condições tendem a se apresentar mais em homens a partir dos 40 anos e em mulheres a partir dos 50 ou 60 anos.

Diagnóstico
Após abordar a definição, Erika ressaltou a importância de os médicos reconhecerem a AOS – e não somente os especialistas. Outros profissionais de Saúde, inclusive, podem também reconhecer a doença, segundo a médica.

“Temos muitos sinais, mas se tivesse que olhar um sintoma mais frequente e sensível, é o ronco. Se o paciente ronca, não chega, porém, a ter um quadro de AOS. Mas temos algumas pessoas que apresentam o que chamamos de ronco ressuscitativo: quando acorda durante a noite com sensação de sufocamento. Esse sim é um sinal muito específico da presença de apneia obstrutiva do sono.”

Outro sintoma importante, segundo a especialista, é a noctúria: aumento da frequência de idas ao banheiro para urinar durante a noite. Ela também lembrou que, na Medicina do Sono, muitas vezes o doente não repara nos seus sintomas, sendo importante a presença de um acompanhante que possa auxiliar o médico durante as consultas.

“Além disso, há as consequências durante o dia. Uma muito frequente, nos adultos, é a sonolência excessiva diurna. Ela pode se manifestar de diversas maneiras: dificuldade de concentração, queixa de diminuição da memória e casos mais graves, com pessoas cochilando quando param no sinal. Outro sintoma comum é a cefaleia matinal”, adicionou Erika Treptow.

Tendências
Na sequência, Bagnato falou sobre um perfil esperado dos indivíduos com AOS. Ela costuma ocorrer mais em obesos, pessoas com alterações na mandíbula ou craniofaciais, ou em pessoas com o nariz muito fechado. As pessoas mais longilíneas, com pescoço mais fino, tendem a ter menos apneia. O pneumologista também chamou atenção para a sonolência e irritabilidade presente nos apneicos.

O médico ressaltou, porém, que essas são apenas tendências e não definidores absolutos. “A Ciência evoluiu e vimos que tem muita coisa por trás disso. Atendi um triatleta de 30 anos com uma apneia brutal. Há vários outros fatores.”

“A gente pensava que a apneia tinha cara, mas os estudos mostraram que não é só uma anatomia ruim que leva à AOS. Essa questão está presente em apenas 24% dos casos”, comentou a mediadora do debate. A especialista também indicou que antigamente se pensava que o paciente sempre acordava para voltar a respirar durante a noite, mantendo o fluxo de oxigênio. “Nem toda apneia termina com o despertar. Pelo contrário. Pessoas que não despertam podem talvez perpetuar seu quadro.”

A partir de uma questão dos participantes, Bagnato afirmou que o cenário da Medicina do Sono hoje no Brasil está evoluindo. Ele indicou, inclusive, que a Associação Brasileira de Medicina do Sono traz, em seu site, uma lista com os profissionais habilitados para tratarem nesta área de atuação.

“Temos muitos avanços em Medicina do Sono. Hoje, fazemos tratamentos multiprofissionais. Há a presença de fonoaudiólogos, dentistas, outros profissionais de Saúde, médicos etc. Assim, conseguimos tratar de maneira mais uniforme e personalizada”, concluiu Erika.