12º Sleep Talks foca em apneia do sono nas crianças

Na última terça-feira, 27 de outubro, a Associação Paulista de Medicina transmitiu mais uma edição da Sleep Talks, série de lives sobre Medicina do Sono que a instituição promove em seu Instagram

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Na última terça-feira, 27 de outubro, a Associação Paulista de Medicina transmitiu mais uma edição da Sleep Talks, série de lives sobre Medicina do Sono que a instituição promove em seu Instagram. Os especialistas voltaram a debater a apneia obstrutiva do sono (AOS), mas focando, desta vez, nas crianças e adolescentes.

Erika Treptow, médica do Sono e mediadora do encontro, introduziu o assunto falando que, como discutido na última edição da Sleep Talks, a apneia tem sintomas e sinais claros nos adultos, mas que este cenário é diferente para os mais jovens.

Segundo o convidado da edição, o médico do sono Gustavo Moreira, nos adolescentes surgem sinais mais parecidos com os dos adultos, sobretudo a sonolência excessiva diurna, que aparece quando o individuo não dorme bem por conta da AOS. “Nas crianças até 12 anos, é incomum haver sonolência. Basta ver que as crianças estão sempre acordadas e agitadas. As com apneia têm alteração de comportamento, caracterizada por hiperatividade, falta de atenção e agressividade. É difícil fazer esse diagnóstico”, avaliou.

O especialista também chamou atenção para os sintomas diurnos apresentados pelas crianças, como o ronco. Diferentemente do que entendemos comumente por essa manifestação, porém, nos pequenos o som pode parecer mais com um chiado, como se tivesse o nariz entupido ou uma crise asmática. Se há ronco três ou quatro vezes por semana, existe a possibilidade de AOS.

“Os pais também percebem, às vezes, que a criança para de respirar e possui aquele ronco mais alto ao fim do silêncio. Ou mudam muito de posição, estendendo o pescoço ou também se sentam na cama – nos casos mais graves. A criança com apneia, às vezes, não desenvolve o controle do esfíncter urinário, fazendo xixi na cama por período mais prolongado”, completou Moreira.

Segundo os debatedores, é incomum que exista AOS em crianças de até um ano de vida. Entre dois e sete anos, porém, com o crescimento da amígdala e a adenoide, ela pode surgir. Isso porque, muitas vezes, o crescimento da garganta, do osso ou dos músculos não acompanha o da amígdala.

Esse cenário tem se alterado por conta da epidemia de obesidade com que a sociedade convive, transformando essa condição em um fator de risco para as crianças. Conforme Erika Treptow, cerca de 15% das crianças brasileiras são obesas. Por outro lado, a médica do sono também falou sobre a relação entre as crianças com dificuldade de crescimento e a apneia.

Há muitas décadas, já se sabe que as crianças crescem mais após operarem por problemas na amígdala ou adenoide. “Com o tempo, os estudos mostraram que crianças com ronco e

AOS crescem pouco. Por quê? Como dormem mal, produzem menos hormônios de crescimento. O gasto energético para respirar também é maior”, acrescentou Moreira.

Tratamentos
Conforme a moderadora do debate, nas crianças com apneia obstrutiva do sono, muitas vezes a cirurgia é curativa, sendo o tratamento definitivo. “Em outros casos, tem a questão da obesidade, de manter o peso da criança, esperando o crescimento e diminuindo o depósito de gordura em volta da via aérea.”

Segundo a médica, em outros casos, mesmo fazendo a cirurgia, é possível que se mantenha uma apneia residual. Assim, é necessário um tratamento conjunto com outros profissionais, como os fonoaudiólogos ou os dentistas. Em outros casos, o aparelho de pressão CPAP tem de ser utilizado.

Para Moreira, esse é o tratamento de exceção, visto que as alternativas costumam funcionar, se reservando a casos graves, com alterações de síndromes genéticas, obesidade destacada ou alteração craniofacial importante.

“Você tem que imaginar que essas crianças já têm alterações de comportamento e que o CPAP é difícil até para os adultos. É uma situação desafiante. Além de modular a pressão, é preciso acostumar a criança colocando aos poucos a máscara, a touca e a pressão”, completou o especialista.