No dia 9 de março, a Comissão Organizadora do XVIII Congresso Paulista de Medicina do Sono, que ocorrerá de forma gratuita e virtual, nos dias 9 e 10 de abril, realizou mais uma edição de warm up para apresentar as novidades do evento, em termos de pesquisas e diretrizes em tratamentos, além das aulas de imersão. A reunião foi mediada pela médica Erika Treptow e transmitida no YouTube da APM.
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“[As aulas de imersão] São cursos para as pessoas que já assistiram alguma palestra do congresso [passado] ou que tem vontade de se aprofundar em assuntos específicos de distúrbios do sono. Entre eles, teremos debates sobre insônia, uso da melatonina e respiração”, introduziu Treptow, especialista em Pneumologia com área de atuação em Medicina do Sono.
Esses módulos serão realizados nos dias 17 e 18 de abril, das 8h às 18h. Neste aquecimento, os organizadores deram destaque aos temas “Importância da avaliação do oxigênio nos distúrbios respiratórios do sono” e “Tratamento cirúrgico da apneia obstrutiva do sono (AOS)”.
A apneia obstrutiva do sono é caracterizada por interrupções na respiração, acompanhadas de momentos de dessaturação da oxiemoglobina (baixa dos níveis de oxigênio). “Na prática, atentamos muito aos índices de apneia e hipopneia no sono. Por um lado, nos ajuda a ver a gravidade da doença. Por outra, fala muito pouco sobre as características e as consequências da apneia obstrutiva do sono”, ressaltou a pesquisadora.
No decorrer dos anos, reiterou Treptow, novos parâmetros cada vez mais recentes surgiram com amostras de associação da doença com mortalidade cardiovascular, por exemplo. “Uma das primeiras ideias do curso é de desmistificarmos um pouco sobre esses parâmetros, como se avaliam e em quais as doenças as medidas devem ser vistas de uma maneira mais importante. Para isso, abordaremos também durante o congresso as doenças que afetam o oxigênio, principalmente, as neuromusculares, a síndrome da obesidade com ventilação e as pulmonares.”
Na sequência, o otorrinolaringologista George Pinheiro explicou que a avaliação da oxigenação no sangue durante a apneia do sono tem impacto cardiovascular e metabólico significativo. “Temos, de certa forma, quatro tipos de avaliação dos distúrbios respiratórios do sono e temos muito da polissonografia em laboratório. Realmente é um evento completo em que avaliamos diversas variáveis. Um segundo método, também completo, pode ser feito fora do laboratório do sono, além de outros mais simplificados que seriam uma avaliação cardiorrespiratória e o tipo 4 que seria unicamente a oximetria.”
Tratamento cirúrgico
Em termos de tratamento cirúrgico da AOS, a aula de imersão trará a atualização de cirurgia de vias aéreas superiores para o tratamento da apneia obstrutiva do sono, através de diferentes técnicas cirúrgicas existentes. Dentre as terapias existentes hoje, têm-se perda de peso, uso de aparelho intraoral, fonoterapia, CPAP, terapias hormonais e tratamento de refluxo.
O otorrinolaringologista com atuação em Medicina do Sono, Danilo Anunciatto Sguillar, informou que os novos recursos de individualização terapêutica aplicados hoje na área ponderam melhor a avaliação clínica dos pacientes. “Por exemplo, conseguimos avaliar os fatores anatômicos favoráveis, se tem alteração de um sítio anatômico isolado ou outros, o peso, a idade, se o ideal é responder por aparelho intraoral ou fonoterapia. Em outras palavras, os trabalhos estão caminhando para a segmentação, uma peça-chave para o diagnóstico.”
Na mesma linha, a otorrinolaringologista Tatiana Vidigal reforçou a necessidade de os especialistas da área conhecerem profundamente as características clínicas dos pacientes. “Temos os fenótipos clínicos, anatômicos, de polissonografia e os fisiopatológicos que são traços individualizados para podermos realizar o manejo mais correto dessas pessoas.”
Em indivíduos com a doença mais leve pode não haver a necessidade de intervenção cirúrgica. “Em pacientes com uma apneia moderada grave, temos uma preocupação maior e precisamos dar um leque maior de opções de tratamento. E quando pensamos em cirurgia, precisamos avaliar se eles serão realmente beneficiados”, acrescentou Vidigal.
Ela acrescentou que os cuidados pós-operatórios dos pacientes com apneia do sono devem levar em consideração as comorbidades associadas, como doenças metabólicas importantes, sejam relacionados à hipoxemia ou à obesidade.
O curso de imersão abordará ainda os temas:
– Pediatria: abordagem dos dois transtornos do sono prevalentes na infância, mostrando opções terapêuticas farmacológicas e estratégias comportamentais para o manejo de ambas as condições;
– Prática clínica no idoso: habilidades na abordagem dos transtornos do sono baseado nas particularidades da população idosa;
– Insônia I: conceito e diagnóstico: informações para a segurança do diagnóstico de insônia, como classificar e como escolher os métodos diagnósticos.
– Insônia II: tratamento não-farmacológico e farmacológico: informações para a adequada escolha do tratamento, incluindo as bases dos métodos não farmacológicos e farmacológicos.
– Evidências sobre melatonina: situar a melatonina no contexto brasileiro, mostrar seu papel como cronobiótico e suas aplicações clínicas.
– Sonolência excessiva diurna (SED): as principais queixas na Medicina do Sono, mostrando sua diversidade etiológica e abordagem terapêutica.
A médica Andrea Toscanini é a presidenta do Congresso. Fazem parte da comissão organizadora os especialistas Alexandre Azevedo, Álvaro Pentagna, Erika Treptow, Maurício Bagnato e Tatiana Vidigal. As inscrições para o Congresso e para as aulas de imersão já estão abertas.