Na última quarta-feira, 16 de outubro, a Associação Paulista de Medicina promoveu o webinar intitulado “Outubro Rosa – da Prevenção ao Tratamento do Câncer de Mama”. O evento trouxe como palestrante o professor livre-docente Afonso Celso Pinto Nazario, chefe da Disciplina de Mastologia da EPM/Unifesp, membro do Comitê de Referência em Oncologia do Estado de São Paulo e titular da Academia Brasileira de Mastologia.
O presidente da APM, Antonio José Gonçalves, deu início ao encontro ressaltando a importância da iniciativa Outubro Rosa. “Este mês é dedicado à prevenção do câncer de mama, uma condição que afeta predominantemente mulheres. O diagnóstico precoce pode levar à cura na maioria dos casos. Este webinar é voltado não apenas para médicos, mas também para estudantes de diversas áreas da Saúde e para o público em geral”, afirmou.
Os moderadores Marcos Cabello, diretor de Comunicações da APM, e Marianne Yumi Nakai, diretora Científica adjunta, também contribuíram para o encontro. “É um grande prazer receber o amigo Afonso Nazario, que compartilhará informações valiosas. A mama é o que define a mulher, então o câncer de mama tem um significado emblemático na vida das mulheres”, destacou Cabello.
“Devemos abordar constantemente esse assunto, pois o câncer de mama representa um marco significativo na vida feminina e possui um alto potencial de mutilação”, complementou Marianne.
Logo no início de sua apresentação, Afonso Nazario contou que a iniciativa Outubro Rosa teve início em 1990, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure organizou uma corrida em Nova York para a conscientização sobre o câncer de mama. Desde então, o movimento se expandiu globalmente, promovendo a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Incidência e Mortalidade
“Excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, com uma incidência crescente em todas as faixas etárias. Em média, 25% dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres na pré-menopausa”, explicou o palestrante.
Em 2022, os Estados Unidos registraram 287.850 casos de câncer de mama. Em segundo lugar está o câncer de pulmão, com 118.830 casos, seguidos pelos cânceres de cólon e reto com 70.340 casos, endométrio com 69.950 casos e melanoma com 42.600 casos.
No Brasil, a estimativa do INCA para 2023-2025 em relação a novos casos de câncer de mama é de 73.610. Depois aparece o câncer de cólon e reto com 23.660, seguidos pelos cânceres de colo do útero com 17.010, pulmão e brônquios com 14.540 e tireoide com 14.160 casos.
“No caso da Região Sudeste, a incidência sobe para 84,66 casos novos para cada 100 mil habitantes, porque os fatores de risco do câncer de mama têm muito a ver com a industrialização. No estado de São Paulo, são aproximadamente 20 mil novos casos todo ano, sendo que na capital estão quase um terço deste número.”
O médico reiterou que a incidência está crescendo no Brasil. “Se compararmos o biênio 2018 e 2019, tínhamos cerca de 60 mil casos novos de câncer de mama. Em 2024, esse número aumentou para quase 74 mil.”
Acrescentou que a taxa de mortalidade no Brasil continua elevada, diferente dos países desenvolvidos, porque o câncer de mama ainda é diagnosticado tardiamente. “Ainda há muitos casos em nosso País, infelizmente, pelo menos em nível público, porque ainda são diagnosticados em fases avançadas, representando 60%. Em 2020, foram 17.825 óbitos por conta desta doença em nosso País”, complementou.
No caso das mulheres jovens, a doença tem alta taxa de mortalidade, porque muitas vezes é diagnosticada em fase mais avançada. “Além disso, biologicamente, ele acaba tendo um comportamento mais agressivo do que nas pacientes mais idosas.”
Diagnóstico e Tratamento
De acordo com Afonso Nazario, o melhor exame para prevenção do câncer de mama é a mamografia, porque detecta a doença logo no início. Autoexame, exame físico, exames de imagem e diagnóstico percutâneo e anatomopatológico estão entre os métodos de diagnósticos complementares e eficazes.
“O rastreamento mamográfico reduziu cerca de 30% a mortalidade em mulheres acima de 50 anos e 19% entre 40 e 49 anos. Em São Paulo, orientamos que o rastreamento mamográfico seja anual e iniciado aos 40 anos. Outros métodos de imagem podem contribuir no rastreamento, como ultrassonografia, ressonância magnética e tomossíntese. Em geral, o tratamento do câncer de mama é multimodal.”
Entre as indicações de tratamento da doença estão cirurgia, radioterapia, quimioterapia, endocrinoterapia, imunoterapia e terapia-alvo.
Um estudo em São Paulo revelou que a média de tempo para que uma paciente inicie o tratamento no serviço público, após perceber um nódulo ou realizar uma mamografia, é de sete meses e meio, um atraso significativo, considerando que o câncer pode dobrar de tamanho a cada seis meses.
Por fim, o especialista acrescentou que, para prevenir o câncer de mama, alguns fatores são importantes, como evitar substâncias tóxicas (etilismo, terapia de reposição hormonal prolongada); praticar atividade física; ter um sono reparador e de qualidade; alimentação adequada; controlar o estresse e doenças emocionais; e estimular conexões sociais.
Fotos: Reprodução Webinar