Ministério da Saúde divulga dados sobre acidentes ofídicos no Brasil

Órgão aponta que este foi o quarto tipo de acidente por animal peçonhento mais notificado em 2023

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No dia 8 de outubro, a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, publicou um Boletim Epidemiológico com dados sobre acidentes ofídicos no Brasil em 2023. Segundo o documento, esses acidentes ocorrem devido a mordidas de serpentes.

Em 2022, foram registrados 342.713 casos de acidentes causados por picadas de animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Esse tipo de acidente foi o quarto mais notificado no ano, com 32.595 ocorrências (9,51%).

Regiões e estados

De acordo com o boletim, os estados que mais notificaram acidentes ofídicos em 2023 foram Pará (5.234), Minas Gerais (3.410) e Bahia (3.276). As regiões Norte e Nordeste, juntas, notificaram quase dois terços dos acidentes, apesar de representarem apenas 36% da população brasileira.

Com relação ao coeficiente de incidência, os estados de Roraima (81,81 por 100 mil habitantes), Pará (59,63 por 100 mil habitantes) e Acre (51,83 por 100 mil habitantes) lideram as notificações. A região Norte teve um coeficiente de incidência de 51,84 por 100 mil habitantes, cerca de 3,4 vezes maior que a média nacional que é 15,28 casos por 100 mil habitantes.

Foram registrados 143 óbitos por ofidismo em 2023. Os estados com o maior número de mortes foram Bahia (24), Pará (17) e Minas Gerais (15). A região Nordeste foi a que mais registrou óbitos (46), seguida da região Norte (45).

Características

A maioria das vítimas de mordidas de cobra é do sexo masculino (75,77%), sendo 60,94% autodeclarados pardos, 64,68% com idade entre 20 e 59 anos e 76,24% residentes em áreas rurais. Entre os trabalhadores da agricultura, 70,76% são homens, o que explica a maior incidência entre eles.

Os povos indígenas apresentaram a maior taxa de letalidade, com 1,05%, e têm 2,79 vezes mais chance de evoluir para óbito em comparação às pessoas autodeclaradas brancas.

A chance de óbito é maior entre os idosos acima de 80 anos, sendo 28,71 vezes maior do que entre pessoas de 30 a 39 anos. O documento destaca ainda que um estudo anterior constatou maior incidência de lesão renal aguda em idosos após acidentes botrópicos – causado por serpentes da família Viperidae, dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararacuçu, jararaca, urutu, caiçaca, comboia) -, em comparação com pessoas mais jovens.

Os pés são a parte do corpo mais afetada pelas mordidas de serpentes, representando 52,82% dos casos. O boletim observa que essa porcentagem varia de acordo com a espécie da serpente.