O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, publicou recentemente uma nova edição do Boletim Epidemiológico, que apresenta o panorama dos casos de doença renal crônica no Brasil entre 2010 e 2023. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 10% da população mundial sofre da condição.
De acordo com o órgão, tanto o aumento acelerado da prevalência dessa patologia quanto sua mortalidade têm chamado a atenção de especialistas, levando ao reconhecimento da doença como um dos grandes desafios à saúde pública global no século 21. Isso se deve, em parte, ao envelhecimento populacional e ao aumento de pessoas com hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, conforme explica o documento.
Cenário
O Boletim aponta que, entre 2019 e 2023, o total de atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS) a pessoas com doença renal crônica foi maior nas regiões Sudeste e Sul. O Nordeste aparece em terceiro lugar, seguido pelas regiões Centro-Oeste e Norte. O ano com maior número de casos desde o início dos estudos foi 2023, com 187.182 registros.
Na análise do número e percentual de atendimentos na APS por sexo biológico, o documento identifica um maior número de assistências aos pacientes do sexo masculino (305.632) em comparação às do sexo feminino (275.170).
Em relação à faixa etária, o Ministério da Saúde indica que a maioria dos atendimentos ocorreu entre pessoas de 50 a 79 anos, correspondendo a 68% do total, em que a distribuição destes se manteve superior nessa faixa etária durante os cinco anos analisados, alcançando o maior índice em 2022 e 2023, com 68,3% dos atendimentos.
Morbidade e mortalidade
Sobre morbidade hospitalar, que se refere ao número de pessoas que contraem uma doença em determinado grupo, os dados revelam uma trajetória ascendente no total de internações por doença renal crônica entre 2010 e 2023. Nesse período, o número de internações aumentou de 84.337 para 140.648.
O total de óbitos decorrentes da doença apresentou variações, com um aumento significativo em 2019, quando foram registrados 8.442 óbitos.
A análise também mostra uma diferença considerável entre os sexos, com taxas de mortalidade mais altas entre os homens, em 2010, os índices eram de 3,4 óbitos por 100 mil habitantes, subindo para 4,7 em 2022. Entre as mulheres, as proporções foram menores, 2,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2010, aumentando para 3,2 óbitos por 100 mil habitantes em 2022.
A população entre 60 e 69 anos apresentou as maiores taxas de mortalidade prematura por doença renal crônica. Em 2010, o número foi de 9,5 óbitos por 100 mil habitantes, subindo para 9,6 em 2022, com picos de 10,8 óbitos por 100 mil habitantes em 2018 e 10,6 em 2019.
Transplante de rim
De acordo com o Ministério da Saúde, os dados sobre transplantes de rim realizados nas diversas regiões e unidades federativas mostram um aumento gradual no número total de transplantes, atingindo o pico em 2019. No entanto, os anos seguintes registraram uma notável queda, com uma retomada gradual entre 2022 e 2023.
Essa variação pode ser atribuída às complicações impostas pela pandemia de Covid-19, evidenciando as delicadas interconexões entre a saúde pública e os procedimentos médicos, conforme destacou o órgão público.