Dando sequência às ações de Agosto Dourado, a Associação Paulista de Medicina promoveu, na última quarta-feira, 21 de agosto, webinar especial sobre “Aleitamento Materno – desafios no século 21. Como apoiar a amamentação?”.
Antonio José Gonçalves, presidente da APM, iniciou o encontro falando da satisfação de discutir este tema, especialmente neste mês de agosto. “O aleitamento materno é extremamente importante para as nossas crianças e é fundamental que a nossa entidade divulgue cada vez mais para a sociedade.”
Pediatra e diretor adjunto de Previdência e Mutualismo da APM, Clóvis Constantino agradeceu o convite para moderar o webinar. “Estou muito agradecido em participar. Para a Sociedade Brasileira de Pediatria, o aleitamento materno é uma cláusula pétrea, é indiscutível. Não abrimos mão de incentivá-lo para as mães, para que seus bebês sejam mais saudáveis. Lá nós temos 32 departamentos científicos – um deles é dedicado exclusivamente ao aleitamento materno, e a presidente é a professora Rossiclei Pinheiro, pediatra neonatologista e membro do Conselho Fiscal da Associação Médica Brasileira – e também palestrante deste fórum.”
O professor do Curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e vice-presidente da Comissão Nacional de Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Corintio Mariani Neto, também participou como moderador do webinar e comentou estar honrado e feliz por tratar deste assunto junto da Associação Paulista de Medicina. Ele, que também é diretor Técnico do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, explicou que desde o início do pré-natal é fundamental que o obstetra acentue para a grávida a importância do aleitamento materno e não apenas na maternidade quando for nascer o bebê.
“Pesquisas mostram que a maioria das mulheres sabe que o leite materno é o melhor alimento para o bebê – 97% no Brasil responderam desta maneira. O que elas têm dúvidas é se vão conseguir amamentar ou não, em função de tantas coisas que escutam, às vezes positivas e outras negativas. Então elas dependem de alguém que dê o suporte necessário desde o descobrimento da gravidez. O leite materno é o melhor do mundo para os bebês até os seis meses de vida – e depois se torna complementar até os dois anos de idade”, acrescentou Neto.
Ainda de acordo com ele, é importante que o aleitamento materno comece precocemente desde a sala de parto. “Apesar de todas as evidências, temos barreiras culturais, porque vivemos a cultura da mamadeira e precisa ser descontruída, mostrando que o normal não é a mamadeira e, sim, o peito. Precisamos trabalhar cada vez mais para despertar o interesse e fazer a coisa certa. O aleitamento materno previne o câncer de mama, e as pacientes terão menos a doença se amamentarem mais. No mundo, se imagina que se mais mulheres amamentassem por ano, nós teríamos pelo menos 20 mil casos a menos de mortes por câncer de mama, além de tantos outros benefícios. É papel do obstetra dar suporte à mãe desde o pré-natal e incentivar as pacientes. Além disso, quero chamar a atenção para o contato pele a pele entre mãe e bebê.”
Amamentação e mortalidade infantil
A professora Rossiclei Pinheiro iniciou sua participação no webinar compartilhando um dado da Organização das Nações Unidas (ONU), no qual mostra que o Brasil cumpriu a meta de redução da mortalidade infantil. De 1990 a 2015, o País reduziu o índice em 73%.
“Precisamos aumentar para 70% as taxas de aleitamento materno exclusivo por 6 meses até 2030 – atualmente, a taxa é de 45,8%. E também precisamos aumentar para 60% a taxa de aleitamento materno continuado até o segundo ano de vida das crianças ou mais – que hoje é 45%”, complementou a pediatra.
Segundo a presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, no Brasil quase todas as crianças foram amamentadas alguma vez (96,2%), sendo que dois em cada três bebês são amamentados ainda na primeira hora de vida (62,4%).
“É preciso treinar as equipes sobre amamentação para o profissional auxiliar a mãe a colocar seu bebê no peito. É necessário referenciá-la em busca de sua rede de apoio – profissional de Saúde, pediatra e obstetra são as maiores referências para as famílias. Mostrar que estamos juntos com eles e queremos o melhor para o bebê. Amamentar é mais do que um ato, é uma política de saúde pública e a gente deve falar para toda a população”, complementou Pinheiro.