Webinar da APM fala sobre “Importância da Indústria Nacional de Equipamentos Médicos e de Insumos”

Para especialista, falar sobre Indústria da Saúde é sempre uma grande oportunidade

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Na última quarta-feira, 14 de agosto, a Associação Paulista de Medicina exibiu mais uma edição de seu Webinar. Com o tema “Importância da Indústria Nacional de Equipamentos Médicos e de Insumos – Suas Oportunidades e Desafios Futuros”, a apresentação contou com a presença do presidente da APM, Antonio José Gonçalves, e foi moderada pelos diretores de Economia Médica e Saúde Baseada em Evidências, Álvaro Nagib Atallah e Paulo De Conti. A palestra, por sua vez, foi ministrada pelo engenheiro Paulo Henrique Fraccaro.

“Cada vez mais, a Indústria de Equipamentos vem tomando lugar na Medicina, algumas vezes até com algum exagero. De qualquer forma, remete os equipamentos médicos que nos auxiliam sobremaneira no sinalizar de nossos diagnósticos, na proposta e até mesmo nos nossos tratamentos”, disse Gonçalves.

“Marcamos este tema para que os médicos pudessem se inteirar da importância da Indústria Nacional de Equipamentos e de Insumos Médicos da indústria brasileira, para sabermos dados, dimensão, participação no PIB, oportunidades e futuros desafios”, relembrou De Conti.

Atallah, por sua vez, salientou que há uma defasagem muito grande no conhecimento médico a respeito de novas próteses, órteses e equipamentos médicos em geral. “Minhas especialidades dependem profundamente dessa indústria. Com certeza, será um evento muito rico de informações para todos nós.”

Cenário Industrial

De acordo com Paulo Fraccaro, no Brasil, atualmente, há uma vasta preocupação em relação ao fortalecimento da Indústria da Saúde nacional. Isso passou a ser intensificado após a pandemia, que mostrou a fragilidade deste setor ao precisar fornecer produtos simples, como máscaras, aventais e luvas, vendo que toda a produção havia sido dirigida a países de custo mais baixo.

“Vamos fazer uma análise rápida do País. Vamos considerar que o Brasil tenha 200 milhões de habitantes hoje. O que ele gasta para atender 150 milhões de habitantes é o mesmo que gasta para os 50 milhões restantes. Isso representa que ou eu estou gastando muito para 50 ou estou gastando pouco para 150. As duas afirmações acabam ficando corretas, porque muitas vezes, há desperdícios no tratamento dos 50 milhões enquanto falta atendimento para os 150 milhões”, explicou.

Fraccaro salientou, ainda, que para aqueles que possuem convênio médico, existe uma grande pressão para reduzir custos. Além disso, o cofre brasileiro é limitado. “Sempre se diz que o cofre é como se fosse uma pizza, para cada um tem um pedaço e se alguém quiser comer dois pedaços, alguém vai acabar ficando sem nada (…) Não há dúvida de que alguma coisa está errada e precisa ser consertada, enquanto isso, as empresas vão vivendo em um orçamento complexo.”

Inovação

Segundo o palestrante, assim como todos os outros segmentos, hoje a Saúde busca por inovação, uma ferramenta que venha facilitar o dia a dia das atividades, sejam elas pessoais ou profissionais. “O empresário que atende o mercado brasileiro tem que ter na sua premissa a redução de custo na Saúde.”

Ele destacou que se não for provado que está havendo uma redução de custos, o produto terá muita dificuldade em ser aprovado. Fraccaro também recordou que o Brasil exporta 2 bilhões de dólares, ou seja, o SUS importa 60% e consome 40% do que é fabricado aqui. Neste sentido, o Ministério da Saúde está com um projeto no sentido de que, até 2033, 70% dos insumos sejam fabricados no País.

“Eu vou procurar exportar os nossos produtos para países que tenham um sistema de saúde como o nosso. A indústria brasileira, hoje, produz entre 40% e 45% do que o consumo necessita, o restante vem importado. Será lançado um programa de financiamento para inovação dos hospitais que atendem SUS, que nós achamos ótimo, porque assim eu consigo levar a inovação a esses hospitais e elas poderão trazer benefícios a mais para os pacientes. Não adianta só criar fontes de financiamento para os fabricantes de produtos se não criar fontes de financiamento para os hospitais que irão adquirir esses equipamentos para que os pacientes possam ser beneficiados”, salientou.

Próximos passos

Ao finalizar a apresentação, Paulo Fraccaro fomentou que o pátio brasileiro está preparado para atender às demandas nacionais, ser inovador e que os benefícios devem ser mensuráveis. Não obstante, o engenheiro também mencionou os trabalhos que estão sendo feitos para beneficiar o setor da Saúde na Reforma Tributária.

“Nós estamos trabalhando avidamente para que os produtos da Saúde tenham 100% de isenção em seus tributos. Não tem sentido você pagar tributos para produtos da Saúde. A Reforma Tributária está em andamento, foi aprovada em primeira parte na Câmara, não nos atendeu, e agora a nossa luta será no Senado”, concluiu, relembrando que, embora seja engenheiro, há mais de 40 anos atua na Saúde.

Antonio José Gonçalves finalizou a apresentação indicando que a Associação Paulista de Medicina está sempre de braços abertos para receber novas ideias. “Isso é muito importante e acho que o nosso trabalho em conjunto é fundamental.”