Webinar da APM discute Síndrome da Fragilidade do Idoso

Na última quarta-feira, 7 de agosto, a Associação Paulista de Medicina realizou webinar sobre “Síndrome da Fragilidade do Idoso”

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Na última quarta-feira, 7 de agosto, a Associação Paulista de Medicina realizou webinar sobre “Síndrome da Fragilidade do Idoso”. Antonio José Gonçalves, presidente da APM, iniciou o encontro falando da sua satisfação em participar deste momento com colegas renomados, a fim de discutir um tema tão relevante como este – um dos mais discutidos nas áreas de Geriatria e Gerontologia.

“Agradeço muito a presença de todos vocês. Cada vez mais, o idoso vem ocupando espaço na preocupação dos médicos, na realização de protocolos e nas atitudes que realmente possam atender melhor essa faixa etária. Até porque a expectativa de vida do brasileiro e das pessoas, de uma maneira geral, tem aumentado de forma muito significativa”, destacou.

Antes de apresentar os palestrantes, o diretor Científico da APM, Paulo Pêgo Fernandes, comentou que o que mais tem visto são pessoas querendo viver mais. “Querem se tornar idosos, mas nem sempre estão felizes com a qualidade de vida. O idoso frágil traz preocupações extras em todos os sentidos, especialmente para nós, médicos. Hoje, estamos aqui para aprender mais sobre este tema com dois professores de altíssimo nível.”

A primeira convidada foi a geriatra e professora associada da Divisão de Geriatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Nereida Lima, que explicou sobre “Definições, epidemiologia e diagnóstico”. “Agradeço o convite da APM, é sempre um prazer falar sobre Síndrome da Fragilidade do Idoso.”

A segunda palestra foi ministrada pelo professor titular da Disciplina de Geriatria do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador do Núcleo de Pesquisas sobre o Envelhecimento e o Idoso da USP (NAPENV), Eduardo Ferrioli, que explicou sobre “Abordagem Terapêutica”.

Definições, epidemiologia e diagnóstico

De acordo com a geriatra, existem diferentes perfis de idosos. Entre eles, saudáveis – comorbidades que não afetam a função física; frágeis – necessidades médicas especiais, com alta capacidade de reversão do quadro e prevenção da incapacidade; e dependentes – nas ABVD’s (Atividades Básicas de Vida Diária) ao domicílio ou instituições de longa permanência.

A médica compartilhou, ainda, duas definições sobre a Síndrome da Fragilidade do Idoso. A primeira, segundo ela, é a clássica que diz “que é um estado de vulnerabilidade fisiológica relacionada à idade, resultante de reservas homeostáticas comprometidas, e uma capacidade reduzida do organismo resistir aos estressores. (Fried & Walston, 2002).”

A segunda definição cita “que a fragilidade é um estado dinâmico afetando um indivíduo que apresenta perdas em um ou mais domínios da funcionalidade humana (físico, psicológico e social), o que é causado por uma gama de variáveis e que aumenta o risco de desfechos adversos. (Gobbens, 2010).”

“Destaco os três pilares da fragilidade: sarcopenia, desregulação neuro-endócrina e disfunção imunológica. A partir do momento que qualquer fato inicia esse ciclo, seja por uma infecção ou outra alteração, um desses pilares acaba levando ao outro ou vice-versa”, detalhou a professora.

Segundo ela, a sarcopenia compreende alguns fatores de envelhecimento e comorbidades, e citou a redução de hormônios anabólicos, redução da atividade física, alterações das unidades motoras, mudanças miocelulares, atividade inflamatória, anorexia do envelhecimento e aterosclerose.

Nereida Lima reforçou que é preciso conhecer a Síndrome da Fragilidade do Idoso, incluindo suas consequências se não for tratada. “Lembrar que a fragilidade e a pré-fragilidade são muito prevalentes e é fundamental fazer o diagnóstico. Idosos podem ser frágeis mesmo parecendo robustos.”

Abordagem Terapêutica

Em complemento, Eduardo Ferrioli destacou a importância de identificar as causas da fragilidade da pessoa. “É necessária uma avaliação geriátrica ampla – cognição, humor, sensório, locomoção e aspectos sociais –, controle de doenças crônicas, polifarmácia e cessação tabagismo. A fragilidade precisa ser vista hoje como uma condição mutável, podendo ser revertida. O tratamento sempre é possível.”

De acordo com o professor da USP, o tratamento mais direcionado se desenvolve por intervenções dietéticas mais eficazes, com quantidade e tipo de proteína, co-ingestão de macronutrientes e compostos nutricionais.

“A Síndrome da Fragilidade do Idoso é um estado dinâmico, passível de intervenções. O tratamento tem como bases a avaliação geriátrica ampla, atuação interdisciplinar, controle de doenças crônicas e fatores de risco, dieta, nutracêutica e atividade física”, concluiu Ferrioli.