SP planeja quarta dose da vacina contra covid para toda a população

O Estado de São Paulo planeja administrar a quarta dose da vacina contra covid-19 em toda a população do Estado. Ainda não há data para o reforço na imunização, mas a aplicação não deve acontecer de forma imediata.

O que diz a mídia

Atualmente, a quarta dose é destinada apenas a imunossuprimidos, que, em geral, correm mais risco de ver a doença evoluir para quadros graves “Vamos adotar em São Paulo a quarta dose, independentemente de haver ou não recomendação do Ministério da Saúde”, afirmou o governador João Doria (PSDB), em entrevista à Rádio Eldorado.

Procurado pelo Estadão, o Ministério da Saúde informou que a recomendação é de que todos os Estados sigam as orientações do governo federal para o melhor andamento da campanha de vacinação.

Por ora, o ministério indica a administração de quarta dose apenas em imunossuprimidos acima de 18 anos. Para adolescentes com comorbidades, a pasta publicou uma nota técnica nesta quarta recomendando a aplicação de uma terceira dose, uma vez que esse público completou o esquema vacinal há menos tempo que os adultos.

“A hipótese (da quarta dose) já é avaliada pelo comitê científico. Não só avaliada, ela já é confirmada pelo comitê aqui do governo de São Paulo”, apontou o governador. Porém, ele destacou que, antes de iniciar esse novo momento da campanha de vacinação, é necessário avançar nas etapas anteriores da imunização para aumentar a cobertura vacinal no Estado.

“Estamos preparados para iniciar a quarta dose de reforço, mas fazendo um esforço ainda, antes de iniciar a quarta dose, para que as pessoas que não tomaram a segunda dose (vacinem-se)”, disse Doria.

“Avançando na segunda dose, nós aí já podemos iniciar em São Paulo a dose de reforço e a quarta dose, seguindo também uma ordem de faixa etária.
Como fizemos na terceira dose: nós começamos vacinando as pessoas de mais idade até chegar às pessoas com mais baixa idade”, disse Doria.

No fim de semana, a coordenadora do programa paulista de imunização, Regiane de Paula, já havia indicado que o governo de São Paulo poderia “ir além do Ministério da Saúde”.

Conforme mostrou o Estadão, São Paulo ainda tem 2,1 milhões de pessoas em atraso com a 2.ª dose da vacina da covid19, a maioria (1,1 milhão) na faixa de 12 a 29 anos.

Com o avanço rápido da variante Ômicron pelo Brasil, que fez elevar o número de infecções e de mortes, autoridades correm atrás dos faltosos e médicos destacam a importância de avançar a imunização.

Dados do governo de São Paulo indicam que, até ontem, 40,74 milhões de pessoas haviam recebido ao menos a primeira dose da vacina contra covid, o equivalente a 90,62% da população do Estado. Enquanto isso, 37,48 milhões receberam segunda dose ou aplicação única, o que corresponde a 80,99% do total. Com terceira dose, são 17,90 milhões, mais de um terço da população

AINDA SEM DEFINIÇÃO

O secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, frisou que o governo paulista ainda não definiu qual vai ser a estratégia para administrar a quarta dose em outros públicos além das pessoas imunossuprimidas, como transplantados e pacientes oncológicos. “Em que momento isso vai acontecer? Com qual vacina que será feita? Qual será a população-alvo?”, enumerou. “Isso está sendo discutido e definido no nosso Programa Estadual de Imunização.”

Coordenador do comitê científico que assessora o governo paulista, Paulo Menezes apontou que, enquanto a necessidade da quarta dose “já é bastante clara”, o que ainda precisa ser estabelecido é quando sua aplicação ocorreria. “Só faz sentido pensar na quarta dose na medida que tivermos uma boa cobertura na dose de reforço”, explicou Menezes.

“Diria que não é algo que vá começar imediatamente, mas que está na perspectiva para os próximos meses.” FOCO. Para a infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Raquel Stucchi, planejar a quarta dose neste momento não necessariamente tira o foco da busca por faltosos.

“Sem dúvida nenhuma, a prioridade, em termos nacionais, estaduais e municipais, é nós conseguirmos uma maior adesão à aplicação da terceira dose da vacina”, aponta a médica. “O esquema básico de proteção para enfrentarmos a Ômicron, para diminuirmos a chance de uma evolução grave da covid-19 pela variante Ômicron, é pelo esquema de três doses. Então, precisamos da terceira dose em todos acima de 18 anos.” “Mas, simultaneamente, sabemos que os idosos têm uma resposta subótima à vacinação.

Nossos idosos já foram vacinados com a terceira dose há quatro, cinco meses atrás, então já estão em um momento onde há uma diminuição expressiva da proteção garantida ou induzida pela vacinação”, continua. Nesse contexto, a infectologista acredita que é, sim, um momento propício para planejar a administração da quarta dose em idosos em um curto intervalo de tempo.

Fonte: O Estado de S.Paulo