Palavra do presidente – Sem destino

As discussões sobre o provimento de médicos fazem parte do cotidiano onde falta planejamento sobre o que fazer com eles. Urge tratar o assunto com seriedade, pois os profissionais da Medicina multiplicamse exponencialmente e não lhes é oferecido qualquer perspectiva.

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As discussões sobre o provimento de médicos fazem parte do cotidiano onde falta planejamento sobre o que fazer com eles. Urge tratar o assunto com seriedade, pois os profissionais da Medicina multiplicamse exponencialmente e não lhes é oferecido qualquer perspectiva.

A matéria tem sido traduzida em números rasos, desprovidos de qualquer significado, visto que o número de habitantes não expressa demanda, nem a quantidade de médicos será suficiente para assegurar sua distribuição e, ainda menos, sua qualificação.

É preciso eleger os problemas de Saúde a serem enfrentados, determinar sua prevalência, priorizá-los, delinear as intervenções diagnósticas e terapêuticas apropriadas a partir das melhores evidências disponíveis, definir cronograma de ações e assegurar recursos financeiros às soluções pretendidas.

Para cada problema escolhido haverá um fluxo de cuidados a oferecer, envolvendo um conjunto específico de profissionais de Saúde. No que tange aos médicos, o enfrentamento de determinada afecção, uma cardiopatia congênita, por exemplo, exige neonatologista capaz de identificá-la ao nascimento, intensivista e cardiologista capazes de mantê-la no pré e pósoperatório, cirurgião e anestesista especializados para as intervenções que se fizerem necessárias.

Acrescente-se às equipes os enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e tantos outros mais… Ofereçam-lhes, em distribuição estratégica, instalações adequadas, equipamentos, fármacos e demais insumos. Ter-se-á, ao final, um plano concreto, que permita prever quantos devem ser qualificados para sua execução e lhes seja reservado orçamento correspondente.

Somente assim será possível dimensionar o número de especialistas a serem formados, organizar os programas de graduação e de treinamento em pós graduação respectivos.

Sabendo o que se quer, e que há meios para consegui-lo, decidir-se-á com sensatez o caminho a seguir. Sem planejamento, nada disso faz qualquer sentido.

A falta de planejamento denota o descaso pela atenção à saúde das pessoas e desrespeito à dignidade dos profissionais da área.

Caminha-se sem ter onde chegar.

Os profissionais de Medicina multiplicam-se exponencialmente e não lhes é oferecido qualquer perspectiva

José Luiz Gomes do Amaral – Presidente da APM

Matéria publicada na edição 713 da Revista da APM – Setembro 2019.