Nesta quarta, 10 de julho, a Academia de Medicina de São Paulo realizou mais uma edição da tradicional Tertúlia Acadêmica, na sede da Associação Paulista de Medicina. A palestra “O desafio do tratamento da surdez no século XXI” foi conduzida pelo acadêmico e otorrinolaringologista, Ricardo Ferreira Bento, que também é professor titular de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O presidente da AMSP, Helio Begliomini, agradeceu a presença de todos e saudou, em especial, os colegas José Luiz Gomes do Amaral, vice-presidente da APM e ex-presidente da Academia de Medicina de São Paulo, e Eloisa Bonfá, diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Antes de passar a palavra para Ricardo Ferreira Bento, Begliomini fez uma breve apresentação sobre ele e sua trajetória profissional. Graduado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, em 1978, Bento fez residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Ele foi presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2008-2010) e também é membro de várias sociedades nacionais e internacionais.
“Ricardo é um dos membros mais ilustres que recebo aqui. Agradeço a sua participação e é um prazer muito grande tê-lo com a gente. Parabéns pela sua trajetória brilhante”, destacou o presidente da AMSP.
Ricardo, por sua vez, agradeceu o convite. “É uma honra estar aqui nesta casa, sou da Academia de Medicina de São Paulo há muitos anos e estar aqui, hoje, para dividir este trabalho com vocês é muito gratificante.”
O médico falou sobre o sentido da audição nos animais e destacou a defesa, a procura do alimento, a inserção no meio e a comunicação. De acordo com a Annual Global Burden of Disease Lancet 2017, a redução de audição ocupa o quarto lugar no ranking de anos de vida perdidos por incapacidade (YLD) – ficando atrás da lombalgia, enxaqueca e ansiedade.
Segundo o otorrinolaringologista, o ouvido funciona 24 horas por dia, 360° (graus). “Nós sabemos de tudo o que está a nossa volta por conta dele. A audição é o que mais estimula o cérebro. Antes, nós tínhamos muitas dificuldades para indicar um aparelho de audição para o paciente. Hoje, as coisas estão diferentes – antigamente, as opções de tratamento para a surdez, especialmente nos casos de perda de audição severa, eram muito limitadas.”
Ricardo, que é um dos pioneiros do implante coclear no Brasil, reforçou que se tratando da audição, tudo o que puder tratar precocemente é melhor. “Uma surdez súbita pode ser revertida quando identificada no início. Além disso, os bebês quando nascem já passam por uma triagem auditiva neonatal e tem funcionado bem. É feito o diagnóstico logo quando a criança nasce.”
Acrescentou ainda que a estimulação auditiva diminui em 9% os casos de demências precoces – sendo uma delas o Alzheimer. “A surdez é uma doença oculta, diferente de uma pessoa com deficiência visual.”
De acordo com ele, a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que cerca de 500 milhões de jovens e adultos terão perda auditiva até 2050, devido ao uso de fones de ouvido e celulares em volume alto e tempo prolongado. Além disso, o grande número de pessoas com perda de audição se deve aos hábitos rotineiros de exposição a ruídos, como a poluição sonora das grandes cidades, a falta do uso de equipamento de proteção individual durante serviços específicos, o envelhecimento populacional e práticas que atualmente preocupam a saúde pública, como a não vacinação e a recorrência de doenças infecciosas.
José Luiz Gomes do Amaral reiterou os agradecimentos ao palestrante. “Estou muito feliz e contente de poder participar desta Tertúlia ao lado do meu colega Ricardo. Tive o privilégio de acompanhá-lo em muitas cirurgias e é gratificante contemplar todo o seu belíssimo trabalho.”
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