Palavra do Presidente – A boutique e o fim de feira

O funesto programa "Mais Médicos" (Lei nº 12.871/2013) teve pelo menos três objetivos centrais:

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O funesto programa “Mais Médicos” (Lei nº 12.871/2013) teve pelo menos três objetivos centrais:

1. Abertura de cursos de Medicina.

2. Autorização para diplomados no exterior exercerem a Medicina no Brasil 

3. Abrir caminho para a transferência de recursos para Cuba, via tráfico de “intercambistas” cubanos.

Enquanto a atenção de todos e a “verve” dos políticos volta-se para a questão dos cubanos (objetivo 3), os objetivos 1 e 2 são amplamente atingidos. 

Os interesses explícitos da “indústria do diploma” e da súcia de políticos corruptos e populistas que infesta as várias esferas de poder fez aumentar vertiginosamente as vagas em cursos de “Medicina” no Brasil e nos países fronteiriços. 

As “instituições”, salvo raríssimas exceções, aqui e lá, em muito pouco diferem, exceto nas mensalidades que cobram dos incautos que as procuram. O “mercado” é “livre”, as exigências inexistem, a fiscalização é ausente e os mercadores são inescrupulosos. 

Vende-se produto ruim, caro para quem pode e barato para os que não podem pagá-lo. Vendido na boutique chique ou no fim da feira. Para todos os bolsos. 

Agora, o tal “Revalida” para os “diplomados” no estrangeiro fica longe de ser solução. Talvez, a menos que que se estabeleça acordo entre as “facções” patrocinadoras, o “Revalida” apenas sirva como medida “protecionista” do mercado de ensino nacional e lhes traga polpudos dividendos adicionais, caso seja autorizado conduzir este processo nas instituições privadas. 

Há, entretanto, sinais de que o espúrio acordo acima referido tenha prosperado. É o que indica resultado recente (de 25 de setembro) da Comissão Mista de senadores e deputados federais responsável por analisar a MP 890/19.

Ainda que não nos seja dada a direção do voto de nossos “representantes” no Congresso Nacional, as emendas vêm assinadas, o que nos permite identificar os tantos imorais que transitam em nosso nome nos corredores daquelas casas. 

Apenas um exame unificado de proficiência, transparente e conduzido por agência independente e isenta, aplicado regularmente a todos os egressos, pode contribuir para o saneamento desta gravíssima situação. 

Ou, décadas a fio, sofreremos as consequências em nossa saúde e na de nossos descendentes.