Diretoria da APM participa de live promovida pela AMB

O encontro envolveu as principais discussões acerca do Decreto nº 11.999

Últimas notícias

No dia 28 de maio, terça-feira, a Associação Médica Brasileira realizou uma live em seu canal do Instagram e do YouTube para falar sobre os desdobramentos do Decreto nº 11.999. A gravação foi realizada no estúdio da Associação Paulista de Medicina, contando com a presença do presidente da entidade, Antonio José Gonçalves, e do diretor de Eventos, Fernando Tallo – que também atua como 2º tesoureiro da AMB. Além deles, o encontro recebeu a residente em Dermatologia Marcela Pavani e o médico generalista Enrico Suriano.

De acordo com o presidente da APM, a discussão sobre o tema é fundamental para enriquecer a pauta, fazendo com que ela fique em evidência e se busque uma solução. Ele relembrou que as escolas médicas abertas recentemente têm uma qualidade defasada, uma vez que não houve tempo hábil para se formar novos professores, além de não haver infraestrutura para promover um ensino adequado. “Agora, estão procurando mexer com a Residência Médica, que ainda é a melhor forma de formação do médico.”

Em sua apresentação, Fernando Tallo explicou o que é a Comissão Nacional de Residência Médica e de que forma ela vinha funcionando até a aprovação do Decreto. “A CNRM é muito importante porque é o grande elemento de regulação da Residência Médica. Apesar dos problemas da Residência, até então, a Comissão Nacional ia muito bem.”

Os especialistas relembraram que o Ministério da Saúde, que antes tinha apenas um representante, agora terá sua força de influência triplicada na plenária. Neste sentido, a Associação Paulista de Medicina e a Associação Médica vêm promovendo uma série de medidas para evitar que o Decreto vire lei após os 90 primeiros dias de vigência.

Formação comprometida

Para os médicos, aumentar o número de Residências Médicas está longe de ser a solução adequada – até porque, o Brasil já conta com um grande número de vagas, que, no entanto, se encontram ociosas. O Decreto nº 11.999 comprometerá a qualidade de ensino e, posteriormente, o atendimento à população. “Nós teremos recém-formados de baixa qualidade e isso vai gerar, como já vem gerando, distorções por instituições de ensino privadas muito mais interessadas no dinheiro do que na formação, que abrem cursos de especialização, mas que na realidade não são. Você não pode comparar um curso de 360 horas com as mais de 2.800 horas disponibilizadas pela Residência”, pontuou Gonçalves.

Tallo reforçou o pensamento. “Como eu posso comparar uma especialização de 360 horas com alguém que faz 2.880 horas por ano? Não é honesto intelectualmente comparar uma coisa com a outra. Nós precisamos esclarecer à população de que essa pessoa não é especialista. O maior problema do Decreto é que ele é ruim para a sociedade e para o paciente.”

Marcela e Enrico destacaram que, de modo geral, a notícia não chegou para os residentes e generalistas, o que é preocupante, pois implica diretamente nas dificuldades que enfrentarão no mercado de trabalho diante do número exagerado de médicos se formando anualmente. “Talvez isso seja até aquela história que a gente vê, do médico, às vezes, não estar bem apurado, tendo um movimento de classe e uma participação política mais ativa. Falta engajar esse pessoal e eu acho que é válido para residentes e generalistas em geral”, afirmou Enrico.

Antonio Gonçalves evidenciou que a força do movimento médico está nas sociedades de especialidades para que se tenha o conhecimento necessário que a profissão exige. “Se conseguirmos fazer com que as sociedades participem ativamente da AMB, vamos aumentar muito a nossa representatividade e seria por meio dela que barraríamos o Decreto. Eu acho que brigar por uma carreira de Estado, como existe no Judiciário, é muito importante e é o que vai propiciar uma distribuição adequada dos médicos no nosso País”, completou.