Na última quarta, 21 de fevereiro, a Associação Paulista de Medicina sediou a primeira Tertúlia de 2024 da Academia de Medicina de São Paulo (AMSP), intitulada “Sessão da Saudade” – tradicional cerimônia de homenagem aos acadêmicos falecidos no último ano.
Na ocasião, quatro médicos foram lembrados: Luiz Freitag, falecido em 28 de janeiro de 2023; José Carlos Prates, falecido em 27 de fevereiro de 2023; Jenner Cruz, falecido em 20 de agosto de 2023; e Jamil Chade, falecido em 16 de janeiro de 2024.
O presidente da AMSP, Helio Begliomini, agradeceu a presença dos convidados e saudou os familiares dos homenageados. “Sejam todos bem-vindos. A Sessão da Saudade é uma reunião que começou na gestão do colega e ex-presidente da Academia de Medicina, José Luiz Gomes do Amaral. Um dos preceitos da AMSP é preservar a memória daqueles que estiveram conosco e partiram antes da gente.”
Luiz Freitag
“Recebi com muita emoção o convite para homenagear Luiz Freitag, colega brilhante”, comentou Juarez Moraes de Avelar, 1º ocupante e emérito da cadeira nº 73.
O acadêmico Luiz Freitag, 1o ocupante da cadeira no 126, nasceu em 26 de setembro de 1936, em Passo Fundo/RS. Ingressou na Faculdade de Medicina de Santa Maria/RS, em 1956, e concluiu o curso em dezembro de 1961. Em janeiro de 1962, veio para São Paulo para se aperfeiçoar em Cardiologia no serviço do professor Luiz Venere Décourt, da 2ª Clínica Médica do Hospital das Clínicas, uma das mais prestigiadas cadeiras médicas da época.
Em 1968, foi aprovado no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPESP) para o exercício da profissão na cadeira de Clínica Médica, sendo responsável pelos casos de internação que necessitassem de cirurgia nas enfermarias de Otorrinolaringologia e Oftalmologia, entre outras.
Em 19 de fevereiro de 1975, com mais quatro colegas da mesma enfermaria de Clínica Médica, fundou a seção São Paulo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Freitag publicou dois livros “Cartilha para o Idoso”, em convênio com a Câmara Municipal e o Rotary Club de São Paulo, e o livro “Como Transformar a Terceira Idade na Melhor Idade”. Além disso, realizava muitas palestras na Associação Paulista de Medicina e no Rotary Club, bem como concedeu entrevistas para diversos veículos em São Paulo e no Rio de Janeiro.
José Carlos Prates
Ricardo Luiz Smith, 2º ocupante da cadeira nº 42, referenciou o médico José Carlos Prates, 1o ocupante e emérito da cadeira no 42, que foi professor titular e livre-docente do Departamento de Anatomia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp).
Nascido em 5 de julho de 1933, em Piracicaba/SP, Prates graduou-se em Medicina em 1959 pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tornou-se médico interno da 2ª Cirurgia de Homens da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1960-1962). Em 1967, professor Titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde obteve seu doutorado em Anatomia em 1969 e a livre-docência em 1998.
Entre os cargos e funções desempenhados pelo acadêmico, estão secretário do Conselho Deliberativo da SPDM (1970-1971); presidente da Comissão de Acumulação de Cargos da Escola Paulista de Medicina (EPM, 1970-1974); coordenador da disciplina de instrução moral e cívica – estudos de problemas brasileiros (EPM, 1971-1973); coordenador do curso de pós-graduação em Anatomia do Departamento de Morfologia, disciplina de anatomia descritiva e topográfica (EPM, 1971-1980); membro da Comissão de Ensino de Pós-Graduação (CEPG) da Anatomia (EPM, 1971-1995); membro da CPG da EPM (1971-1998); membro da Comissão de Verificação (MECDAU) para reconhecimento da faculdade de Medicina e outros cursos na área Biomédica e da Saúde (1972-1983); chefe do Departamento de Morfologia (EPM, 1973-1974); coordenador nacional do Subprojeto de Ensino Integrado, Ensino Programado da Operação Produtividade do Projeto 10 do Plano Setorial de Educação (MEC, 1973-1977); organizador e coordenador do curso de treinamento de docentes em Anatomia.
“O acadêmico também foi diretor da EPM entre 1974 e 1978 e deixa um importante legado de intenso comprometimento com o saber científico. Prates era admirado por todos por sua competência, dedicação, carisma e humildade”, afirmou Smith.
Jenner Cruz
Para homenagear o acadêmico Jenner Cruz, 1o ocupante e emérito da cadeira no 39, Elias David Neto, 2o ocupante da cadeira no 82, falou um pouco da trajetória do seu colega.
Nascido em 29 de maio de 1929, em São Paulo, Jenner entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 1948. Fez internato e residência de Clínica Médica no Hospital das Clínicas da FMUSP nos anos de 1954 e 1955.
Após a residência, foi convidado a permanecer na Unidade de Hipertensão e Nefropatias Médicas da 1ª Clínica Médica do Hospital das Clínicas, o que fez até a sua aposentadoria compulsória, ao completar 70 anos de idade. Em 1º de janeiro de 1973, foi nomeado professor Titular da disciplina de Nefrologia da Universidade de Mogi das Cruzes, cargo que exerceu entre 1973 e 2000.
“Ele acreditou sempre na vida acadêmica e nas sociedades médicas. Um dos primeiros médicos a se registrar no Conselho Regional de Medicina, colaborou com a Associação Médica Brasileira, Associação Paulista de Medicina e Associação Brasileira de Nefrologia, entre outras sociedades internacionais”, destacou David Neto.
Jenner Cruz tem 14 livros publicados no Brasil, sendo 13 como primeiro autor e coordenador; e 52 capítulos publicados, todos como primeiro autor, em 16 livros de Medicina. “O livro Atualidades em Nefrologia foi o seu maior legado”, acrescentou Neto.
Jamil Chade
Antonio Carlos Lima Pompeo, 2o ocupante da cadeira nº 62, homenageou o acadêmico Jamil Chade, 2o ocupante da cadeira nº 29.
“É uma honra ter sido escolhido para falar sobre Jamil Chade, com quem convivi tantos anos. Sempre me chamou a atenção a sua atitude extremamente humilde”, afirmou Pompeo.
Jamil Chade nasceu em 12 de janeiro de 1938, na cidade de Oriente/SP. Filho de libaneses, o acadêmico ingressou na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara, hoje Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1959. Fez dois anos de internato no Hospital Getúlio Vargas e estagiou nos Hospitais Samaritano e Pro Matre, ambos no Rio de Janeiro.
Veio para São Paulo e, em 1967, foi aprovado no concurso da Divisão da Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da FMUSP, exercendo função de docente. Ministrou aulas no curso de graduação, para alunos do 3º e 4º ano; coordenou o Centro de Estudos da Próstata (Cenpro), tendo realizado várias campanhas de prevenção do câncer de próstata; e tornou-se membro efetivo do Centro de Estudos Professor Gilberto Menezes de Góes.
No Hospital Sírio-Libanês tornou-se membro titular do corpo clínico; atuou na primeira equipe de plantonistas, tornando-se chefe da equipe de Urologia do Pronto-Atendimento; foi membro da Comissão de Ética Médica e do Credenciamento Médico, além de membro fundador do Centro de Estudos e Pesquisas.
Na APM, foi eleito secretário entre 1991 e 1993 e presidente do Departamento de Urologia nos anos de 1996 e 1997 e 1998 e 1999. Foi também delegado da APM entre 2000 e 2002 e participou, em 2004, do curso de capacitação das comissões de ética médica organizado pelo Cremesp.
“Jamil sempre muito disponível e solidário. Deixo aqui todo o meu reconhecimento e respeito. Por onde ele passou, deixou o seu nome registrado”, finalizou Pompeo.
Texto: Alessandra Sales
Fotos: Divulgação