Quase 600 mil pessoas foram afetadas por doenças negligenciadas em 4 anos, aponta Ministério

O Ministério explica que essas doenças são consideradas "negligenciadas" porque recebem pouca atenção na agenda global de Saúde, têm financiamento limitado e estão associadas ao estigma e à exclusão social

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Boletim Epidemiológico especial do Ministério da Saúde apresenta um panorama das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) no Brasil. A pesquisa foi realizada de 2016 a 2020, e detectou um total de 583.960 casos de DTNs.

O Ministério explica que essas doenças são consideradas “negligenciadas” porque recebem pouca atenção na agenda global de Saúde, têm financiamento limitado e estão associadas ao estigma e à exclusão social.

Além disso, contribuem para um ciclo de baixo desempenho educacional e oportunidades profissionais limitadas. O dia 30 de janeiro é reconhecido como o Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas.

Trata-se de um grupo amplo e diverso de mais de 20 doenças e agravos resultantes de processos de desigualdades e vulnerabilização de territórios, comunidades e pessoas em contextos econômicos, sociais e ambientais desfavoráveis, principalmente em áreas tropicais e subtropicais.

Entre elas, estão doença de Chagas, esquistossomose, filariose linfática, hanseníase, leishmaniose visceral, leishmaniose tegumentar, oncocercose, raiva humana, tracoma e acidente ofídico.

Cenário

Segundo o levantamento, 250.410 casos foram detectados na Região Nordeste, representando 42,9%; a Região Norte teve 138.875 (23,8%) novos casos; a Sudeste, 110.740 (19%); a Centro-Oeste, 63.329 (10,8%); e a Região Sul teve o menor número, com 20.606 (3,5%).

De 5.570 municípios brasileiros, 5.529 (99,3%) registraram pelo menos uma doença negligenciada, e 3.935 (70,6%) registraram três ou mais. Todos os municípios das Regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram registros de DTNs, assim como 99,8% da Nordeste, 99,5% da Sudeste e 97,6% da Sul.

Entre as principais DTNs detectadas em quatro anos de estudo, destacam-se o acidente ofídico (25,3%), hanseníase (21,7%), esquistossomose (21,2%), leishmaniose tegumentar (14,7%), tracoma (8,7%) e leishmaniose visceral (8,2%), que juntas respondem por 99,7% dos casos no território nacional.

Mortalidade

O Boletim indica que mais de 40 mil mortes causadas por doenças negligenciadas foram registradas no Brasil entre 2016 e 2020. São 3,92 mortes por 100 mil habitantes, em média, variando entre as regiões, com 12,98 mortes por 100 mil habitantes no Centro-Oeste, 4,33 no Nordeste 3,69 no Sudeste, 2,30 no Norte e 1,08 no Sul.

Durante o período de estudo, a taxa de mortalidade específica por DTNs entre as unidades da Federação variou de 0,26 morte por 100 mil habitantes em Santa Catarina até 19,85 mortes por 100 mil habitantes em Goiás.

Outras áreas com altas taxas de mortalidade incluem o Distrito Federal (15,87 mortes por 100 mil/hab.), Tocantins (9,08 mortes por 100 mil/hab.), Alagoas (7,44 mortes por 100 mil/hab.), Minas Gerais (7,06 mortes por 100 mil/hab.) e Bahia (6,85 mortes por 100 mil/hab.).

Por fim, o Boletim do Ministério ressalta que este grupo de doenças continua sendo um problema crítico de Saúde pública, associado ao risco na população em geral e à alta incidência em diferentes áreas, especialmente aquelas com maior vulnerabilidade social.