Na última quarta-feira, 26 de junho, o diretor Científico da Associação Paulista de Medicina (APM), Paulo Andrade Lotufo, passou a integrar a Academia de Medicina de São Paulo. A sessão solene de entrega de pelerine, medalha e diploma ocorreu na sede da APM – sob os olhares emocionados de amigos e familiares – e contemplou também os médicos Marcelo Zugaib e Leontina da Conceição Margarido, delegada da Associação.
O vice-presidente da APM, Akira Ishida, abriu a mesa – acompanhado pelos confrades José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM e da AMSP, e Paulo Manuel Pêgo Fernandes, delegado da APM – dizendo que é uma honra e satisfação da Associação receber a solenidade. “Além do mais, é uma obrigação. Isso porque a Academia tinha atividade voltada para educação continuada e pesquisa, mas com um número limitado de pessoas. Assim, nasceu a APM, contemplando os médicos paulistas com essa e outras missões, como a defesa profissional”, afirmou Ishida.
Em sua fala, Amaral ressaltou: “Celebramos hoje a renovação dos quadros da Academia e a memória dos que precederam os novos acadêmicos. A escolha não é a brilhante finalização de vossas carreiras, mas o início de outra fase de relevância ainda maior. Os senhores foram eleitos com a expectativa de que possam – com vossas presenças assíduas e dedicação – contribuir para o engrandecimento desta Academia, de nossa arte e ciência médica, trazendo assim qualidade à atenção à saúde dos que aqui vivem e ao progresso do nosso País”.
Logo após realizar o juramento da casa, Lotufo cumprimentou os presentes, agradeceu a honraria e a generosidade – que afirmou ter feito sempre parte de sua vida. “Primeiro, preciso agradecer àqueles que me elegeram e colocaram dentro desta Academia. Além disso, tenho que falar da grande responsabilidade de suceder duas pessoas da mais alta importância na disciplina da Anatomia Patológica – dois pilares. Ambos formados na Universidade de São Paulo, minha alma mater.
Lotufo ocupará a Cadeira de número 4 na Academia, que tem como patrono Mário Rubens Guimarães Montenegro e já foi ocupada por Luiz Celso Mattosinho França. Antes de encerrar e agradecer mais uma vez à elite médica de São Paulo pela benesse recebida, o novo acadêmico destacou: “Preciso agradecer, com muita ênfase, minha querida Isabela, com quem convivo há 35 anos. Na profissão, edificamos uma obra científica significativa, mas mais importante do que tudo isso foi o fato de termos três filhos maravilhosos: Laura, Inês e Érico”.
De atuação científica intensa, Paulo Lotufo é paulista e graduou-se pela Faculdade de Medicina da USP em 1980. Realizou residência em Clínica Médica no Hospital das Clínicas da FMUSP entre 1981 e 1983. Em 1986, recebeu título de especialista em Administração Hospitalar pela Fundação Getúlio Vargas. Na USP, também cursou pós-graduação em Epidemiologia, obtendo os títulos de mestre, em 1993, e de doutor em Saúde Pública, em 1996.
Realizou período de pós-doutoramento em Epidemiologia na Division of Preventive Medicine da Harvard Medical School, em Boston (EUA). Em 2002, obteve título de livre-docente em Medicina e, em 2006, o de professor titular em Clínica Médica. Com apoio de colegas, também iniciou o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA – Brasil) que, desde 2008, está seguindo 15 mil participantes e já produziu mais de duas centenas de artigos originais e uma centena de dissertações de teses. O projeto, inclusive, permitiu que se constituísse o Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica da USP, que se tornou referência mundial na área de pesquisa epidemiológica de doenças crônicas.
Novos titulares
Na sequência, Leontina da Conceição Margarido também fez seu discurso. “Agradeço a todos a distinção que me concederam, o privilégio de tornar-me membro titular desta Academia. Acrescento a essa emoção o fato de ser apresentada e conduzida pelo acadêmico e professor Mário Santoro Júnior, um brilhante pediatra”, declarou a nova ocupante da cadeira 50, de patrono José Barros Magaldi, sucedendo Emil Sabbaga.
Nascida em Macedo de Cavaleiros (Portugal), Leontina veio ao Brasil com dois anos. Graduou-se em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes em 1976. Possui títulos de especialista em Hansenologia (1978) e em Dermatologia (1984). Tornou-se doutora em 1992 pela FMUSP na área de Dermatologia. Foi professora titular de Dermatologia da UMC e da Faculdade de Medicina São Camilo, orientou dezenas de trabalho e faz parte de diversas entidades, tendo recebido prêmios científicos, homenagens e comendas no Brasil e no exterior.
Marcelo Zugaib, por sua vez, ocupará a cadeira 10, que tem como patrono Flamínio Fávero e pertencia anteriormente ao membro emérito Sebastião de Almeida Prado Sampaio. Ele é professor titular de Obstetrícia e Ginecologia da FMUSP, onde tornou-se mestre, doutor e livre-docente.
Graduado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina, fez fellowship na Universidade da Califórnia (EUA), estando envolvido em pesquisas de grande impacto no conhecimento da fisiologia fetal. É membro ativo de várias sociedades e comissões, revisor científico de revistas médicas e entidades de fomento à pesquisa e publicou centenas de artigos.
Texto: Guilherme Almeida
Fotos: Marina Bustos