Inovação e transformação constituem grade do primeiro dia de Global Summit APM

Com uma série de palestras sobre temas relevantes do setor, os participantes do evento puderam conferir em uma das mesas as principais atualizações sobre “Inovação em Saúde Digital”

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A manhã da última segunda-feira, 20 de novembro, foi marcada pelo início da quinta edição do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM. Com uma série de palestras sobre temas relevantes do setor, os participantes do evento puderam conferir em uma das mesas as principais atualizações sobre “Inovação em Saúde Digital”. O debate foi moderado pelo diretor de Tecnologia de Informação da Associação Paulista de Medicina e copresidente do Global Summit APM, Antonio Carlos Endrigo.

Andreia Dullius, executiva da área e curadora da competição de Startups do GS APM 2023, foi responsável por ministrar o tema “Estratégias de Inovação em Saúde: Colaborar ou Competir?”. Ela explicou que a grande questão envolve o termo “co-opetição”, que consiste na união de empresas para formarem estratégias conjuntas, se desenvolverem e, então, competirem com os seus CNPJs posteriormente.

Neste sentido, Andreia destacou que quem passou a organizar este método foi o economista e matemático Von Neumann and Morgensten, ao relacionar o comportamento de empresas com o de participantes de jogos. “Em todo jogo, acontecem as mesmas regras e o mesmo comportamento de empresas. Há sempre os mesmos elementos, como regras, blefes e trapaças. O sucesso nos negócios está em compreender o jogo que está sendo jogado para mudá-lo ou até mesmo redefini-lo.”

Apresentando casos de sucesso que ocorreram na Holanda, Suécia e até mesmo no Brasil, a especialista explicou como funciona na prática a intersecção de empresas em prol do desenvolvimento. “Quando olhamos para a competição, o foco não é o nosso comportamento, mas sim, o movimento dos participantes. Se eu passo um terço do tempo olhando para as minhas estratégias, tenho que me dedicar muito mais às estratégias dos demais para conseguir prever suas ações. É fundamental estar alguns passos à frente, saber os prováveis cenários de cada decisão e prever como os demais irão agir.”

Inteligência Artificial

Em seguida, o head de Saúde do Google Cloud Brasil, Maurício Craveiro Hauptmann, assumiu a palavra para falar sobre “IA Generativa para Saúde”, salientando que acredita que a tecnologia será uma ferramenta que tem a contribuir muito para alavancar a saúde dos pacientes. Deste modo, a Inteligência Artificial está passando por uma grande mudança por conta dos LLMs, sigla que define o termo large language models. Tal avanço está ocorrendo por conta do grande poder computacional que há atualmente, de pesquisas com um volume muito grande e da ascensão de ferramentas com estruturas de códigos abertos.

“Sempre foi feita uma programação em que você escrevia instruções e levava à inteligência artificial e às redes neurais, trazendo uma capacidade muito grande. Os LLMs estão quebrando barreiras e entregando um grande volume de dados para os algoritmos lerem, respondendo de forma tradicional com uma linguagem muito natural. É um modelo que consegue trazer um monte de respostas generalistas, com uma capacidade de responder qualquer informação, já que ele aprendeu com a quantidade massiva de dados”, explicou.

Hauptmann relembrou que esta é uma revolução que começou no Google e que segue se inovando, reforçando que o foco da tecnologia é diferente para consumidores e empresas, mas que pode ser utilizada por ambos os cenários. “É preciso ter uma abordagem responsável quando se trabalha com IA, sabendo dos perigos por trás dela. Para toda inteligência artificial, é preciso passar por um comitê para ver se tem algum viés que pode ser agressivo sobre um contexto humanitário. A IA generativa vai transformar a Saúde.”

Presente e futuro

Finalizando as apresentações do bloco, a advogada Renata Rothbarth abordou “Presente e Futuro da Regulação em Saúde Digital”. Segundo a palestrante, as regulações que criaram o sistema de Saúde no Brasil, seja no âmbito público ou privado, são muito antigas, o que impacta diretamente na forma como os players se organizam e gerem os sistemas de Saúde coexistentes no País.

No entanto, Renata destaca que este é um momento animador para se estar empreendendo no setor de Saúde. “Nunca tivemos tantas ferramentas, tecnologias de ponta quanto a isso e investimentos, especialmente no Brasil, o que traz muita sofisticação ao setor. Além disso, nunca tivemos tanta gente boa trabalhando nesta área, tendo uma percepção mais ampla e eficiente. Estamos no momento para rever essas regulações para, assim, ter uma transformação na jornada de Saúde.”

De acordo com a advogada, as mudanças já realizadas foram significativas, mas ainda há muito para ser feito a fim de destravar um ambiente repleto de complexidade. Dentre essas mudanças está a avaliação de como será realizada a regulação de Inteligência Artificial pelas autoridades, por exemplo. “É uma lição de casa que precisamos fazer para garantir que os pessimistas não estejam corretos nas ponderações e passemos a utilizar todas as ferramentas de uma forma positiva, em benefício dos profissionais, mas principalmente, dos pacientes.”

Conferência Internacional

O professor da Universidade do Novo México, Dale Alverson, foi convidado para falar sobre “Transformação Digital no cuidado de Saúde após a pandemia de Covid-19: Previsões para o futuro”. Ele relembrou que a pandemia teve um impacto direto na Saúde, ampliando o uso de Telemedicina e da Saúde Digital, entregando o cuidado virtual como opção de cuidado pessoal e transformando a área.

Dentre as expectativas separadas pelo especialista, ele destaca que a Saúde Digital será uma maneira de monitorar pacientes em diferentes lugares do mundo por meio de uma fusão de dados que serão únicos. “Nos Estados Unidos, temos vários registros que não se conversam. Agora, podemos desenvolver algo regional, nacional ou até mesmo internacional, uma troca de informações para podermos ter acesso aos dados do paciente onde quer que ele esteja. Se pudermos ter troca internacional de informação em Saúde, vamos apenas sair ganhando.”

Alverson também relembrou que a tecnologia é capaz de ter um alcance maior que o cérebro humano, o que contribui para a diminuição de riscos de erros. Isso fornece subsídios à pesquisa, possibilitando retornos de investimento e melhorias no sistema de Saúde, além de ter um impacto financeiro.

“A transformação digital vai permitir um acesso mais equipável ao serviço de Saúde para todos ao redor do mundo, fazendo uma transcendência cultural, geográfica e política, se tornando uma plataforma para a colaboração internacional. Telessaúde e Saúde Digital vão se tornar parte do cuidado da Saúde global e todos vocês farão parte desse futuro. Será um prazer ter essa colaboração contínua e esse cuidado ao lado de todos”, concluiu.

Confira os principais destaques do primeiro dia do GS APM 2023 neste link e as fotos aqui.

Texto: Julia Rohrer

Fotos: Marcos Mesquita Fotografia