Na última quinta-feira, 7 de março, a Academia de Medicina de São Paulo celebrou 124 anos de sua fundação com sessão de posse da nova diretoria, para o biênio de março de 2019 a março de 2021. “Prometemos cumprir o estatuto, em seu regimento interno, e as resoluções desta Academia, trabalhar por seu engrandecimento e prestígio e sermos fiéis no desempenho das incumbências de nossos cargos”, ressaltou o novo presidente, o acadêmico José Luiz Gomes do Amaral, em seu juramento.
Linamara Rizzo Battistella assume a vice-presidência, Paulo Manuel Pêgo-Fernandes e Sérgio Bortolai Libonati ocupam a secretaria geral e adjunta, respectivamente. Marilene Rezende Melo e Walter Manna Albertoni são os novos tesoureiros, Guido Arturo Palomba atua como diretor Cultural e Helio Begliomini como diretor de Comunicação. A Comissão de Patrimônio está a cargo de Arary da Cruz Tiriba, Carlos Alberto Salvatore e Luiz Fernando Pinheiro Franco. Já no Conselho Científico, atuam Affonso Renato Meira, Edmund Chada Baracat e Giovanni Guido Cerri.
Em seu discurso de posse [confira a íntegra abaixo], Amaral prestou homenagem a todos os antecessores que coordenaram a Academia. “Noventa e nove gestões nos precederam e reverenciamos cada uma delas hoje ao receber este legado, fruto de um trabalho dedicado de notáveis na profissão. A exiguidade do tempo não nos permite citar tantos e tão bons que dirigiram esta casa, mas não deixarei de assinalar o nosso 83º presidente, Guido Arturo Palomba; o 84º, Luiz Fernando Pinheiro Franco; e o 86º presidente, Affonso Renato Meira.”
O acadêmico substitui o 87º presidente, José Roberto de Souza Baratella, a quem dirigiu um especial agradecimento: “Na Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, percorreu brilhante trajetória de assistente a titular – igualmente destacada tem sido sua obra na Academia de Medicina de São Paulo, nos mandatos de 2015 e 2016 e neste que agora comemoramos, de 2017 e 2018. Hoje, Baratella ainda empresta sua marca à presidência da Federação Brasileira das Academias de Medicina”.
O ex-presidente da Academia de Medicina, por sua vez, retribuiu os votos: “Desejamos em nome da Academia de Medicina de São Paulo e da Federação Brasileira das Academias de Medicina parabenizar José Luiz Gomes do Amaral e seus companheiros de diretoria por esta posse e desejar uma profícua gestão”, declarou Baratella.
Silvano Mario Attilio Raia, representante da Academia Nacional de Medicina, também compôs a mesa solene e fez breve análise histórica e cultural dos avanços da Medicina – ao longo dos séculos 18, 19, 20 e 21 – e destacou a importância de a Academia incentivar a formação continuada dos médicos. “Cabe a nós médicos zelarmos por essa integridade. E os jovens que serão formados enfrentarão desafios muito maiores do que os nossos. Nada melhor do que esta casa para cooperar com uma boa qualificação.”
Discurso de posse de José Luiz Gomes do Amaral
Vou lhes falar sobre o legado e o futuro.
Entender o significado da Academia de Medicina de São Paulo é folhear as primorosas páginas dos livros de Helio Begliomini e de Guido Palomba. Com eles, voltar aos idos de 1840, viajar a Resende, assistir o nascimento de Luís Pereira Barreto e acompanha-lo, aos 15 anos, em viagem à Europa para estudar Medicina na Bélgica. Voltar em sua companhia ao Rio de Janeiro e aplaudi-lo em sua defesa de tese em 1865.
Observa-lo depois a clinicar, nas terras paulistas de Jacareí, ver alargarem-se seus cafezais em Ribeirão Preto e segui-lo líder de seu tempo pelos corredores da Assembleia Constituinte e do Senado Estadual. É também compartilhar suas preocupações sobre a saúde pública do nosso estado.
É com ele, aos 7 de março de 1895, há exatos 124 anos, presidir e não longe daqui, no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a sessão inaugural da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, predecessora deste sodalício. E ver a Academia de Medicina de São Paulo é sonhar e realizar com seu primeiro presidente e diretores, com os médicos por eles representados e com todos os que vieram desde então. É sobretudo antecipar meios para concretização dos sonhos dos que virão depois de nós, mantendo acessa a chama que ilumina o espírito acadêmico.
Noventa e nove gestões nos precederam e cada uma delas reverenciamos hoje, ao recebermos este legado, fruto do trabalho dedicado de notáveis na profissão. A exiguidade do tempo não nos permite citar tantos e tão bons que dirigiram esta casa. Mas não poderei deixar de assinalar, e com júbilo tê-los conosco, presentes e atuantes, nossos 83º presidente, Guido Arturo Palomba; 84º presidente, Luiz Fernando Pinheiro Franco; e 86º presidente, Affonso Renato Meira.
Na liturgia das academias, ao tomarem posse, os novéis acadêmicos lembram do patrono que antes ocuparam sua carreira. Por analogia e respeito, lembro do presidente que tenho a honra de suceder e, dirigindo-me a ele, José Roberto Baratella, dirijo-me à diretoria que o acompanhou.
Saúdo, então, José Roberto de Souza Baratella, nosso 87º presidente, paulistano, formado médico em nossa querida Escola Paulista de Medicina e pós-graduado na prestigiosa Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Dedicou-se ele à cirurgia pediátrica, especialidade que se destaca na atividade clínica, associativa e docente. Na Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, percorreu brilhante trajetória, de assistente a titular. Igualmente destacada tem sido sua obra na Academia de Medicina de São Paulo, nos mandatos de 2015 e 2016, e neste que agora comemoramos, de 2017 e 2018.
Hoje, Baratella empresta sua marca na presidência da Federação Brasileira das Academias de Medicina. Tenha-nos também, confrade, os acadêmicos paulistas, alinhados convosco nesta nova missão.
Professor Baratella e sua diretoria, aqui viemos celebrar um culto aos mestres e um respeito à tradição, o que me dá ensejo de ceder às exigências do coração e reverenciar meus mestres, os professores José Carlos Prates, Arary da Cruz Tiriba e Mauricio Mota de Avelar Alchorne.
A casa de Luís Pereira Barreto encontra-se no sexto andar da casa dos médicos de São Paulo. Isso a partir de 2007, quando a Academia de Medicina de São Paulo e a Associação Paulista de Medicina passaram a compartilhar o mesmo endereço. Entretanto, nunca estas egrégias instituições distanciaram-se. Caminharam – do número 23 da Rua São Bento, em 1895, a Academia, e a Associação, na Rua Brigadeiro Tobias, número 42, em 1930 – cada uma ao seu tempo, até a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, neste número 278.
Mais do que geográfico, a proximidade das instituições traduz-se consistentemente naqueles que através dos tempos conduziram-nas ambas, como Domingos Rubião Meira, João Alves de Lima, Antônio Cândido de Camargo, Enjolras Vampré, Jairo de Almeida Ramos e Benedito Montenegro, presidiram tanto a casa de Luís Pereira Barreto como a Associação Paulista Medicina.
O que fizeram eles se não somar finalidades e meios, comungando valores, princípios e ideais? Assim, eles fizeram, e assim faremos nós. Creiam-nos, pois, que nós paulistas conduzimos o nosso futuro. Tenho a honra e o privilégio de integrar a diretoria que hora assume a 100ª gestão deste grupo de notáveis que reúne, além dos três presidentes aqui citados, secretários de estado, reitores e pró-reitores de reconhecidas universidades, professores e respeitadas lideranças médicas: Linamara Rizzo Battistella, Paulo Manuel Pêgo Fernandes, Sérgio Bortolai Libonati, Marilene Rezende Melo, Walter Manna Albertoni, Guido Arturo Palomba, Helio Begliomini, Carlos Alberto Salvatore, Luiz Fernando Pinheiro Franco, Arary da Cruz Tiriba, Affonso Renato Meira, Giovanni Guido Cerri e Edmund Chada Baracat. Peço que se levantem para que possamos aplaudi-los.
Ao longo de sua mais que centenária existência, a Academia de Medicina de São Paulo vem reunindo representantes do melhor de nossa Medicina, e será a interação sinérgica de seus membros a força maior desta venerável instituição. Nas tertúlias e muito além de seus limites de tempo e espaço, oportunidades de diálogo, materializar-se-ão em soluções dos mais relevantes problemas de saúde, seja na educação médica, no exercício da prática clínica, nos debates dos grandes temas da ética e nas perspectivas alvissareiras que se abrem com os avanços da ciência, a voz dos médicos paulistas sempre será ouvida.
Jamais deixará de ser esta Academia casa de médicos sempre aberta à sociedade que lhes confia sua saúde. Nunca restará a ela isolada, mas irmanada a suas congêneres nacionais e internacionais. Tenha aqui de nós os senhores, compromisso de gestão moderna e atenta às vertiginosas transformações do nosso povo.
Esperamos ser o instrumento eficaz de facilitação no contato entre confrades. E que nossas atitudes reflitam o espírito da Academia de Medicina de São Paulo. Que espírito acadêmico expresse um modo de sentir, um modo de ver e de agir no conjunto de nossos confrades, dos titulares, eméritos, honorários e correspondentes. E que o respeito às tradições nos prepare para a lida com as questões do presente e faça nítidos os horizontes e, destarte, nos permita melhor perscrutar o futuro. Muitíssimo obrigado.
Fotos: BBustos Fotografia