Durante a tarde da última quinta-feira (26), o XX Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços de Saúde e III Congresso Brasileiro de Medicina Preventiva e de Administração em Saúde contou com palestra de Paulo Salomão, falando sobre o DataOpera e sua rede colaborativa em Saúde. O matemático, especialista em Informática em Saúde, é sócio fundador da DTO, empresa parceira da Associação Paulista de Medicina no projeto DataOpera.
“É um prazer compartilhar minha experiência recente nesse segmento de tecnologia em Saúde. Mais ainda, um prazer a APM me tornar porta-voz do projeto DataOpera. A Associação está cheia de inovações revolucionárias ultimamente e essa é uma delas”, disse Salomão, abrindo sua apresentação.
Na sequência, o matemático e engenheiro de software relembrou experiências pregressas em sua carreira. A primeira: a TIA, sigla para Terminal Informativo Acadêmico. Foi um projeto implantado na Universidade Mackenzie, onde Salomão foi diretor de Tecnologia da Informação. Em um terminal bancário adaptado, os alunos podiam consultar suas notas, faltas e outras informações com maior facilidade.
O especialista também relembrou a participação na construção do Clinicweb, software médico para agendamento, prontuário eletrônico e controle financeiro de clínicas. Nesse sistema, os profissionais de Medicina passaram a poder compartilhar as informações, se assim fosse desejado por pacientes. Com o TIA, relatou Salomão, ele empoderou o portador das informações, enquanto com o Clinicweb, fortaleceu o compartilhamento da informação – duas ações que são pilares do que hoje é o DataOpera.
DataOpera
O palestrante perpassou pela história da iniciativa, que nasceu como projeto Idoso Bem Cuidado. Em abril de 2016, a Agência Nacional de Saúde Suplementar tentava organizar um banco de dados com informações dos idosos que pudesse ser disponibilizada on-line, com autorização dos pacientes e o intuito de facilitar a rotina dos profissionais da rede privada, que teriam acesso ao histórico dessas pessoas.
Sem poder – por ser uma agência reguladora – manter informações privadas dos pacientes, a ANS convidou a Associação Paulista de Medicina para encampar o projeto. A APM, por sua vez, buscou a DTO, para a estabilização da tecnologia necessária para o projeto. A Agência, entretanto, desistiu do Idoso Bem Cuidado, mas a APM e a DTO pegaram o projeto desenvolvido, rebatizaram-no e decidiram estende-lo para todas as idades e especialidades.
Dessa maneira, o DataOpera foi lançado em abril, durante o Global Summit Telemedicine & Digital Health, iniciativa da APM e do Transamerica Expo Center que reuniu especialistas de todo o mundo para discutir Telemedicina e Saúde Digital. O próximo passo é lançar o aplicativo onde o paciente poderá ter o controle de seus dados.
Após relembrar esta trajetória, Salomão falou sobre a necessidade de um projeto destes. “Só na Saúde Suplementar, falamos de aproximadamente 50 milhões de usuários e centenas de sistemas diferentes. Assim, as informações estão distribuídas em vários bancos de dados no País todo. O atendimento se torna fragmentado, ineficiente e caro.”
E sobre o DataOpera, completou: “Ele é simples, eficiente e seguro. Os dados clínicos já estão na nuvem. Com o sistema, você passa a ter acesso. Os beneficiários recebem notificações pedindo autorizações de compartilhamento com os médicos (de 30 minutos ou irrestrito). Se não autorizar, os dados permanecem privados. E ao realizar novos exames, consultas e internações, os dados são alimentados no DataOpera. É prático e seguro. É a interoperabilidade a serviço de todos”.
Interoperabilidade
Salomão explicou que essa é a parte mais destacada da operação. Como exemplo, deu um cenário onde há cinco sistemas, de cinco locais diferentes, que precisam conversar. Nesse caso, seriam necessárias 10 integrações complexas. Com o DataOpera, apenas cinco operações seriam realizadas, uma para cada sistema. Isso porque ele funciona como um “barramento”, tornando as informações legíveis para todos os sistemas que estejam adaptados a ele.
Em um cenário de 30 sistemas precisando conversar, por exemplo, seriam necessárias 435 integrações. Ao passo que a interoperabilidade exigiria apenas 30, uma brutal diferença – apenas a ligação entre o sistema e o DataOpera. Tudo isso respeitando os padrões do Ministério da Saúde, as leias de segurança de dados e o Código de Ética Médica.
Fotos: BBustos Fotografia