Na última quarta-feira, 14 de junho, a Academia de Medicina de São Paulo realizou, de forma híbrida, a quinta Tertúlia Acadêmica do ano, que teve como tema “Erros do médico, da formação médica e dos provedores da Saúde”, apresentado pelo neurocirurgião e membro titular emérito da AMSP, Luiz Fernando Pinheiro Franco.
O presidente da AMSP, Hélio Begliomini, agradeceu a presença do colega e fez uma breve exposição sobre a sua trajetória profissional. “Seja muito bem-vindo, Luiz Fernando, meu amigo há mais de 30 anos – é um prazer recebê-lo. Você enriquece o nosso patrimônio”, destacou.
Mestre e doutor em Neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, ex-presidente da AMSP e do Departamento de Neurocirurgia da Associação Paulista de Medicina, o acadêmico reiterou os seus agradecimentos, em especial ao colega Begliomini.
“Estou muito feliz e satisfeito de estar aqui para falar sobre um tema tão debatido e conhecido por todos. Hoje, temos em nossa Academia de Medicina de São Paulo grandes ícones como o presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, o diretor de Responsabilidade Social, Jorge Carlos Machado Curi, o 3º vice-presidente da APM e 1º tesoureiro da AMB, Akira Ishida, entre outros”, frisou o neurocirurgião.
Panorama da Medicina
Durante a sua apresentação, Franco falou que o excesso de médicos leva ao maior número de profissionais despreparados, o que facilita o erro médico. De acordo com ele, o aumento é atribuído à abertura desenfreada de escolas médicas. “Se este ritmo se mantiver, o Conselho Federal de Medicina estima que em cinco anos o país terá 3,63 médicos por mil habitantes. Para combater erros médicos, não basta ler somente artigos científicos e evitar escolas espúrias, é preciso incluir na formação médica a competência”, reforçou.
O número de médicos no Brasil aumentou 8% em dois anos, saltando de 505 mil profissionais em 2020 para 546 mil em 2022, segundo informou o palestrante. Isso significa que cerca de 40 mil novos médicos entraram no mercado nos últimos dois anos – totalizando uma densidade de 2,6 médicos a cada mil habitantes. Apesar deste crescimento, o País ainda enfrenta o problema de concentração de profissionais nas regiões Sul e Sudeste. “O ideal seria fechar 2/3 das faculdades de Medicina, caso contrário não vejo boas perspectivas”, acrescentou.
O acadêmico acrescentou, ainda, um debate crucial durante a sua apresentação, sobre a má formação dos médicos jovens e a ausência do exame nacional de suficiência em Medicina. “É fundamental ter qualificação para exercer a profissão. Hoje em dia precisa ser corajoso para ser médico, porque é uma profissão de risco.”
Para ele, o médico está ao lado da verdade e da preservação da veracidade, e citou também a importância do prontuário médico – confluência de responsabilidade entre o médico e o hospital.
Inconformismo
A substituição da autonomia dos médicos por protocolos gerenciados, na grande maioria das vezes por não médicos – orientados exclusivamente por questões econômicas -, é a grande frustação com a prática médica atual. O índice de reclamações contra as operadoras dobrou entre 2019 e 2023, de acordo com informações apresentadas por Luiz Fernando Pinheiro Franco, que já foi presidente da AMSP entre 2005 e 2006.
“O médico que se submete a honorários vis, indignos da nobreza do seu trabalho, de sua responsabilidade, estabelecido e consensado pelos seus pares, deverá ser levado à barra dos tribunais médicos. Se não nos unirmos para ganhar força política dentro da situação atual, não vamos alcançar nada. Nós, da Academia de Medicina de São Paulo, temos a obrigação de lutar por estas intempéries”, finalizou.
Texto: Alessandra Sales
Fotos: Alexandre Diniz