Cientistas anunciam primeiro embrião humano sintético

Cientistas anunciaram na semana passada a criação do primeiro embrião humano sintético do mundo, usando células-tronco

O que diz a mídia

Cientistas anunciaram na semana passada a criação do primeiro embrião humano sintético do mundo, usando células-tronco – um avanço que, no futuro, pode fazer com que a reprodução prescinda de óvulos e espermatozoides.
O desenvolvimento desse modelo – similar a um embrião humano natural em seus primeiros estágios de desenvolvimento – é uma ferramenta que pode permitir grandes avanços nos mais diferentes campos da Medicina, como o estudo de doenças genéticas e a determinação das causas biológicas de abortos recorrentes.
A professora Magdalena ZernickaGoetz, da Universidade de Cambridge e do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, na sigla em inglês), apresentou o trabalho na última semana, no encontro anual da Sociedade Internacional de Pesquisas com Células-Tronco, em Boston, nos EUA.
O trabalho ainda não foi publicado em nenhuma revista científica, o que deve acontecer nos próximos meses. “Conseguimos criar modelos similares a embriões humanos reprogramando células-tronco embrionárias”, disse em plenária, segundo a BBC britânica.
ÉTICA. O trabalho levanta questões éticas e legais importantes, uma vez que a criação em laboratório de um embrião não está prevista na atual legislação.
Embora a estrutura não tenha coração ou cérebro, ela tem células-tronco que seriam capazes de formar todo o embrião, caso seu desenvolvimento fosse estimulado.
Não há perspectiva a curto ou médio prazo de que embriões sintéticos possam ser usados clinicamente. Seria ilegal implantá-los no útero de uma mulher, por exemplo, e ainda não está totalmente claro se a estrutura continuaria se desenvolvendo para além do estágio embrionário. Embriões sintéticos de camundongos, por exemplo, implantados no útero da fêmea, não levaram a uma gestação.
META. O principal objetivo do trabalho, como explicou Magdalena, é tentar entender o que acontece durante um período do desenvolvimento embrionário que os cientistas chamam de “caixa-preta”. É que, por lei, na maioria dos países só é possível cultivar embriões humanos em laboratório por até 14 dias – justamente por causa de questões éticas.
Depois desse período, os cientistas só conseguem voltar a acompanhar o desenvolvimento embrionário bem mais à frente, por meio de exames de ultrassonografia de grávidas.
Na apresentação feita na conferência, Magdalena explicou que conseguiu cultivar o embrião sintético para além de 14 dias.
“A ideia é que, se você tem um modelo de embrião humano feito a partir de célulastronco, você consegue obter muita informação sobre o que acontece nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário, inclusive o que pode dar errado, sem ter que usar embriões humanos”, explicou em entrevista ao jornal britânico The Guardian o especialista em biologia de célulastronco e desenvolvimento genético Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick, de Londres.
As células-tronco são as primeiras que surgem no desenvolvimento embrionário. É partir delas que linhagens específicas de células são formadas.
Cientistas já sabem há pelo menos uma década como induzir células-tronco a se transformarem em células específicas.

Fonte: O  Estado de S.Paulo