Interesse sobre intestino dispara

O Brasil nunca pesquisou tanto por intestino quanto neste ano, segundo levantamento feito pelo Google Trends e divulgado com exclusividade para a coluna

O que diz a mídia

O Brasil nunca pesquisou tanto por intestino quanto neste ano, segundo levantamento feito pelo Google Trends e divulgado com exclusividade para a coluna. O Brasil também é o terceiro país do mundo com mais interesse de busca pelo assunto nos últimos 12 meses.
Segundo o Google Trends, as pesquisas por intestino triplicaram na comparação dos primeiros quatro meses deste ano (janeiro a abril) com o mesmo período de dez anos atrás, em 2013 (260%).
No último ano, as buscas por doença de
Crohn e colite ulcerosa (ou retocolite ulcerativa), as principais doenças inflamatórias intestinais, cresceram 210% e 220%, respectivamente. Já a pesquisa por síndrome do intestino irritável aumentou 190%. A síndrome do intestino irritável (S1I) é um termo aplicado a uma associação de sintomas que incluem dor e distensão abdominal e alternância de prisão de ventre e diarréia.
“Como soltar o intestino?” é a pergunta mais buscada sobre intestino no Brasil, seguida por “o que é constipação intestinal?”. Mas por que tamanho interesse?
— No consultório é difícil chegar alguém com o intestino normal. Percebemos que quase todos os pacientes têm algum problema ligado ao trato gastrointestinal: intestino preso ou solto, gastrite, azia, problema de digestão —afirma a médica nutróloga Daniela Kanno, certificada em medicina do estilo de vida (MEV), uma abordagem médica baseada em evidências que prescreve a adoção de hábitos saudáveis para prevenir e tratar doenças crônicas. Para a especialista, esses problemas são resultado do estilo de vida.
—Excesso de consumo de carboidratos refinados e produtos ultraprocessados, pouca fibra na dieta, sedentarismo e muito tempo sentado,
que diminui os movimentos peristálticos (contrações musculares que fazem o intestino funcionar) e dificulta a circulação. Sem falar que, do ponto de vista psicossomático, a maioria das pessoas somatiza questões emocionais como estresse, ansiedade e raiva no trato
gastrointestinal.
Vale lembrar que o trato gastrointestinal vai da boca ao intestino: é um tubo só com quase dez metros de comprimento. A seguir, Daniela aponta as principais atitudes para ter um intestino saudável.
Tomar mais água. Sem hidratação não tem como o intestino funcionar bem. Vale a dica de tomar cerca de oito copos ao longo do dia, ter sempre uma garrafinha de água por perto e programar alertas no celular a cada uma hora para beber água.
Aumentar o consumo de fibras. Dados do Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, feito pelo Ministério da Saúde) mostram que os brasileiros consomem três a quatro vezes menos fibras que o recomendado.
E não se trata de tomar suplemento de fibras, mas comer mais alimentos frescos e comida de verdade: legumes, frutas, cereais integrais, feijões, castanhas. A sugestão é comer pelo menos cinco porções diárias de frutas e vegetais e resgatar o arroz com feijão no almoço.
Fazer atividade física regular e levantar mais durante o experiente. De acordo com Daniela, “quanto mais tempo sentado menos o intestino trabalha. As camadas do intestino são formadas por músculos: se a pessoa não se movimenta e massageia esses músculos, eles ficam parados”.
Reduzir o consumo de ultraprocessados (embutidos, biscoito, refrigerante, salgadinho de pacote, pratos prontos congelados). Além de os ultraprocessados terem excesso de gordura, sódio, açúcar e aditivos como conservantes e corantes, eles são pobres em fibras e não têm os nutrientes que o corpo precisa.
—As pessoas perguntam o tempo todo como desinflamar. Não adianta pensar em receitas mirabolantes se não fizer o óbvio, o básico. E o primeiro passo é parar de inflamar, seguindo as sugestões acima. A grande maioria das doenças começa no intestino: inflamou o intestino, inflamou o corpo inteiro, até o cérebro.

Fonte: O Globo.